domingo, 25 de dezembro de 2011

Sintonia

A espuma branca da água
Do mar verde e azul
Em ondas que vem e vão
Ao lado do nosso caminhar
Lava a superfície da areia
Áspera sob nossos pés
Que seguem a passos lentos
Nossos dedos se entrelaçam
E nossas mãos se unem
No frescor matinal
Sentimos o pulsar
De nossos corpos
Banhados no clarão do sol
Que desponta do sul
E nós aqui embalados
Na sintonia do amor perfeito

domingo, 18 de dezembro de 2011

Vida moderna (Parte final).

Renato sentiu que seria no mínimo de dois dias de cara feia e o jeito era ficar quieto até que passasse a raiva da esposa. Restara cuidar da poeira e dos jarros de planta que ficavam na área.
Passado um dia sem conversa e telefonema, Renato sai do banho de pijama, a noite estava fria e chuvosa. Isabel estava sentada no sofá com uma bandeja no assento do lado e um copo de refrigerante e um pacote de biscoitos, o computador sobre as pernas. Renato no sofá em frente com o computador sobre o braço do sofá e um copo de refrigerante na mão, o silêncio só era quebrado ao som da televisão ligada na novela das sete. Renato resolve mudar de tática, abre seu email e começa a digitar:

Boa noite

Em função do seu silêncio, tomo a liberdade de colocá-la a par dos últimos acontecidos, passei no banco e peguei a papelada para dar entrada do financiamento do apartamento, a entrada exigida de 25% já está na nossa poupança conjunta, a parte que faltava depositei hoje com a comissão das últimas obras fechadas que o seu Mário me passou hoje, espero que em um mês tudo esteja fechado.

Sem mais, S A.

Apertou a tecla de enviar e ficou esperando a reação dela por baixo dos olhos.
Isabel olhou assustada abaixando a cabeça e dando continuidade na leitura disfarçadamente e começo a escrever:

Boa noite

Espero que tudo corra bem e que você me leve junto da próxima vez, este momento é nosso e eu quero participar, eu fico feliz pelas comissões.

S A

Enviou e ficou com um olho na televisão e outro no marido.
Renato leu e escreveu outro:

M A

...estou com sono, vou dormir não se esqueça de me avisar de manhã para dar comida ao Nick.

S A

Ela respondeu:

M A...vou depois tenho que fechar um pedido de manutenção para amanhã cedo, quanto ao Nick não se esqueça de lavar o aquário amanhã, senão ele vai morrer nessa água poluída.


Renato juntou as coisas passou pela cozinha deixou o copo da pia e seguiu para o quarto.

O dia amanheceu a rotina não havia mudado, ele toma seu banho e após se vestir vai a cozinha preparar a mesa do café quando ela se prepara, ele senta-se à mesa e já abre o computador e já tinha uma mensagem:

Bom dia

Antes de sair dá para pendurar a toalha na área e dê comida ao Nick, também não se esqueça de colocar as roupas usadas no cesto.

Nesse momenta Isabel senta á mesa, ele olha pra ela e diz.

- Dá pra gente parar de falar por email?

- Só vou parar porque tenho que te mostrar um site de uma fábrica de móveis que eu quero visitar junto com você. Falou rindo.

- Temos que ir ao banco no máximo até amanhã e a gente aproveita e vai depois. Respondeu Renato.

- A Verinha já se prontificou a fazer o projeto da sala e do quarto de graça pra gente, temos que convidá-la para almoçar no fim de semana. Falou Renato.

A seguir guardaram os ingredientes do café na geladeira, roupas na área, comida para o Nick e seguiram para o trabalho.

Renato entrou na pequena cozinha e o pessoal já estava a conversar e vendo-o entrar já perguntaram:

- E aí, já fez as pazes?

- Esta tudo bem, hoje pela manhã a gente voltou a conversar e cancelamos os e-mails e por certo a greve também acaba hoje à noite. Falou rindo.

O pessoal bateu palmas e deu um “aí moleque” pra ele.
Isabel senta a mesa com duas amigas para o almoço e ajeitando a bolsa numa cadeira, fala:

- Comigo é assim pisou fora tem greve de tudo inclusive som, mas um detalhe pra vocês nas nossas trocas de emails a gente assina como M A (meu amor) e S A (seu amor)

- Que briga é essa, meu Deus? Fala uma amiga.

- Por mensagem é assim com amor, gente eu não posso tirar toda a minha hora de almoço terei que sair mais cedo ele está me esperando no banco.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Vida moderna (Parte 1)

A sala era integrada com a cozinha, o pequeno apartamento de dois quartos tinha apenas dois sofás de dois lugares e um aquário com pequenos peixes.
No Box do banheiro por trás a cortina um corpo masculino a tomar banho, o relógio sobre a pequena pia maçava seis e quinze e aberto sobre a bancada um notebook e na tela um site de negócios e ações da bolsa.
Sobre a cama um corpo feminino estendido meio que largado sobre a cama enrolado por um lençol somente com os pés descobertos e o braço direito caído para fora da cama, mão meio que perdida procurava no teclado do notebook o botão de acionamento da máquina, mas tudo com a cabeça coberta pelo lençol.

O rapaz de nome Renato saiu do banheiro enrolado na toalha e vai direto para o quarto abrindo o guarda-roupa e nesse momento a moça levanta e pega a toalha e vai em direção ao box do banheiro.
A água já estava fervendo dentro da cafeteira sobre a pia, ela senta e abre um iogurte, passa manteiga em alguns biscoitos, ele coloca a jarra de café sobre a mesa, beija-a sobre os lábios e diz:

- O que tem de importante hoje. – pergunta Renato.

- Tem uma reunião com o seu Saulo, apresentar o projeto e avaliar, só que detesto reunião por áudio, não dá pra ver o verdadeiro semblante de cada um do outro lado.
- E você que tem? – pergunta Isabel.

- vou almoçar com um cliente, uma nova construção no Leblon, hoje a gente fecha e se tudo correr bem em breve a gente pode pensar no financiamento do apartamento.

Neste momento com movimentos sincronizados, os dois guardam os notebooks nas mochilas, celulares nos bolsos e já na porta ele grita espera, tenho que dar comida pra Sansão o pequeno peixe morador do aquário da sala que escondido entre pedrinhas no fundo parecia que adormecia.

O carro saiu da garagem e quando o portão ainda se abria Isabel dava um bom dia com as mãos em aceno ao seu Vicente o porteiro.
O carro pára em frente a construtora, eles se despedem com um beijo rápido, Renato desce do carro entrando no prédio e Isabel segue pelo trânsito.Renato chega no escritório e como toda manhã os amigos se reúnem para tomar café numa cozinha pequena ao fundo do corredor onde o papo é colocado em dia e rola as fofocas. A Márcia como sempre fala das peripécias da filha de três anos que fica com a sogra durante o dia, o marido um gordo chato trabalha na telefônica e liga pra ela o dia todo.
O Jorge um negão, quarentão, solteiro que está sempre namorando, mas que ninguém viu a moça nem em foto e uns dizem que o cara leva jeito enrustido, mas sem dúvida é o melhor projetista do escritório, a arquitetura está no sangue, estagiou no escritório do Niemeyer.

Todos sempre tinham alguma coisa para contar, Renato comentava os problemas de casa e de casado, após quase dois anos de namoro, ele no último ano da faculdade conheceu Isabel que também esta se formando em informática, foi um namoro muito corrido onde os dois estagiando, estudando e no fim de semana ele para Petrópolis ela para Campos, às vezes ficavam no Rio e outras semanas intercalavam para a casa dos pais.
Quando efetivados resolveram alugar um apartamento dois quartos e juntar as coisas, mas para não chatear as famílias de ambos casaram-se só no cartório e ofereceram um jantar só para poucos parentes num salão de festas ali em Botafogo e desde então estão num corre-corre da vida cotidiana em busca das realizações de um jovem casal.
Mas o assunto no café como sempre eram os mesmos e Renato reclamava que Isabel se esquecia de pagar a conta de luz ou água, sempre causando correria na virada do mês. No fundo a culpa não era só dela é que Renato por ser com as coisas de casa desde o início do relacionamento, esta tarefa de contas era de Isabel, as compras em geral estavam sobre a responsabilidade dele, pois ela detestava fazer mercado.

O telefone toca e Renato atende, era Isabel:

- A que horas você vai sair?

- Vou sair um pouco mais tarde, pode ir que eu vou tomar um chope com o pessoal. Responde Renato.

Isabel desliga o telefone, já conhecia a história, toda terceira semana do mês o pessoal saia para um barzinho, ela não tinha nada contra é que Renato sempre bebia além do normal e isso a incomodava. Toda quarta-feira era o dia da faxina na casa, colocar roupas na máquina para lavar e preparar algumas comidas em potes e colocá-las no congelador, coisas da vida moderna de um casal que tem pouco tempo e dinheiro para contratar uma empregada numa cidade grande como o Rio.

A porta do apartamento abre devagar, Renato coloca a mochila sobre o sofá, ouvia-se um ruído de máquina trabalhando e água caindo na pia da cozinha, chegou à porta:

- E aí, tudo certo?

Ela olhando pra trás com a cara fechada.
- A farra foi boa, já é tarde.

- Que é isso, é oito e quarenta da noite. Responde Renato.

- Você sabe que hoje é quarta feira poxa, eu sozinha pra fazer tudo. Reclama Isabel.

- Não pode dizer que eu não te ajudo, quem limpa a casa, os móveis, faz mercado, agora eu não sei fazer comida, lavar roupa, acho melhor a gente parar por aqui, estamos brigando por nada, o que tem pra eu fazer.

- Nada mais, já estou terminando, só falta a comida essa eu preparo, vá tomar banho.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Meu amigo Airton Gavião.

Na vida conhecemos muitas pessoas, algumas ficam outras passam, mas tem aquelas que passaram e deixaram recordações.
Foi o caso do meu amigo Airton Gavião vindo de uma família tradicional se não me engano da cidade de Bananal interior de São Paulo com quem convivi apenas oito meses. Figura extraordinária administrador de profissão e cantor de seresta de coração e nos meses que convivemos um romântico apaixonado.
Na época 1979 eu lia muito, mas não escrevia e um dia o Airton entrou na nossa sala onde eu e meu amigo Ivison trabalhávamos, sentou na minha frente e disse que precisava conversar, havia se separado a pouco mais de um ano e estava gostando de outra mulher e pediu minha opinião se enviaria flores mas que não conseguia escrever um cartão ou dar um telefonema, imaginem um cara de dezenove anos diante de um senhor com mais de quarenta que lhe pedia conselhos românticos. Minha opinião foi de enviar flores e que eu poderia tentar escrever o cartão, peguei papel e caneta e de primeira escrevi:

Bom dia

Desculpe-me a audácia, mas as flores são para florir seu amanhecer.

Do seu admirador Airton Gavião”

Ele ficou fascinado com o bilhete leu várias vezes e saiu com o papel na mão e disse que na hora do almoço iria à floricultura.
Daquele dia em diante eu fui sua caneta cheguei a escrever várias cartas com ele do meu lado fazendo o papel de crítico, explicava o que queria dizer e eu traduzia moldando as palavras.
O tempo foi passando e ele me dava convites de entrada para a seresta de sexta-feira dia em que ele Airton cantava. Numa noite eu cheguei lá pelas onze e ele que estava no palco e me vendo me cumprimentou com um aceno e no fim falou meu nome para todos ali escutarem e me chamou de amigo e fazendo uma pausa me puxou para uma mesa e me apresentou sua bela amada e entendi sua alegria naquela noite é que ela havia aceitado acompanhá-lo na seresta e me apresentou não só a ela, mas a outras pessoas que estavam ali como o Prefeito e outras figuras importantes da cidade e ficamos conversando e penso que ela jamais soube da ajuda que dei ao Airton.

O que aconteceu nas semanas seguintes o Airton montou casa e se juntou e veio a gravidez e depois vieram os gêmeos. Eu mudei de emprego e às vezes aparecia lá na seresta pra ver meu amigo cantar, era uma boate pequena ali no Ilha Clube situado numa pequena ilha no meio do Rio Paraíba em Barra Mansa. E por vezes a gente se encontrava nas calçadas da cidade, ele Airton, sua mulher e os gêmeos e fomos nos encontramos cada vez menos porque fui trabalhar em outra cidade. O tempo passou e num sábado encontrei meu amigo Ivison e ele me deu a triste notícia da morte do Airton Gavião que havia sofrido um infarto fulminante, fiquei triste e nunca mais escrevi cartas ou cartões para outro amigo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Reencontro

Ontem
Ao cruzar uma rua
Ouvi chamarem meu nome
O som
Viajou no beco estreito
Onde a voz grave ecoou
Ao avistar
Encontrei um rosto sorridente
Atrás de lentes de grau forte
Viajei
Busquei no passado o presente
Um amigo do tempo “adolescente”
Passos
A curta distância entre nós
Trouxe-me sábados
Dias
Sem culpa, sem medo, sem tempo
Abraços, alegria, cumprimentos
Poesia
Encontro sobre um sol de tarde
Palavras gentis de um tempo feliz

sábado, 29 de outubro de 2011

Passados

Vivia passada, a lembrança
Situação, condição, mutilação
Não se apega ao outro, a tantos
Nunca um encontrar de mãos
De olhar, de sorrisos
O tempo, esse que disfarça
O girar do sol e da lua
Que nos abandona ao léu
E nos faz esquecer faces
Sonhos que o mundo mata
Mas que numa manhã sombria
Sobre o orvalho da noite
Descem pingos de lembranças
Tão passadas como a lira
E faz renascer ao fundo
A perdida ilusão
De ter vivido o maior
Dos amores distantes

domingo, 23 de outubro de 2011

O furto (Fim)

Onde o delegado Matias amigo de seu pai
Passava o dia, semanas e meses a ler jornal
O pai não entendeu nada sobre o pedido
Mas acompanhando a filha a passos largos
Entrando no escritório foram atendidos
Pelo delegado quando Maria Isabel anunciou
Que queria fazer uma denúncia
O policial mandou chamar o escrivão
E perguntada qual seria a denúncia
“Que roubaram o meu coração”.
E ela conhecia o culpado pelo furto
O pai e o amigo delegado assustados
Por segundos não sabiam que ação tomar
Trazidos a realidade pela voz da menina
Que insistia em fazer a denúncia
Foram minutos de debates sobre o tema
Para o delegado era uma denúncia descabida
Era melhor que esquecesse o rapaz de vez
Mas Maria Isabel insistia em registrar
“O roubo do seu coração”.
Assim foi feito e levado o caso ao juiz
Da cidade vizinha que marcou a audiência
No dia e hora lá estava Maria Isabel
O juiz após ler a denúncia, perguntou
O que a menina esperava com aquilo
Ela disse que queria que ele viesse depor
Que passasse vergonha perante os todos
E que pedisse desculpa em público a ela
Que isto lhe servisse de lição por enganar
Uma pessoa de coração puro e sincero
O rapaz foi chamado para depoimento
Com ele veio os pais e um advogado
O caso se arrastou por quase seis meses
Tomou proporções extras municipais
Apareceram alguns jornalistas na cidade
Maria Isabel deu algumas entrevistas
E então foi marcado o julgamento
E depois de duas horas de debate
O resultado foi lido pelo juiz da cidade
Aldo foi condenado a fazer uma nota
Onde pedia desculpas em público
E publicada em todos os jornais da região
E pessoalmente teria que ir casa da família
E pediria desculpas a toda a família
Assim foi feito pelo rapaz e seus pais
O caso ficou conhecido como: O furto do coração.

Fim

domingo, 16 de outubro de 2011

O furto (capítulo 2)

A novidade agora era a filha do farmacêutico
Que estava de namoro com o rapaz da cidade
Com um futuro promissor de médico
Então veio o segundo dia e mais conversas
Por longas tardes na sorveteria ou no portão
E passeios de bicicletas e por fim o beijo
Que selou o namoro e aprovação da família
Com um jantar na casa da namorada
Onde questionaram a vida do estudante
Durante três semanas correu a maravilhas
E a saudade começou antecipadamente
A bater no coração de Maria Isabel
E assim Aldo partiu, acabaram as férias
E trocas de cartas e telefonemas semanais
Promessa de visita no próximo feriado
O que não aconteceu e cessaram as cartas
E os telefonemas foram diminuindo
E Maria Isabel triste pelos cantos
Nas noites de insônias passava chorando
Preocupava a família pelos acontecimentos
Os dias passavam e a tristeza a abatia
Os amigos vinham na tentativa de animar
Mas nada afastava a depressão da menina
E numa manhã Maria Isabel chamou o pai
E pediu para que a acompanhasse à delegacia

domingo, 9 de outubro de 2011

O furto (capítulo I )

A pequena cidade conhecia a alegria
De Maria Isabel menina prendada
Filha única do farmacêutico Jonas
Passou toda a adolescência esperando
Um amor, puro, verdadeiro e duradouro
Uma grande festa para a sociedade local
Foi dada para comemorar seus dezoito anos
E nesta festa compareceram
Vários rapazes amigos de infância
E que sempre cortejaram a menina
Um dos amigos trouxe um primo Aldo
Vindo da capital estudante de medicina
Chegou à cidade um dia antes da festa
Passaria três semanas de férias
Maria Isabel dançou com todos os amigos
E por último o novo amigo visitante
Em três minutos de dança conversaram
E um encontro na sorveteria da praça
Foi marcado para domingo à tarde
A espera foi longa por toda a manhã
O encontro tímido num sorriso
A conversa girou na curiosidade dos dois
Sobre a vida e os gostos de cada um
Ele falou um pouco mais que ela
Viver numa pequena cidade como aquela
Onde poucas coisas se passam despercebidas

sábado, 24 de setembro de 2011

Amor clandestino

Hoje ao acordar senti tua falta
È normal num amor clandestino
Distante grande parte do tempo
Amor esse proibido, regado a falta
Por vezes indiferente, amor, desamor
Que parece não ser correspondido
Que meu coração insiste em viver
Um falso amor e transforma solidão
Em prisão, este que não saí do peito
Amor que dói, amor de pecador.

sábado, 10 de setembro de 2011

O lar do meu amigo

É uma casa pequena
Quarto, sala e cozinha
A cozinha em porcelanato preto
Interessante não tinha visto
Tudo certinho e arrumadinho
Foi um almoço e tanto
Comida leve e saborosa
Há que valorizar sua mulher
Tudo de bom na pequena casa
A casa do meu amigo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nas nuvens



Sobre as nuvens
Talvez tenham anjos
Seres celestes
Almas perdidas
O negro do infinito
Aviões, naves...
Pássaros, extraterrestes
Mas nas nuvens
Estão meus pensamentos

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ousada

Atravessei à calçada, ia de cabeça baixa.
Ele com seu corpo exprimido entre a multidão.
Nem houve tempo de desviar do choque inevitável
Em meio da multidão. O pedido de desculpas ao abaixar
...para pegar a bolsa que se lançara ao chão.
E eu mais ousada vi que era o momento da minha vida.
Apresentei-me e passei meu cartão, e sem pudor falei
...se poderíamos nos falar outra vez.
Ele sem entender bem o que estava acontecendo sorriu
...diante do que se ofertava a sua frente entre uma multidão,
...correndo de lado para outro.
Sorriu pegou o cartão e entre esbarrões falou
...que não tinha cartão, mas tinha o celular.
Anotei e com a promessa que a noite me ligará.
Saímos em direção opostas, seguindo o fluxo da multidão.
Entrei no apartamento e já fazia vinte horas.
Joguei a bolsa e pastas sobre o sofá,
...entrei no banho deixando roupas espalhadas pelo corredor.
Abri o chuveiro e toca o celular, saí enrolada na toalha.

(Ela) - Alô.
(Ele) - Alô pode falar?
(Ela) - Acabei de chegar, eu ia tomar banho.
(Ele) - Desculpe-me ligo mais tarde.
(Ela) - Não, o banho pode esperar.
(Ele) – Meu nome é Luiz, Luiz Pereira, o seu é Laura, o cartão...
(Ela) – Nem sei como me atrevi daquela maneira, foi uma loucura.
(Ele) – Eu gostei da sua atitude, o mundo está cheio de gente certinha, você é ousada,deve ser ótima no que faz.
(Ela) – Sou promotora de shows.
(Ele) – Com artistas?
(Ela) – Sim, gente da música e você?
(Ele) – Médico cardiologista pode jantar amanhã?
(Ela) – Melhor, eu tenho um show amanhã, tenho convites, Roberto Carlos aceita?
(Ele) – Claro, pode me passar seu endereço?
(Ela) – Sim anota amanhã as nove.
(Ele) – Assim que eu chegar aviso.
(Ela) – OK! Fica assim então.


Jornal das sete dois dias depois.

“Encontrada morta a facadas a promotora de eventos Laura Falsim, suspeita de agressão sexual, sem pistas até o momento.”

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Tempo

A esta altura
Penso mais
Culpo-me mais
Arrependo-me mais

Estou me dando conta
Que me passou
O tempo
A febre
A gana

Só não me tomou o tempo,
a esta altura, os meus sonhos...

sábado, 18 de junho de 2011

Um sonho de morte

A imagem com que me deparei ao abrir a porta da casa que ia dar na edícula nos fundos do quintal foi arrepiante, um corpo boiando sobre as águas da pequena piscina. Ao me deparar com a cena meu corpo quis voltar, mas a curiosidade foi mais forte, eu tinha que ver o rosto do homem que boiava. Não havia sangue misturado com a água nem pelo chão ao redor da piscina, o corpo estava encostado na borda da piscina entre a parede e a escada que brilhava exibindo seu inox cor de prata, peguei uma vassoura que estava perto da porta e por nojo ou medo não coloquei a mão no corpo e utilizei a vassoura para virar o corpo. Levei um grande susto, pois o rosto era o meu e então me lembrei que eu morri de xxx ao nadar numa piscina cheia de cubos de gelo.
Virei-me e saí correndo, fechei a porta da casa, meu filho de cinco anos me apontava o teto onde meu corpo estava pendurado, um alarme dispara na minha garagem pego uma arma sobre a estante e saio na varanda de arma em punho, minha mulher implorando para eu voltar, no escuro vejo dois homens encapuzados, ladrões certamente caminho rápido e quando chego perto do carro grito de arma apontada e já não são mais bandidos e sim dois policiais e rindo de mim dizem para que eu atire neles, apontei a arma e puxei o gatilho algumas vezes, mas todos os disparos falharam. Os policiais ainda rindo me deram ordem de prisão e passei de vítima a bandido, corri pela rua e por muito tempo, cheguei numa ponte que dividia a cidade ao meio e vendo os veículos em minha direção tomei uma decisão e pulei no rio mesmo sem saber nadar.
E no fundo do rio na tentativa de voltar à superfície vi um corpo que passava por mim, o turvo da água não me deixava ver a fisionomia do corpo, então nadei um pouco para mais perto e novamente era meu corpo, mas desta vez o corpo era o meu e eu não estava nele. Senti um terror enorme e comei a gritar de medo, de repente uma luz forte e clara entrou na minha retina me deixando cego e uma voz ao fundo que pedia calma e quando meus olhos se acostumaram com a luminosidade vejo minha mulher ao meu lado assustada, entendi que era mais um pesadelo.

sábado, 28 de maio de 2011

O futuro

O menino hoje,
...menino
Vive descalço
Com o olhar
Voltado para o céu
A procura de pipas
...voadas
Não sabe que o futuro
...o futuro vem voando.

domingo, 1 de maio de 2011

A foto

O sorriso fixo
Braços dobrados
Ao redor da cintura
Pernas cruzadas
Sobre sandálias de tiras
Alguns segundos
Minutos e se repete
Forma de estatueta
O brilho no rosto
Sob o clarão do sol
Não pisca, não respira
Momento eternizado
Nela a idade
A rua, a pele
A roupa da moda
Um dia no futuro
Lembrará do amor
Que viveu por trás
Da foto...

domingo, 17 de abril de 2011

Lagoa Santa

Eu caminhei por horas
Às margens da sua lagoa
Senti o vento frio
Que corre pela planície
Que a lua reflete
Sobre o espelho
Das suas águas
Vi capivaras pastando
Ouvi canários da terra
Entoando cantos sem fim
Busquei inspiração
No cheiro e na cor
Das suas águas
Que misturadas
Ao calcário, mineral
Que brota do fundo
Do seu solo azul turquesa.

sábado, 9 de abril de 2011

Apelo

Ao meu apelo
Ela irá me responder?
No meu peito
Bate aflito um coração
Que palpita acelerado
Em plena taquicardia
Onde veias saltam
E meu sangue
Confunde-se
Entre rios de adrenalina.
O meu incerto futuro
Depende do seu sim
Minha alma grita amor
Meu corpo implora paixão
Minha pele transpira ilusão
Ao meu apelo
Responde-me um “não!”

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quarta-feira de cinzas

Quarta-feira de cinzas

É carnaval
Lá fora chove
O céu está cinza
O asfalto é úmido
A água escorre
Em direção aos bueiros
Carregam o brilho
Da serpentina
O adereço do folião

Já é quarta-feira de cinzas
Lá fora chove
A alegria passou
Os sonhos foram vividos
A que voltar a realidade
Outros ainda viverão em sonho
Por não ter o original
É quarta-feira
Lá fora chove
Cinzas de sonhos.

domingo, 20 de março de 2011

Hoje é seu dia Poesia.

Hoje é o seu dia
Menina poesia
Que sempre se inova
Está presente
Por todos os cantos
Onde se encontra
A palavra escrita
A falada, a cantada

As encontramos nos saraus, nos teatros
Bares e livrarias
Nas escolas, nas praças
E ao ar livre

Menina Poesia
Tu és exaltada
Por todos os poetas
Os imortais
Os amadores, os leitores
Poesia
...teu nome é amor.

terça-feira, 1 de março de 2011

A morena (do beco do café).

O morro se vangloria
...do seu samba
...do seu batuque
...do seu amanhecer.

Mas a maior jóia
Do morro
É a morena
Do beco do café

A cabocla tem
...samba no pé
...na cintura
...no gingado.

O morro se vangloria
...da sua raça
...da sua gente
...da sua cor
...jambo
...negra de ser.

Mas a maior jóia
Do morro
Ainda é a morena
Do beco do café

No sábado à noite
O morro não pára
Enche-se de gente
Na quadra da escola
Todos em coro
Aplaudem o rebolado
Da morena a sambar

E a maior jóia
Do morro
É a morena
Do beco do café
...a sambar.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Seus lábios

Se tem algo lindo
No teu rosto em você
São seus lábios
Eles me convidam
A mil beijos
…meu céu!

São lábios sensíveis
Uma corola simpétala
De uma rosa vermelha
Estes sim,
Marcaram o meu coração
...meu céu!

Nem Angelina, nem Cameron
Me fariam ver o céu
Como seus lábios de mel
Beijar-te
É prova da minha paixão
…meu céu!