quinta-feira, 25 de março de 2010

Confições de um peregrino I (conto fictício).

Quando eu tinha sete anos, sonhava em sair pela rua e andar, andar e andar...
Um dia saí pela calçada da minha casa e fui andando até a esquina e como passavam carros grandes e rápidos, voltei correndo de medo para casa e por alguns dias não me atrevi sair do portão para fora.
Ganhei uma bicicleta e ficava na calçada vinte metros pra lá e vinte metros pra cá, de bicicleta não podia ir muito longe. Mas depois já acostumado com a esquina resolvi andar um pouco mais, entrei numa nova calçada, então pude descobrir coisas novas, a casa grande e velha do tal senhor Manoel que morava sozinho e tinha uma coleção de carros antigos, a próxima casa era de um artista de televisão minha mãe dizia que só poderíamos vê-lo nas férias de julho e que ele mesmo gostava de cortar a grama do quintal.
Na próxima esquina já dando volta no quarteirão havia uma padaria onde meu pai comprava pão, mas eu nunca tinha adentrado naquele ambiente eu sempre ficava dentro do carro esperando, pude sentir o gosto de todas aquelas guloseimas nas vitrines coloridas.

- Quando tomei conta estava tão longe, já me parecia outro mundo, mundos estes que um dia eu iria desbravar e retornei correndo até o portão da nossa casa, satisfeito com a peregrinação na quadra do meu bairro naquela manhã.


Setembro/09

sábado, 13 de março de 2010

A lei do chefe.

Numa região da África tinha um vilarejo pequeno e seus habitantes descendentes de uma tribo. As famílias viviam da plantação de mandioca, milho, cana de açúcar e variedades de frutas e verduras.
Suas crianças passavam o dia a brincar e os maiores ajudavam seus pais no campo, o trabalho era duro todos os dias.
Por vezes toda a colheita se perdia devido à invasão de grandes elefantes.
E por lá chegou uma senhora e outros jovens missionários que vieram para trabalhar na vila com o objetivo de ajudar na melhoria da qualidade de vida e educação das crianças e adolescentes.
Entre todas as ações que foram iniciadas, a escola foi a maior obra e que deu mais trabalho, também a mais concorrida para as crianças.
No fim de semana os missionários foram chamados na tenda do chefe e este anunciou que as turmas seriam limitadas e saindo da tenda chegou perto de uma árvore e fez uma marca de mais ou menos um metro de altura. O que ele explicou é que só as crianças de altura no máximo até a marca na árvore poderiam assistir às aulas e aprender a ler.
Houve um grande debate sobre o assunto em questão com o chefe e ele não aceitou o ponto de vista das missionárias e dando fim à reunião o chefe mandou que todos fossem embora e que acatassem suas ordens.
E quando foram saindo da tenda do chefe guiados por um auxiliar questionaram mais uma vez a questão e o auxiliar explicou:

- O chefe não sabe ler e nem escrever, mesmo que as crianças que tenham até um metro aprendam ler e escrever, só podendo tomar o lugar do chefe após sua morte quando este já estiver muito velho. Já os adolescentes acima de um metro colocam a liderança do chefe em risco, pois podem em poucos anos convencer os habitantes da tribo que o chefe não serve para comandar a tribo porque não tem novas idéias. E assim os missionários aceitaram a conclusão feita pelo auxiliar do grande chefe.


S4909.

terça-feira, 9 de março de 2010

Ah! Verão

Rio de Janeiro verão
Com seu sol reluzente
De calor incandescente
E céu azul límpido
Do caminhar pelas calçadas
Avenidas e lagoas
Das bicicletas e corridas
De morenas e loiras
De peles douradas
De sensualidades afloradas
Das marquinhas brancas
Das alças dos biquínis
Do vestido tomara que caia
Mulheres cariocas...
Mistura de tupiniquim e áfrica
Meninas do samba e carnaval.
Rio de Janeiro, terra do verão!

Fevereiro/2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Fazedor de milagres (Homenagem ao artista)

Mistura de ciência e arte
Mãos abertas e criativas
Que curam todas as feridas.
Para os que por volta necessitas.

Sobressaindo ao corpo sofrido,
Você analisa o espírito, a alma,
E divaga em gotas, definindo.
A paz precisa com a calma.

Você conhece as medidas perfeitas
da natureza, do ar e da beleza.
E consulta a Deus as suas dúvidas
Quando por fim não tem certeza

A sua obra caminha, brinca, viaja
Faz o amor, dorme, acompanha
E a mulher que por ela atingida
Certamente, encontrarás mais vida.

A sua bandeira diz “Ordem e Progresso”
No seu olhar, espelha a coragem e o sucesso.

Você tem duas pátrias
Brasil, a terra que o viu nascer.
Onde você brincava e nadava
Sob o sol, nos riachos ao entardecer.

A outra esta terra sorridente.
Orgulhosa do filho agregado
Leve o México na sua alma
E os amigos aqui conquistados.

Artista de obras magníficas
A sua arte não ficará ao léu,
sozinha, na quietude das salas
E sim, exposta aos olhos do céu.

Todos admiram as suas cores
Nas ruas, nas galerias e passeios.
Pintor, escultor, poeta de amores.
Regala vida, alegria sem rancores.

Por que é que você mora na ilha dos desejos?
Se o desejo mora em você, fazedor de milagres!

Junho de 2009

Escrito em parceria com Raio – México.