quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sinatra no sítio do seu Queiroz - III

Visita a propriedade

Seis horas da manhã a mesa já estava preparada com uma variedade de queijos, bolos, pães, doces e o café com leite fresco. D. Helena estava radiante e o sol já brilhava no horizonte e só por volta das oito horas os hospedes chegaram à sala e ficaram conversando a espera da presença do artista. Sinatra chegou elogiando o sol, o ar puro e a mesa do café.
Terminado o café todos esperavam que partissem, mas para surpresa de todos Sinatra pediu que seu Queiroz apresentasse a propriedade e gostaria de fazê-la a cavalo. Uma pessoa da fazenda foi chamada para preparar os animais, meia hora mais tarde Queiroz, Sinatra e o latino partiram em direção ao lago que ficava na parte baixa e onde se criava tilápias, por três horas visitaram o curral, as baias dos cavalos, porcos e ovelhas.
Sinatra ficou fascinado com o canto dos pássaros, principalmente dos canários da terra que pastavam no piso ou nos coxos de farelo onde comiam o gado.
Percorreram toda a extensão da fazenda e perto do meio dia retornaram a sede, nesse tempo o piloto fez contato com a torre no Rio passando a posição da aeronave. O almoço se estendeu por duas horas e Sinatra estava alegre havia tomado várias branquinhas como diz o pessoal lá em Minas e perguntou se poderia abusar do Queiroz e ficar por mais um dia o que foi recebido com muita alegria por D. Helena. Sinatra ficou curioso pela produção da cachaça e sentados na varanda ele contou um pouco da infância e do início da carreira. Queiroz contou que havia um empregado o António que tocava uma viola e era um bom cantor de moda nas noites de luar, Sinatra quis ouvi-lo e conhecer-lo, Queiroz pediu que fossem buscá-lo e minutos depois António chegou com sua viola surrada meio vergonhoso por estar entre gente importante, mas tocou e cantou para os convidados do seu Queiroz. Sinatra cantou “My Love” sem acompanhamento, pegou a viola e até tentou alguns acordes orientado por António que sem saber da importância do homem que estava sentado a sua frente tentando tocar na sua viola surrada. Naquela tarde com a Rural saíram em direção ao sítio onde se fabricava a cachaça “Seu Queiroz” uma marca que completava quase cem anos e tinha qualidade. Passaram por alguns sítios, o veículo por várias vezes foi parado para trocar uma palavra até a chegada ao Sítio Boa Esperança, um casarão antigo e um galpão grande e moderno. Era uma produção bem manual tocada por cinco funcionários, somente a parte do engarrafamento era automatizada por algumas máquinas modernas. Sinatra passou quase duas horas na propriedade, caminhou pelo canavial, acompanhou toda a produção, visitou a Adega provando algumas doses e ao final da visita Queiroz os presenteou com uma caixa especial com duas garrafas de uma safra especial 1950, no retorno a fazenda pararam no bar do seu Duca, uma mercearia pequena onde podia se encontrar fumo de rolo a câmara de pneu de carroça, os gringos foram apresentados e é claro que ninguém reconheceu os visitantes tomaram café quente com bolinhos de chuva. Entraram pela grande sala o relógio já marcava dezoito e trinta da tarde o jantar foi bem divertido, Sinatra contou que viu uma pessoa entrar na mercearia e fazer compras sem descer da bicicleta, que seu Duca falava sem parar, eles conversaram um pouco na varanda, Sinatra comunicou que pela tarde do dia seguinte iria retornar ao Rio de Janeiro, seu Queiroz e D Helena agradeceram a presença do artista na sua fazenda mesmo que tivesse sido por uma coincidência, mas que as portas estavam abertas para ele e os amigos sempre. Sinatra elogiou tudo e agradeceu ao casal e quis falar com o empregado António o violeiro, foram chamá-lo e como sempre chegou meio tímido, Sinatra o cumprimentou e levando a mão ao braço esquerdo retirou um relógio de ouro do pulso e ofereceu ao violeiro e disse que era um presente pelo momento musical que lhe havia proporcionado na noite anterior e que jamais esqueceria os dias de convivência junto a todos.