sábado, 4 de julho de 2009

Manhã de inverno

Ele acordou às cinco da manhã e rolou por 10 minutos na cama, mas levantou-se devagar. Foi ao banheiro, lava o rosto com a água fria naquela manhã de inverno de 30 de Junho, retornou ao quarto e sem fazer barulho, trocou de roupa procurando não acordar Eva, pois a mulher havia acordado no meio da noite para amamentar o pequeno Edgar o caçula de três filhos.
Trocado de roupa foi à cozinha esquentar o leite, o café estava na garrafa térmica, à mulher havia feito após o jantar.

Quando o leite esquentava foi até a estante da sala e pegou a conta da água e a conta de luz para pagar na hora do almoço numa loteria perto do trabalho. Era pedreiro e já estava a quatro anos na empreiteira, hora trabalhava perto de casa outra longe, voltou à cozinha rápida e desligar o fogão antes que o leite pudesse subir e sujar o fogão outra vez como acontecia sempre.
Sentou a mesa e passou margarina com gosto nos dois lados do pão de sal dormido, ao mesmo tempo preparou mais um pão e enrolou num saquinho plástico, seria para o café das 10 horas, afinal o desgaste era grande. Comeu o pão e bebeu café com leite meio que tremulo de freio, afinal era uma manhã fria de inverno.

Terminado o café arrumou a mochila e foi na área dos fundos da casa e tirou a bicicleta do quartinho de bagunça e a levou para frente da casa. Voltou para os fundos, entrou na cozinha e fechou a porta e voltou para o quarto, beijou o pequeno Edgar e também Eva, ela meio que dormindo deu um bom dia e voltou a dormir. Passou no outro quarto e beijou os dois meninos e ajustou o cobertor sobre os meninos, passou pela sala saiu e fechou a porta e em seguida o portão.

Ajeitou a mochila nas costas e saiu pedalando a bicicleta pela rua de terra dobrando a esquina, seriam dez minutos até a BR onde pedalaria cerca de 20 minutos até a entrada do parque industrial onde estava prestando serviço. Pedalou um pouco forte na subida para a BR, entrou no asfalto liso e novo, seguiu pelo canto da pista lado a lado com a faixa branca da pista que só avistava por dez metros a frente devido à neblina, só se via uma nuvem branca a sua frente e pela parte de trás. Os veículos passavam na velocidade máxima, dois minutos mais tarde António não pode perceber uma luz forte e em seguida foi arremessado a mais de oito metros de distância.

Polícia, ambulância e curiosos, o sol já estava nascendo e duas horas depois Eva chegava junto ao corpo desesperada com os três filhos e reconhecia o corpo estendido no asfalto. António morreu em 30 de Junho numa manhã fria de inverno.