domingo, 25 de dezembro de 2011

Sintonia

A espuma branca da água
Do mar verde e azul
Em ondas que vem e vão
Ao lado do nosso caminhar
Lava a superfície da areia
Áspera sob nossos pés
Que seguem a passos lentos
Nossos dedos se entrelaçam
E nossas mãos se unem
No frescor matinal
Sentimos o pulsar
De nossos corpos
Banhados no clarão do sol
Que desponta do sul
E nós aqui embalados
Na sintonia do amor perfeito

domingo, 18 de dezembro de 2011

Vida moderna (Parte final).

Renato sentiu que seria no mínimo de dois dias de cara feia e o jeito era ficar quieto até que passasse a raiva da esposa. Restara cuidar da poeira e dos jarros de planta que ficavam na área.
Passado um dia sem conversa e telefonema, Renato sai do banho de pijama, a noite estava fria e chuvosa. Isabel estava sentada no sofá com uma bandeja no assento do lado e um copo de refrigerante e um pacote de biscoitos, o computador sobre as pernas. Renato no sofá em frente com o computador sobre o braço do sofá e um copo de refrigerante na mão, o silêncio só era quebrado ao som da televisão ligada na novela das sete. Renato resolve mudar de tática, abre seu email e começa a digitar:

Boa noite

Em função do seu silêncio, tomo a liberdade de colocá-la a par dos últimos acontecidos, passei no banco e peguei a papelada para dar entrada do financiamento do apartamento, a entrada exigida de 25% já está na nossa poupança conjunta, a parte que faltava depositei hoje com a comissão das últimas obras fechadas que o seu Mário me passou hoje, espero que em um mês tudo esteja fechado.

Sem mais, S A.

Apertou a tecla de enviar e ficou esperando a reação dela por baixo dos olhos.
Isabel olhou assustada abaixando a cabeça e dando continuidade na leitura disfarçadamente e começo a escrever:

Boa noite

Espero que tudo corra bem e que você me leve junto da próxima vez, este momento é nosso e eu quero participar, eu fico feliz pelas comissões.

S A

Enviou e ficou com um olho na televisão e outro no marido.
Renato leu e escreveu outro:

M A

...estou com sono, vou dormir não se esqueça de me avisar de manhã para dar comida ao Nick.

S A

Ela respondeu:

M A...vou depois tenho que fechar um pedido de manutenção para amanhã cedo, quanto ao Nick não se esqueça de lavar o aquário amanhã, senão ele vai morrer nessa água poluída.


Renato juntou as coisas passou pela cozinha deixou o copo da pia e seguiu para o quarto.

O dia amanheceu a rotina não havia mudado, ele toma seu banho e após se vestir vai a cozinha preparar a mesa do café quando ela se prepara, ele senta-se à mesa e já abre o computador e já tinha uma mensagem:

Bom dia

Antes de sair dá para pendurar a toalha na área e dê comida ao Nick, também não se esqueça de colocar as roupas usadas no cesto.

Nesse momenta Isabel senta á mesa, ele olha pra ela e diz.

- Dá pra gente parar de falar por email?

- Só vou parar porque tenho que te mostrar um site de uma fábrica de móveis que eu quero visitar junto com você. Falou rindo.

- Temos que ir ao banco no máximo até amanhã e a gente aproveita e vai depois. Respondeu Renato.

- A Verinha já se prontificou a fazer o projeto da sala e do quarto de graça pra gente, temos que convidá-la para almoçar no fim de semana. Falou Renato.

A seguir guardaram os ingredientes do café na geladeira, roupas na área, comida para o Nick e seguiram para o trabalho.

Renato entrou na pequena cozinha e o pessoal já estava a conversar e vendo-o entrar já perguntaram:

- E aí, já fez as pazes?

- Esta tudo bem, hoje pela manhã a gente voltou a conversar e cancelamos os e-mails e por certo a greve também acaba hoje à noite. Falou rindo.

O pessoal bateu palmas e deu um “aí moleque” pra ele.
Isabel senta a mesa com duas amigas para o almoço e ajeitando a bolsa numa cadeira, fala:

- Comigo é assim pisou fora tem greve de tudo inclusive som, mas um detalhe pra vocês nas nossas trocas de emails a gente assina como M A (meu amor) e S A (seu amor)

- Que briga é essa, meu Deus? Fala uma amiga.

- Por mensagem é assim com amor, gente eu não posso tirar toda a minha hora de almoço terei que sair mais cedo ele está me esperando no banco.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Vida moderna (Parte 1)

A sala era integrada com a cozinha, o pequeno apartamento de dois quartos tinha apenas dois sofás de dois lugares e um aquário com pequenos peixes.
No Box do banheiro por trás a cortina um corpo masculino a tomar banho, o relógio sobre a pequena pia maçava seis e quinze e aberto sobre a bancada um notebook e na tela um site de negócios e ações da bolsa.
Sobre a cama um corpo feminino estendido meio que largado sobre a cama enrolado por um lençol somente com os pés descobertos e o braço direito caído para fora da cama, mão meio que perdida procurava no teclado do notebook o botão de acionamento da máquina, mas tudo com a cabeça coberta pelo lençol.

O rapaz de nome Renato saiu do banheiro enrolado na toalha e vai direto para o quarto abrindo o guarda-roupa e nesse momento a moça levanta e pega a toalha e vai em direção ao box do banheiro.
A água já estava fervendo dentro da cafeteira sobre a pia, ela senta e abre um iogurte, passa manteiga em alguns biscoitos, ele coloca a jarra de café sobre a mesa, beija-a sobre os lábios e diz:

- O que tem de importante hoje. – pergunta Renato.

- Tem uma reunião com o seu Saulo, apresentar o projeto e avaliar, só que detesto reunião por áudio, não dá pra ver o verdadeiro semblante de cada um do outro lado.
- E você que tem? – pergunta Isabel.

- vou almoçar com um cliente, uma nova construção no Leblon, hoje a gente fecha e se tudo correr bem em breve a gente pode pensar no financiamento do apartamento.

Neste momento com movimentos sincronizados, os dois guardam os notebooks nas mochilas, celulares nos bolsos e já na porta ele grita espera, tenho que dar comida pra Sansão o pequeno peixe morador do aquário da sala que escondido entre pedrinhas no fundo parecia que adormecia.

O carro saiu da garagem e quando o portão ainda se abria Isabel dava um bom dia com as mãos em aceno ao seu Vicente o porteiro.
O carro pára em frente a construtora, eles se despedem com um beijo rápido, Renato desce do carro entrando no prédio e Isabel segue pelo trânsito.Renato chega no escritório e como toda manhã os amigos se reúnem para tomar café numa cozinha pequena ao fundo do corredor onde o papo é colocado em dia e rola as fofocas. A Márcia como sempre fala das peripécias da filha de três anos que fica com a sogra durante o dia, o marido um gordo chato trabalha na telefônica e liga pra ela o dia todo.
O Jorge um negão, quarentão, solteiro que está sempre namorando, mas que ninguém viu a moça nem em foto e uns dizem que o cara leva jeito enrustido, mas sem dúvida é o melhor projetista do escritório, a arquitetura está no sangue, estagiou no escritório do Niemeyer.

Todos sempre tinham alguma coisa para contar, Renato comentava os problemas de casa e de casado, após quase dois anos de namoro, ele no último ano da faculdade conheceu Isabel que também esta se formando em informática, foi um namoro muito corrido onde os dois estagiando, estudando e no fim de semana ele para Petrópolis ela para Campos, às vezes ficavam no Rio e outras semanas intercalavam para a casa dos pais.
Quando efetivados resolveram alugar um apartamento dois quartos e juntar as coisas, mas para não chatear as famílias de ambos casaram-se só no cartório e ofereceram um jantar só para poucos parentes num salão de festas ali em Botafogo e desde então estão num corre-corre da vida cotidiana em busca das realizações de um jovem casal.
Mas o assunto no café como sempre eram os mesmos e Renato reclamava que Isabel se esquecia de pagar a conta de luz ou água, sempre causando correria na virada do mês. No fundo a culpa não era só dela é que Renato por ser com as coisas de casa desde o início do relacionamento, esta tarefa de contas era de Isabel, as compras em geral estavam sobre a responsabilidade dele, pois ela detestava fazer mercado.

O telefone toca e Renato atende, era Isabel:

- A que horas você vai sair?

- Vou sair um pouco mais tarde, pode ir que eu vou tomar um chope com o pessoal. Responde Renato.

Isabel desliga o telefone, já conhecia a história, toda terceira semana do mês o pessoal saia para um barzinho, ela não tinha nada contra é que Renato sempre bebia além do normal e isso a incomodava. Toda quarta-feira era o dia da faxina na casa, colocar roupas na máquina para lavar e preparar algumas comidas em potes e colocá-las no congelador, coisas da vida moderna de um casal que tem pouco tempo e dinheiro para contratar uma empregada numa cidade grande como o Rio.

A porta do apartamento abre devagar, Renato coloca a mochila sobre o sofá, ouvia-se um ruído de máquina trabalhando e água caindo na pia da cozinha, chegou à porta:

- E aí, tudo certo?

Ela olhando pra trás com a cara fechada.
- A farra foi boa, já é tarde.

- Que é isso, é oito e quarenta da noite. Responde Renato.

- Você sabe que hoje é quarta feira poxa, eu sozinha pra fazer tudo. Reclama Isabel.

- Não pode dizer que eu não te ajudo, quem limpa a casa, os móveis, faz mercado, agora eu não sei fazer comida, lavar roupa, acho melhor a gente parar por aqui, estamos brigando por nada, o que tem pra eu fazer.

- Nada mais, já estou terminando, só falta a comida essa eu preparo, vá tomar banho.