sábado, 29 de agosto de 2009

Olhos d´água.

T e vi passar com a pressa dos afogados
Olhos cheios d água, fixado no chão
Pensamento focado no momento
E eu, nem que fosse um adivinho
Saberia explicar o teu ar de nervosa
E seus traços fechados na face
Arriscaria dizer que a sua idade condena
Poderia ser uma briga de amor
Poderia ser um problema familiar
Mas eu apostaria na desarmonia
Temporária dos sentimentos

-Sabe por quê?
Olhos cheios de água!

Vocês femininas, fortes como são
Meninas, moças e mulheres maduras
Só entram em desespero
Nas causas do coração.

sábado, 22 de agosto de 2009

Helena (40 anos em 40 segundos).

Meu nome é Helena,
sou diferente
das Helenas e Melenas de Atenas (submissas).
Nasci branca, loira, morena e frágil.
Cresci cheia de cuidados e de modos finos.
Estudei em colégio de freira.
Aprendi que o casamento é para sempre.
Que o sexo só é para procriação.

Alguns anos atrás,
recebi de presente um mapa astral.
Entre muitas informações,
dizia lá,
que eu não era de casamento,
que eu não teria filhos,
e que seria dependente.

Diferente desta projeção,
fiz curso superior,
vivo do meu trabalho,
não dependo de ninguém (sou independente).
Às vezes gosto de tudo.
Às vezes não gosto de nada.
Gosto sim de tempos em tempos,
de dar um tempo pra mim,
para pensar, planejar (uma vez por ano).

Minhas filhas (as duas).
Deram-me muito trabalho,
hoje dão trabalho a elas mesmas.
No estudo, na busca da responsabilidade,
Pois a vida cobrará delas,
os amores, as alegrias e as tristezas.
Cobrará o ponto de equilíbrio
Que devemos buscar para continuar crescendo.

Eu não era de casamento,
já estou no terceiro casamento.
O primeiro teve a duração de cinco anos.
O segundo dez anos e duas filhas.
Agora estou no terceiro a três anos.

Obs.: Eu teria filhos mesmo sem casar (a madre do colégio ficaria escandalizada).

Nos meus 40 anos continuo a ser feliz.

sábado, 8 de agosto de 2009

O mal de amar

O instinto animal fala por si só,
...quando um cachorro sente um mal estar,
...devido a alguma coisa que comeu,
...ele sai em busca de uma erva daninha,
...que cure o seu mal.
O homem quando sente mal
...por alguma coisa que comeu,
...ele toma um remédio já conhecido,
...ou procura um especialista que o possa ajudar.
Tanto o cachorro como o homem,
...procura a cura ao seu modo.

Mas a dor da falta,
...quando se perde um grande amor,
...não tem cura por remédio ou ervas daninhas,
...a cura só vem com o tempo,
...à dor vai passando devagar,
...através das lágrimas e noites mal dormidas.
Sentimentos esvaziados
...em taças de vinho tinto ou branco,
...suave ou seco.
Em horas de conversa ao telefone
...com o melhor amigo pelas madrugadas.

Mas quando se perde um grande amor,
...nada melhor que encontrar um outro novo amor.

sábado, 1 de agosto de 2009

Brotos chineses.

Da noite pro dia resolvi ingerir saladas tipo: alface, tomate, nabo, cenoura e brotos de tudo. Eu havia conhecido um chinês bem diferente dos chineses que a gente vê por aí, feirantes, donos de lavanderias e pastelarias. Ele é um chinês Doutor em química e viera para Portugal para ser professor na Universidade de Coimbra, mas não houve acerto com os portugueses e um amigo o apresentou na Universidade de Santiago na Espanha. Começou a dar aulas, mas com menos de um ano o curso foi minguando por falta de alunos e por fim, dos treze alunos sete repetiram aí foi o fim. Então, Wing ficou desempregado e como gostava de cozinhar sua mulher uma chinesa baixinha de rosto oriental em forma de lua, um corpo quase ocidental uma verdadeira gueixa de tão educada, se preocupava em guardar o nome de todos os freqüentadores e a comida que cada um gostava inclusive o licor, propôs a ele abrir um restaurante, visto que, ele gostava de inventar molhos com sabores doces e diferentes, coisas de químico. Em alguns pratos sempre havia brotos que mediam dez centímetros em média com as raízes brancas expostas e geralmente com quatro ou cinco folhas verdinhas na ponta. E eu muito curioso perguntei um dia quando comia seu arroz de tudo, de que eram os brotos e então me contou que aprendeu com seus avós a plantar as sementes de tudo, inclusive as que estavam no meu prato eram de soja e feijão do Brasil. Então da noite pro dia passei a cultivar sementes e fazer canteiros de brotos em caixa de isopores, latas e potes de sorvetes.

- Tudo ali verdinho era tudo que eu havia plantado durante toda a minha vida, não esqueço todas as lições que aprendi com aquela família chinesa, que tinha um bom gosto para os sabores e também para decoração, pois o restaurante deles é um fino só.

18/05/08.