segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Fim de ano




Fim de ano

Todo fim de ano me acostumei a fazer uma limpeza.
Roupas mais velha e até as novas não usadas serão doadas.
Os ternos mesmo limpos e passados tomarão banho de sol
Sapatos velhos irão para o lixo, outros serão engraxados
Um novo tênis será comprado, mas o velho ainda fica
As mochilas e pastas que tanto gosto também ficará ao sol
Presentear-me-ei com alguma coisa que me seja útil
Limparei a parte do guarda roupa que me pertence
Gravarei em CD todas as fotos e filmes feitos no ano
Mudarei de lugar quadros, móveis e até as cores da sala
Ah, os cachorros também serão banhados
Os amigos poucos, estes receberão mensagens de Natal
E como temos um novo seguimento, a rede
Lá também terá um apague, ninguém precisa de tanta gente
Às vezes precisamos somente de uma voz e um olhar
Planos materiais serão traçados, outros ficarão ao léu
E assim estarei pronto para mais uma batalha
E que venha 2016 com seus doze meses de sonhos.

(Desejo a todos um batalhador 2016).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Virtual



Vive numa cidade de nome complicado
Perto da Irlanda, é ali após um WWW
Posso ir à sua rua, te encontrar no portão
Enviaria flores, mas gosta de todas
E todas não são especiais,
Somente uma se lhe apetece
O fuso horário nos faz lua e sol
E a muito não temos um eclipse
Então, te envio cartas eletrônicas
Algumas longas e lúdicas
Outra feliz, mas solitário
Relato-te o meu cotidiano
Mas ontem a rede caiu
Faltei ao nosso encontro

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A procura do amor



Certo dia João
Saiu no mundo
A procura de um amor
Percorreu longos caminhos
Desertos, montanhas e vales.
Pegou chuva, sol escaldante.
Exausto parou numa pequena vila
Encontrou um pequeno hotel
Pediu um quarto e um café na varanda
Colocou a mochila no chão
Sentou e esticou as pernas
A cozinheira trouxe o café
Seus olhares se cruzaram
E o amor apontou Isabel

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Presença





Meu amor cresce
Manhã, tarde e noite.
Nunca se dará fatigada
Nem seu corpo nu ficará
Despercebido à minha libido
Nosso mundo de lados opostos
Paz que está no amor que sente
Tormenta pela dor da saudade
Distante na presença, juntos no coração.
Toda noite adormecer em sonho
Toda manhã é cumplicidade
Passam por nós, todas as estações.
Que haverão de nos embalar
Ali, no futuro depois do sol poente.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Feliz





Você
Faz-me feliz
Canta-me
Aos sete mares
Espalha palavras
De amor aos ventos
Diz que me gosta
Incendeia-me na cama
Coloca-me de graça
Na sua graça
Faz-me a rima
Dos teus lábios
Sou teu encaixe
Assim perfeito
E você as curvas
Do meu destino
Que eu quero
Pra sempre

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Sonho sobre sonho



Eu giro de um lado a outro sobre a cama grande e aspecto de velha em uma noite, quente de um Fevereiro numa Malásia distante. O sonho que sonho me leva a um penhasco e por uma força oculta me empurra sobre o vazio e em desespero grito ao perceber que lá embaixo a grande lagoa não tem mais que um espelho fino d’ água, meu corpo salta na tentativa de evitar o choque e ao abrir os olhos estou salvo. Respiro fundo e estou sentindo um perfume barato sobre a pele dourada que descanso minha cabeça. O ambiente está úmido e o ventilador de teto gira, fazendo um ruído que mais parece uma hélice de um helicóptero distante. Olho para cima do colo suado sob meu queixo e não tem face o rosto que me sorri, adormeço. Acordo e sinto a falta da pele rosada e do rosto que mesmo oculto me fez transpirar de prazer.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Esquecendo as filhas




Um conhecido nosso o Souza era um cara estressado com o trabalho e ainda por cima fumava quase três marços de cigarros por dia, fumava na ala do café, na sua sala de trabalho e nos corredores.
Ele tinha umas histórias inacreditáveis, seu trabalho era de técnico e algumas vezes eram chamadas fora de hora para auxiliar o pessoal da manutenção, em uma destas vezes num sábado perto das oito horas da noite o Souza foi chamado para comparecer ao trabalho devido a uma pane nas máquinas. As duas filhas do Souza quiseram ir com o pai ao ouvi-lo dizer que seria por apenas uma hora e meia no máximo, após insistirem muito o Souza resolveu levá-las e fazia frio, pois era a estação Inverno.
O Souza chegou à fábrica deixou as meninas, uma de doze anos e a outra de oito dizendo que deviam ficar perto do carro e que logo voltaria. Foi direto para a manutenção auxiliou o pessoal a colocarem as máquinas em movimento, dali Souza resolveu dar uma passada na sua sala, sentou acendeu um cigarro e começou a despachar papeis e fazer um relatório sobre a manutenção daquela noite, lá por volta das quatro da madrugada o telefone da mesa tocou era sua mulher dizendo
que tinha acordado e notou que não tinham retornado ainda com as meninas e que elas deveriam estar sentindo frio.
Foi aí que o Souza se tocou da hora e saiu correndo em direção ao estacionamento e chegando ao carro as duas meninas estavam abraçadas e dormindo.
O Souza voltou pra casa e chegando teve que ouvir um monte da mulher e não tinha como se desculpar, pois estava completamente errado e assim era o Souza um cara estressado, concentrado e voado.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

O mar de Angra dos Reis



O carro aponta o último túnel
De repente
A escuridão das cavernas
A umidade em gotas
E suas pedras escuras
E surge
A claridade do sol exposta
Que nos abala a retina
Entre raios coloridos
Das frestas que transpassam
As copas imponentes das árvores
Neste momento
No horizonte desponta
O mar de Angra dos Reis
Já se pode mirar
Uma de suas ilhas
Das centenas que povoam sua baía
Aqui de cima se vê o espelho
Da superfície verde de suas águas

E que se confunde com os olhos
Da garota que a pouco partiu.


Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=106019 © Luso-Poemas

terça-feira, 19 de maio de 2015

O café de Isabelle


Lavar o chão da cafeteria
Não é para todos
No entanto, ela Isabelle.
...só ela o lavava.
Com muita água,
...sabão, escovão.
E com muito carinho
Além do chão
O balcão, as banquetas.
...as pequenas mesas.
Trocar a toalha
O guardanapo
O açucareiro
O calor faz exalar gotas de suor
...sobre a pele fina.
E escorrem como gotas de orvalho.
Enquanto caminha com a limpeza
A água ferve no pequeno fogão
O pó do café já posto
...no coador de pano,
...sobre o bule esmaltado.
Retira do balcão de vidro
Tabuleiros com restos
...de bolos e pãezinhos.
Coloca-os sobre a pia.
Passa o pano úmido sobre o balcão
Volta ao café que exala no ar
Ajeita uma xícara
- açúcar ou adoçante? ...pergunta Isabelle.
- adoçante! ...eu respondo.
Sorri novamente com o suor sobre a testa
...e o avental molhado.
Passa o pano úmido sobre o balcão
Eu o tomo em dois goles
40
Ela junta as toalhas e panos
Joga-os no cesto
Que fica no estreito corredor,
Que leva a pequena cozinha.
Vira-se e sorri
Passando as mãos sobre a testa
Num ar de cansaço.
- pode baixar a porta?
- toma outro café comigo? ...ela faz duas perguntas seguidas.
O ponteiro do relógio marca 23 h.
- claro! ...eu respondo indo em direção a porta.
- você ainda faz aquela massagem? ...Isabelle pergunta colocando o adoçante nas duas xícaras.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Amor suburbano - Final



Helena se levantou e passando pela sala pegou o celular e sorrindo para a mãe disse que mais tarde ligaria para ele. Artur entrou em casa e não via como resolver a situação, realmente deveria ter falado no almoço que o apartamento era dele e que não sabia que era ela a interessada, mas ao acordar na manhã seguinte a convidaria para almoçar e tentaria se explicar. Ele entendia a revolta de Helena e se colocando no lugar dela realmente era estranho e concordou com ela em pensamento, estava cansado iria tomar um banho, lanchar e descansar. Quando saiu do banho foi até a cozinha preparar o lanche, o telefone tocou e chegando a sala atendeu e do outro lado ouviu uma voz suave perguntando se estava tudo bem, Artur respondeu que estava preparando um lanche, mas que ele iria ligar logo após terminar e tinha uma proposta para fazer, Helena se mostrou curiosa pedindo para falar logo e ele argumentou que não tinha certeza que este seria o melhor momento já que ela insistia ele falou de bate pronto “quer casar comigo?”, a voz do outro lado ficou muda e ele perguntou se ela estava lá ainda e que não precisava dar a resposta agora que teria até o dia seguinte para dar a resposta quando ele iria pegá-la para o almoço. Helena voltou de repente e perguntou se ele era doido fazer uma proposta àquela hora, Artur disse que ele poderia ser o homem da vida dela se ela quisesse, ela o interrompeu dizendo que esta noite não conseguiria dormir e se poderia dar a resposta no almoço e que já estava tarde ele tinha que lanchar e descansar se despediram. Helena chamou a mãe e contou o que se passara.
Um mês depois tudo estava preparado à festa seria na cidade de Petrópolis, a lista de convidados fechada, padrinhos escolhidos e convidados, duas pessoas não poderiam ficar de fora da lista dos padrinhos, lado do noivo o amigo garçom Zacarias e do lado da noiva Manoel amigos que indiretamente fizeram parte dessa união, a lua de mel foi um belo passeio pela Espanha, Itália e França. A decoração do apartamento foi feita pelo próprio casal, só o quarto foi decorado exclusivamente por Helena ao estilo Árabe que ela tanto sonhara naquele apartamento que um dia tinha sido seu sonho.

FIM

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Amor suburbano – Décima primeira parte



Amor suburbano – Décima primeira parte

Artur foi pego de surpresa e fez uma pergunta de como ela sabia, e Helena disse que sua mãe Almerinda e a tia Lara tinham comentado, ele disse que sabia sim e pode notar a decepção no rosto de Helena, mas que só ligou as coisas após o almoço da última sexta-feira, que ao retornar à loja pediu a secretária para pegar a pasta do imóvel e quando abriu viu o cadastro de Helena, mas que ele nunca verificou o cadastro, pois ele mesmo tinha dito que não iria alugar o imóvel, então a secretária o arquivou. Mas que na semana seguinte iria levá-la para ver o apartamento ele mesmo, mas a moça continuou a viagem calada e Artur se calou também até deixá-la no portão de casa. Helena entrou em casa e na sala vendo televisão a mãe e irmã, ao entrar já a encheram de perguntas sobre o almoço e como a receberam. Helena sentou e contou nos detalhes como tinha sido o dia e que todos foram simpáticos e muitos amorosos com ela, até convidando-as para passar um fim de semana na serra, mas não sabia se o namoro continuaria e em direção ao quarto falou que tomaria um banho e depois falaria. Embaixo do chuveiro, Helena pensou que seria um ótimo momento para informar a mãe a intenção de se mudar para o centro da cidade. Saiu do banho e a mãe já estava terminando de preparar a mesa do café, a filha falou um pouco mais sobre o almoço, as pessoas e que uma coisa a tinha deixado muito chateada com Artur, que algum tempo vinha pensando em alugar um apartamento no centro, é que a clínica estava crescendo e muitos clientes novos e se tivesse mais tempo poderia atender mais clientes, mas que para isso acontecer não poderia perder muito tempo em deslocamento, a mãe a interrompeu concordando que teria que morar mais perto do trabalho, a filha disse que o problema era esse, que havia visto um apartamento e descobriu que o proprietário era Artur e que ele sabia que ela estava interessada e que o seu Manoel trabalhava no prédio e tinha entregado o cadastro na loja. D. Rosa falou que sabia a intenção da filha em se mudar e que uma hora ou outra esta decisão deveria ser tomada, a filha ficou surpresa com a atitude da mãe, pois temia que a ideia não fosse aceita. Dona Rosa sentou ao lado da filha e disse que ela ouvisse mais Artur e procurasse entender suas razões, pois ela entendia que ele não soubesse mesmo, que desse uma chance a ele para se explicar.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Amor suburbano - Décima parte.



Lara convidou os primos todos para o almoço e que o motivo do almoço seria a apresentação da namorada de Artur. Helena entrou no carro oito horas da manhã e seguiu em direção a Petrópolis, ela contou que havia subido a serra várias vezes para fazer compras com a mãe na Rua Tereza, que a venda de roupas ajudou nas despesas na época da faculdade, Artur contou que parte da família da mãe sempre morou na serra e com a morte do pai ela se desgostou e o convite da tia para passar uns dias e foi ficando e decidiu se mudar de vez, hoje tem novos amigos, frequenta clube e até trabalha às vezes na loja do primo. Quando viram já estavam entrando na cidade, o carro estacionou na frente da casa da tia Almerinda e todos os primos estavam postos na varanda esperando o casal descer do carro, Helena apertou a mão de Artur mostrando que se sentia nervosa, deram alguns passos e a mãe beijou o filho em seguida abraçou a moça linda já se apresentando e dando as boas vindas tomando para si a mão da moça e a levando para o interior da casa, foi um alvoroço total todos se apresentando ao mesmo tempo tios, tias, primos com filhos no colo e Artur puxou Helena pra ele e pediu calma ao pessoal dizendo que teriam o dia todo para se conhecerem e conversarem. Neste momento tia Lara avisou que a mesa estava posta, todos se dirigiram a grande varanda dos fundos onde o almoço seria servido, uma grande mesa rústica e em volta algumas pequenas e também havia um fogão a lenha, forno e churrasqueira integrada, novamente em pouco tempo Helena estava nas mãos de todos era sabatinada sobre o trabalho e como tinha conhecido Artur, depois de quase duas horas vieram às sobremesas, cafés e colchonetes pelo chão onde alguns pequenos dormiam, Artur viu que Helena já estava mais entrosada com algumas primas e tias aproveitou para conversar com os primos acenando de longe para a namorada indicando que estava tudo bem recebendo de volta um sorriso. Almerinda chegou-se a mesa servindo um tabuleiro de bolo de chocolate especialidade das tias com um café passado na hora, o assunto foi sobre Artur morar sozinho na casa que ela havia passado a vida toda de casada que sentia saudade do filho e que já o tinha o tinha autorizado a vender ou alugar a casa então passar para o apartamento que era menor e fácil para uma secretária ou uma mulher cuidar, mas o apartamento desde quanto foi adquirido está fechado e dando detalhes da localização do imóvel e Helena ao receber a informação sentiu-se traída por Artur e teria que perguntar se ele sabia que ela era a pessoa que se interessara para alugar o apartamento. Artur voltou e se juntou ao pequeno grupo e já foi brincando dizendo “o que falam as mulheres da minha vida” se referindo a mãe, a tia e a namorada, disse que já estava ficando tarde e a mãe disse que iria prepara umas guloseimas para ele levar, algum tempo depois estavam no portão se despedindo e desceram a serra, durante a viagem Artur passou a impressão que os primos tiveram sobre ela e notou que Helena estava diferente, estava quieta e preocupado perguntou se ela tinha se magoado com alguma coisa ou se alguém a tinha destratado. Helena que não era de fingir uma situação falou com Artur que queria perguntar uma coisa e que ele fosse sincero, ele concordou que sim com a cabeça, e veio a pergunta bem formal, se ele sabia que era ela a pessoa que estava interessada em alugar o apartamento de Botafogo.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Amor suburbano - Nona parte.



Pela manhã Helena ligou para Artur e o convidou para almoçar na sua casa, ele estava agendado subir a serra para almoçar com a mãe e a tia, mas ligaria para elas avisando que houve um compromisso de última hora e que ficaria para semana que vem e que talvez levasse uma pessoa com ele, confirmou a presença para o almoço.
A movimentação começou cedo na cozinha de D. Laura na preparação enquanto Helena e Maitê saíram à feira para comprar legumes frescos. E doze horas em ponto Artur parou o carro na frente do portão e desceu com um buquê de flores para Helena e um jarro com uma planta florida para a mãe que agradeceu convidando-o a entrar. Feito as apresentações e depositado as flores no vaso com água, se dirigiram a mesa de jantar e aos poucos foi quebrando o gelo e também o namorado de Maitê que se mostrou simpático o que agradou D. Rosa que tinha a sua frente os possíveis maridos das filhas. Ficaram a mesa por duas horas depois do almoço veio as sobremesas e depois café e assuntos variáveis, Artur contou um pouco da vida e o mesmo fez o rapaz que ainda estava no começo da faculdade de Administração, mas que almejava um bom futuro nos negócios da família assim como Artur tinha feito é claro sobre outras circunstâncias. Foram para a sala continuar a conversa e ver um pouco de televisão e lá pelas cinco da tarde foi servido o café com bolo de chocolate especialidade da D. Rosa. Despediram-se já no início da noite agradeceram a anfitriã pela boa comida e partiram para uma nova semana. Ficaram na cozinha ajudando a mãe a arrumar as louças e falando do dia, a mãe fez elogios aos rapazes e demonstrou que havia gostado deles.
Quando Helena entrou no hall da clínica Ester e mais duas amigas estavam sorrindo, quando ela entrou na sua sala viu sobre a mesa dois buquês de rosas vermelhas e quando abriu o cartão lá estava escrito: “Para a mais linda namorada e que tenha um bom dia”. Ester quis saber o que tinha acontecido de quem era o cartão, Helena contou como foi o fim de semana, o jantar, o almoço de domingo. Mas como tinha clientes a espera dispensou as amigas e quando elas saíram o seu celular tocou era Artur, ela agradeceu as flores e conversaram sobre as impressões da mãe sobre ele se despediram e marcaram almoçar juntos na quinta-feira pois terça e quarta-feira estaria em São Paulo em uma feira de fornecedores. Dois dias se passaram e vários telefonemas foram trocados, mas na quinta-feira Artur foi buscá-la para almoçar e chegaram ao restaurante de mãos dadas e Zacarias veio atendê-los e levando-os até uma mesa, conversaram rapidamente e o garçom demonstrou-se feliz pelo namoro e já anotando os pedidos de sempre para Artur bife a milanesa e Helena salada de entrada e peixe. Conversaram sobre a viagem os novos produtos que chegaram ao mercado, Artur fez um convite para ela ir almoçar com ele na serra no próximo domingo e que poderia levar a mãe e a irmã se quisesse o que ela se prontificou a falar naquela noite mesmo com a mãe. E um dos assuntos foi o cansaço que ia chegando ao fim da semana devido ao deslocamento da zona oeste para a zona sul, mas que estava esperando um parecer do proprietário de um apartamento onde um amigo do bairro trabalhava o seu Manoel que era porteiro do prédio, e que estava namorando o apartamento a mais de um mês, que já tinha até preenchido um cadastro que o seu Manoel tinha entregado para o proprietário. Artur levou um susto diante da declaração de Helena e numa decisão instantânea não comentou sobre o assunto, então ela era o motivo da insistência de Manoel para alugar o apartamento. Artur deixou Helena na clínica e seguiu para o apartamento, Manoel não estava na portaria era dia de folga, subiu ao andar e abriu a porta da sacada, ficou a admirar a paisagem em volta e com o pensamento na namorada. De volta a loja procurou a pasta do imóvel e dentro encontrou a folha de cadastro preenchida, Artur chamou Juliana e perguntou por que não foi passada a ficha de cadastro do aluguel do apartamento, a secretária informou que ele mesmo deu a ordem para não alugar o imóvel e arquivou a ficha na pasta. Artur concordou com a secretária e a dispensou e ficando preocupado com o que Helena poderia concluir da situação quando ela soubesse que ele era o proprietário, certamente teria um momento certo para contar para ela. Helena ligou na parte da tarde para Artur e confirmou a sua ida a Petrópolis no fim de semana e que a mãe e irmã não iriam.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Amor Suburbano – Oitava parte.




Helena olhou meio que de lado, nesse momento Artur pediu um sanduíche e suco, quando se virou para procurar uma mesa encontrou o rosto de Ester sorrindo para ele e fazendo sinal para vir ao encontro deles e demorou uns segundos para se lembrar do rosto que sorria em sua direção e de frente para a moça sorridente outra moça de costas com cabelos aloirados que ele reconheceria em qualquer lugar, certo que era Helena. Pegou o copo e o prato com sanduíche e foi em direção à mesa sendo recebido com sorriso pelas duas, cumprimentou Renato e sentou ao lado de Helena. Ester comentou do acontecido com seu Almeida e Artur começou a contar sobre a amizade existente entre as suas famílias com seu pai e avô. Neste momento, Helena pôde ouvir o som de uma voz firme meio sem que a vontade entre aquelas pessoas que ele não conhecia, mas que aos poucos foi se soltando e mostrando o Artur gente boa e simples que ele era. Pediram mais sucos, salgados e por pouco não perderam a última cerimônia de homenagem ao seu Almeida. Terminado as cerimônias foram para o estacionamento entre despedidas e promessas de novos encontros para almoçar e conversar houve também uma troca de telefone entre Artur e os três amigos, Ester fingiu ter pressa e saiu na frente com Renato, deixando a amiga para trás numa tímida conversa a caminho do estacionamento. No carro de volta para o escritório Ester falou o tempo todo sobre a possibilidade da amiga Helena voltar a encontrar Artur e Helena meio que sem graça desconversava. A semana estava a mil, muitos clientes a clínica ia bem todos com uma lista de clientes sempre cheia, vários investimentos estavam previstos, os profissionais ali tinham a possibilidade de estender seus horários. Helena estava alcançando a sua independência o salário havia dobrado. Há meses vinha fazendo uma poupança e já obtinha o suficiente para iniciar a compra dos móveis para seu apartamento quando o alugasse, por vezes já visitara lojas e na sua cabeça o apartamento já estava mobiliado. Receber os amigos e nesta hora pensou em Artur já se passara quase uma semana e nem um telefonema trocaram, ela poderia tomar a iniciativa, mas ficaria exposta poderia parecer que estava se oferecendo demais. Nos últimos dias não teve tempo de pensar em quase nada, pois estava chegando tarde a casa e ainda tinha que ouvir as reclamações da mãe sobre as pequenas brigas com a irmã. Numa das noites acordara a irmã e teve uma conversa séria sobre o tratamento com a mãe, explicou que o que a mãe sentia era ciúme pela filha estar namorando e a possibilidade de perder o amor da filha, Maitê tinha que dar um tempo para que a mãe aceitasse a situação, a irmã resmungou um pouco, mas concordou. Helena passou a tarde fazendo unhas e cabelo enquanto a mãe preparava a roupa escolhida para o jantar. A mãe ficou feliz com a animação da filha, sentia que a relação podia dar frutos. Na hora marcada Artur estacionou o carro no portão da casa de Helena, desceu somente para abrir a porta do veículo, seguiu para um restaurante ali mesmo em Campo Grande, ele já tinha feito as reservas pela tarde. Sentaram-se e por duas horas conversaram sobre a infância, estudo, profissão e o trabalho. Ele a levou em casa perto das vinte e três horas e na despedida ficou um até a próxima, mas rolou um selinho. Helena encontrou a mãe e a irmã sentadas no sofá assistindo televisão, mas com caras de curiosas e antes que elas perguntassem alguma coisa ela mesma já foi dizendo que a deixassem tirar as sandálias e que iria dar os detalhes. Sentou-se ao lado da mãe e começou a contar como havia sido o jantar e detalhes do perfil de Artur e por fim não deu detalhes da despedida. Helena perguntou a mãe se poderia fazer um almoço de massas para o dia seguinte o domingo, pois queria convidar Artur para almoçar e poder apresentá-lo e a irmã perguntou se podia convidar o namorado para almoçar também, a irmã e a mãe se olharam sérias e logo em seguida abriram um sorriso de consentimento.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Amor suburbano – Sétima parte.





Artur não foi a Petrópolis no fim de semana, se sentia cansado havia tido uma semana corrida e precisava relaxar, foi à praia caminhar um pouco na volta passou na feira e fez compras de verduras, frutas e peixe fresco. Passou um domingo ouvindo música tinha na estante centena de CDs e discos de vinil dos anos oitenta e noventa, internacionais e nacionais herança dos pais. Durante mais de duas horas ouviu Peter Frampton. Passou algum tempo na cozinha fazendo sua própria comida fez uma salada de legumes e um peixe grelhado e para acompanhar um vinho chileno, após o almoço deitou e dormiu um pouco e ao acordar assistiu a um jogo na televisão. A noite saiu para fazer uma coisa que a muito não fazia, ir assistir a um filme em um cinema ali perto. No retorno para casa parou na carrocinha da esquina para comer um sanduíche o que fez com tamanho gosto, pois se lembrou do tempo de criança quando saia com o pai e mãe pelas tardes de domingo para ir ao cinema ou mesmo quando voltava da serra. Podia comer quantos quisesse e todos comiam até se fartarem, lembranças que trouxeram a dor da saudade, pai e avô, pessoas importantes na sua vida. O avô foi quem o ensinou a pescar, lembra quando pequeno lá em Petrópolis num sítio de um amigo dos avós, tinha um grande lago que podiam até andar de barco a remo e outros dois lagos menores para desenvolvimento dos peixes. Algumas vezes no ano o avô o levara para passar o domingo lá, o bom era pegar o peixe e depois comer, havia a dona Laila que trabalhava na casa, ela limpava e fritava os peixes, me lembro dela dizendo a todos que o peixe do Artur é especial, porque não tinha espinho. Hoje eu penso, o peixe que eu pegava não era o mesmo peixe que eu comia, mas prefiro ainda pensar que sim. Qualquer dia desses pensou em voltar no sítio e ver como vai o pessoal, aliás, os filhos do seu Antenor o construtor amigo do meu avô estão tocando o negócio.
Helena chegou ao escritório com o pensamento em casa, a muito, mãe e irmã não discutiam esta certamente seria uma semana pesada. Foi à área do café onde o pessoal se reunia após os cumprimentos os amigos contaram o que tinha acontecido com o seu Almeida, sofreu um infarto e não chegou a tempo no hospital e faleceu. Ester estava triste ela que vinha cuidando da fisioterapia a mais de seis meses e toda semana ele convidava ela e outras para um almoço. A família avisou a clínica pela manhã e alguns iriam ao enterro, Ester pediu que Helena a acompanhasse o que ficou acertado, pois Renato daria carona. Quando Artur chegou à loja o pessoal já comentava o acontecido, nas lojas da rua onde todos conheciam o Almeida e Artur conhecia toda a família, lembrou que na morte pai como na do avô todos compareceram, avisou Juliana que só voltaria na parte da tarde. Eles chegaram à pequena capela e foram direto cumprimentar os membros da família e a pedido de Ester saíram para o jardim ela não se sentia bem naquele lugar fechado cheirando a flores e foram se sentar um pouco mais distante. Artur entrou na capela e sentiu a sensação de ter voltado alguns anos atrás, muitos rostos conhecidos sentou-se ao lado da família, falou algumas palavras de consolo e depois ficou quieto meio que fazendo número. Naquela noite que passou velando o avô tomou a decisão de assumir os negócios que de herança era de seu direito, a dor da perda o fez virar o homem de hoje. Com a chegada de outros conhecidos cedeu o lugar aproveitando para sair de o ambiente indo acender um cigarro no jardim. Ester e os amigos saíram do pátio da pequena capela e foram fazer um lanche na esquina. Entre os três rolaram vários assuntos como o dia da morte do pai de Helena que morreu eletrocutado nos fios de alta tensão durante o trabalho sobre uma torre, até o momento foi o dia mais triste de sua vida. Helena também comentou como foi o fim de semana em casa sobre o namoro da irmã e naquele clima resolveram mudar de assunto. Neste momento entra na lanchonete Artur, é avistado primeiro por Ester que toca Helena no braço avisando que aquele amigo do seu Almeida que encontraram no restaurante estava no balcão.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Amor suburbano – Sexta parte



Amor suburbano – Sexta parte

Neste momento Ester entrou porta adentro e a chamou para almoçar com um cliente que insistia em levá-la para almoçar e não queria ir sozinha. Helena pegando a bolsa e levantando foi exclamando – vamos comer porque hoje começa um novo dia. Ester batendo palmas já foi questionando o motivo da lépida atitude, se havia recebido um telefonema de alguém ou recebido flores de um desconhecido. Ao chegarem ao hall do restaurante Almeida avista um rapaz no balcão e chamou pelo nome de Artur, o rapaz se virou e foi de encontro ao velho todo sorridente que o abraçou e trocaram cumprimentos, neste momento Artur viu duas moças paradas atrás do velho que se virando apresentou as duas moças como as responsáveis pela sua saúde física atual. Artur se congelou por segundos e suas mãos saíram do estado seco ao suor em segundos, as duas sorrindo trocaram de mãos as bolsas e ele estendeu as suas para um cumprimento que certamente nunca iria esquecer. Ele pegou na mão de Ester e num sorriso constante em seguida pegou na mão de Helena analisando a suavidade de sua pele, calor e até suas unhas bem feitas ele pode ver. Ele apresentou-se como Artur, ela como Helena e antes de soltar sua mão seu Almeida o convidou para ficar e fazer companhia recusou o convite dizendo já ter almoçado e que tinha que voltar ao trabalho, deu outro abraço no amigo e sorriu para elas e saiu sem olhar para trás, por dentro estava explodindo de alegria. Naquele momento Almeida falava para as duas moças que Artur era filho de um velho amigo que já havia falecido e que o rapaz soube administrar os negócios da família nos últimos anos com seriedade e eficiência, e voltando a sorrir encaminhou com as mãos as duas mostrando a mesa e dizendo que já era tarde e estava com fome. Helena acompanhou pela vidraça do hall o veículo saindo do estacionamento, lembrando-se dele sentado à mesa perto da janela. Ester tinha razão ela precisava prestar mais atenção às coisas e até nos homens que a rodeavam como este Artur que devia ser uma pessoa interessante de olhar meigo e de uma leveza na voz. Homens são diferentes, lembra que na faculdade ficava analisando todos os rapazes da sala e também outros que ao passar dos anos foram ficando amigos, uns queriam ficar, ela não entendia como algumas amigas ficavam sem a menor preocupação de outras pessoas comentarem sobre a vulgaridade que tanto sua mãe alertava. Mesmo Ester em quatro anos namorou e ficou com mais de dez e ela no máximo dois e namoros que não duraram muito, coisa de encontros em bares onde a turma reunia. Somente um tinha deixado saudades, começou no último ano do segundo grau tinha tudo para dar certo, mas foi passar um carnaval em Minas Gerais sem avisá-la a deixou esperando por quatro dias, se ele não tivesse viajado talvez o desfecho tivesse sido diferente, na volta chegou com a cara limpa, então ela o dispensou na hora. Poucas vezes jantava em casa com a mãe e a irmã que matava aulas com a desculpa de estar cansada. Maria Rosa adorava quando as filhas estavam em casa às noites, assim poderia fazer um prato que elas gostavam e poderiam ver televisão e conversar. Durante o jantar que foi servido uma lasanha a quatro queijos o que fez as meninas passarem da conta o que não acontecia normalmente com suas manias de regime. A mãe dizia que seus corpos eram esculturais e que somente o tempo e o casamento poderiam alterar. O jantar começava pela mesa e aos poucos era transferido para o sofá da sala, devido ao jornal ou ao início na novela e foi num desses momentos que Maitê disse que iria fazer um comunicado o deixou mãe e irmã apreensivas. A mãe pediu que a filha fosse logo ao assunto e sem muita explicação comunicou que conheceu um rapaz e que gostaria de trazê-lo em casa para que o conhecessem, caso não houvesse restrição por parte delas. Helena começou o interrogatório, qual a idade, se já o conheciam e o que fazia. A mãe ficou nervosa dizendo que não era hora de namorar que iria prejudicar os estudos, Maitê se defendeu dizendo que era bom rapaz amigo da escola e que já estava estagiando em uma empresa, tinha vinte e quatro anos e muito responsável. A mãe disse que não queria ninguém dentro de casa, mas Helena tentou acalmar a mãe falando para a irmã que na próxima semana ela traria o rapaz em casa e assim elas o conheceria, pondo fim ao mal estar causado pela notícia. A mãe preocupada sobre a possibilidade de Maitê ter um namoro firme, pois na família havia um exemplo vivo, Giovana filha de uma prima era uma menina muito inteligente sempre com boas notas e certamente tinha um futuro promissor. Aos dezoito anos conheceu um rapaz e em menos de oito meses estava grávida, até hoje leva uma vida dura, o marido nunca se acertou com um emprego fixo e mais, foram três filhos que sem a ajuda das avós passariam dificuldades. A família sempre citava o caso como de um futuro desperdiçado, aquela menina certamente teria um futuro brilhante. Continuou o jantar, mas o clima criado pela notícia deixou a mãe emburrada o resto da tarde do domingo. Maitê foi para o quarto estudou um pouco, dormiu a tarde e depois, assistiu à televisão até o entardecer. Helena ainda conversou com a mãe sobre o assunto, depois passou os olhos pela agenda da próxima semana e faria uma coisa que tinha planejado há muito tempo visitar uma loja no shopping para escolher um jogo de sala para o futuro apartamento e iria sozinha, não queria Ester ou outra amiga junto, seria um momento só dela. O anuncio feito pela irmã fez Helena cancelar a conversa que teria durante o almoço com a mãe e irmã sobre a possibilidade de se mudar para o centro da cidade até o fim do ano e que já teria um imóvel em vista no bairro de Botafogo. Sentada frente à televisão pensou no rapaz do restaurante, demonstrara ser uma pessoa interessante para sair, conversar, jantar e viajar nos finais de semana uma pessoa para compartilhar uma vida.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Amor suburbano – Quinta parte



Ester entra na sala sem bater como sempre fazia, vinha falando rápido e já perguntando como havia passado o fim de semana de Ester. Mas antes que Helena respondesse já iniciara a narração do seu próprio fim de semana havia ido à praia no sábado, o sol esteve quente por isso toda a manhã passou conversando com Renato. Dessa conversa marcaram um encontro para almoçar no domingo ele a pegou as doze e foram almoçar na parte alta da Boa Vista e foi uma tarde e tanto, Helena ficou ouvindo-a narrar todo o acontecido e no fim simplesmente perguntou se rolou alguma coisa e Ester respondeu que rolou alguns beijinhos e tinha tudo para continuar rolando. Então Ester perguntou de novo como havia sido o fim de semana da amiga e esta respondeu que nada de interessante respondeu que havia ficado em casa arrumando casa e ajudando a mãe... Ester interrompeu e foi questionando até quando a amiga iria ficar assim sem namorado, sem vida social e que estava na flor da idade e que trabalhar era bom, mas precisava viver também. Helena respondeu que tudo tinha sua hora e que a deixasse trabalhar, pois tinha que organizar a sua semana. Quando Ester saiu e fechou a porta, Helena soltou a caneta sobre a agenda e em pensamento concordou com a amiga, um namorado já estava fazendo falta. Já se passara quatro fins de semana dentro de casa e até a praia que tanto gostava havia afastado. Na realidade queria morar no centro ou na zona sul, poderia trabalhar em outra clínica e aumentar seu tempo de atendimento, sabia que várias clínicas precisavam de mais profissionais. Mas duas horas era o tempo que gastava para chegar à clínica e estas horas somavam um dia a mais de atendimento na semana. Com um carro teria um grande ganho no deslocamento, seria difícil, mas o momento estava chegando, falar com a mãe e a irmã sobre a possível mudança. D. Rosa certamente não iria gostar do assunto, mas Helena sabia que no fim a mãe aceitaria, pois a muito já sabia o que era importante para a filha, balançou a cabeça, voltou para suas anotações. Início da semana, meio de expediente o movimento na loja era fraco, conferir mercadorias e organizar vitrines era o que havia para fazer. O fim de semana em Petrópolis havia sido bom se divertira bastante junto a mãe, primos e sobrinhos. Teve tempo para uma conversa reservada com a prima Clara, contara sobre a moça que havia se interessado no restaurante e a prima ficou excitada, quis saber detalhes e o encorajou a conhecê-la mesmo que para uma futura amizade.
Dados as ordens para a tarde saiu para o almoço, pegou o carro e rumou chegando ao restaurante por volta das doze horas, sinceramente não pensava encontra-la naquele dia. Seu objetivo naquele dia era falar com o garçom Zacarias e descobrir tudo o que pudesse sobre ela. Chegou ao restaurante mais cedo e com pouco movimento foi recebido pelo chefe que lhe indicou uma mesa e que o garçom viria em seguida, sentou-se na mesma de frente para o estacionamento e pensou na última vez que a viu, já se passara duas semanas. Com o olhar perdido ao longe não viu quando o homem de terno preto estava em pé ao seu lado, Artur o convidou a sentar o que ele recusou dizendo que estava a trabalho e que em pé estava bem. Ali estava um homem de estatura pequena, nordestino e estava no Rio quase quinze anos, já havia trabalhado de servente, porteiro, trocador de ônibus então há oito anos era garçom. Passou por vários bares e outros restaurantes na zona sul o que acumulou experiência fazendo dele um dos melhores garçons da casa e já se passara três anos. Conheceu pessoas importantes e graças a estas amizades pode trazer vários parentes para o Rio, todas se arrumaram pela cidade em bares, lojas e casa de famílias. Seu objetivo era melhorar a vida dos parentes e dar dignidade com o trabalho. Esforçou-se muito para ter um pouco de conforto, dizia que o trabalho estava acima de tudo na vida. Artur começou direto no assunto falando dela e gostaria de obter informações como nome, trabalho e etc... Zacarias sentiu a ansiedade na voz de Artur e começou a falar, Helena é fisioterapeuta e trabalha em uma clínica no Leblon. Almoçava uma vez por semana com amigos do trabalho, nunca a via com uma amizade masculina que demonstrasse um relacionamento mais sério. Pelo que ouvira morava entre Bangu e Campo Grande e era tudo que sabia sobre ela. Artur agradeceu e pediu sigilo sobre o assunto, Zacarias afirmou o segredo dizendo que garçom era meio psicólogo, houve e dá conselhos o que fez Artur rir e dar a mão em agradecimento. Pediu o almoço simples de sempre, arroz, feijão, salada e um bife a milanesa. Após o almoço retornou ao trabalho feliz em saber que Helena, era um nome bonito como a dona do nome. Helena sentada no sofá do escritório que dividia em dias alternados com dois profissionais amigos de faculdade, pensava no que Ester havia lhe dito, tinha que encontrar alguém que tivesse alguma coisa em comum com ela. Sua vida teria que passar por algumas mudanças pessoais e até mesmo sua transferência para o centro. Esperava que em poucos dias conseguisse falar com o proprietário do apartamento que seu Manoel a indicara.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Amor suburbano - Quarta parte.

A irmã entrara pela sala dizendo que tinha comprado uma calça e uma blusa no calçadão que tudo estava muito barato naquele sábado. A mãe entrou na sala reclamando que perdera muito tempo e que Marta demorou muito para escolher as roupas. Enquanto isso a irmã se defendia falando do banheiro que grande parte do tempo era a mãe que perdera escolhendo uma blusa para Helena. Neste momento Rosa passava o pacote para a filha que sorriu e beijou a mãe agradecendo a blusa branca com frente em renda, certamente esta não havia sido tão em conta, não perguntou, era um presente. Foi em direção ao quarto ao mesmo tempo em que a irmã já vestia a sua roupa, a blusa caiu perfeito no corpo, a mãe conhecia as medidas das filhas, o sábado era assim, feira, mercado e faxina e o preparo do almoço do domingo. Pela noite a amiga Ester sempre vinha buscá-la pra saírem, às vezes uma boate para dançar, uma festa de amigos ou um jantar. Não era de muito sair tinha medo da volta, as ruas desertas na zona oeste eram perigosas. Namorados já havia tido alguns, mas nada sério, quando entrou na faculdade estabelecera uma meta só depois que conseguisse sua independência financeira. A loja estava cheia na sexta-feira era final de mês, o telefone toca sem parar do outro lado do balcão Juliana funcionária mais antiga da loja e filha de Maria Tereza que durante mais de vinte anos foi à empregada dedicada na casa dos seus pais, hoje aposentada, indicava para Artur atender, pegou o telefone e era seu Manoel o porteiro e já começou se desculpando pelo incômodo dizendo que a moça veio perguntar de novo sobre o apartamento e se ele já havia decidido, Artur atendeu o telefonema, entre notas e troco salientou que a moça deixasse uma fiche de cadastro e mais tarde faria uma análise. Desligou o aparelho, sinceramente não gostaria de alugar o apartamento havia comprado para morar, o dos pais era maior ele se sentia solitário, deixaria o tempo passar, mas num futuro próximo iria conhecer a tão famosa amiga de seu Manoel. Arthur subia a serra em média duas vezes ao mês para visitar a mãe e a tia Lara, sempre encontrava os primos e primas. Todas já casadas, ele é padrinho do sobrinho mais velho que já cursava o segundo grau. Geralmente subia no sábado a tarde, gostava da noite de Petrópolis, com seus bares, um show para curtir no fim de semana ou mesmo uma música ao vivo num barzinho. A noite era fresca diferente da orla carioca que também era ótima. A Rua Tereza com seu comércio agitado até um dos primos tinha ali uma confecção, ele e a mulher estava há quase quinze anos, me lembro de que o casal de filhos vivia desde novinhos misturados a panos e retalhos dentro da confecção. Pelo menos uma vez ao mês a família se reunia na casa da tia, um encontro com feijoada ou churrasco. Um encontro animado tinha uma ponta de família italiana com um espírito de festa do carioca. Como a maioria residia na cidade do Rio de Janeiro, nossos encontros tinham um ambiente saudável sem aqueles chiliques de noras e genros emburrados e assuntos chatos, a gente só se via lá na serra. E era lá que a gente saia em grupo para se divertir juntos como nos tempos da nossa adolescência, os filhos ficavam em casa dormindo aos cuidados de minha mãe Almerinda e tia Lara. Voltávamos já de madrugada como se ainda tivéssemos vinte anos e em nossa chegada havia uma farta mesa de café e até sopa para aqueles que abusavam um pouco mais na bebida, no domingo à tarde descíamos para recomeçar na segunda mais uma semana de trabalho.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Amor Suburbano – Terceira parte



Trabalhar na zona sul é um desconforto para quem reside na zona oeste. Um trem e um ônibus, ida e volta é um cansaço em demasia, principalmente agora que dava expediente na clínica até tarde e ficou cansativo viajar todos os dias. Durante a semana quase não via irmã que chegava tarde do cursinho, visto que dormia cedo, pois tinha que acordar às seis e meia da manhã hora esta em que a irmã ainda dormia, Maitê estava com dezessete anos e dedicada nos estudos, pretendia seguir a profissão da irmã, ser terapeuta. Não queria namorar e dizia não se preocupar com isso, como a irmã, os estudos era o mais importante. Mesmo na dificuldade com a morte do pai, parte do seguro de vida proporcionou sua formação e estava garantindo parte da formação da irmã que trabalhava em um pequeno magazine no bairro, com um horário de meio expediente e um salário suficiente para garantir suas necessidades de adolescente. A mãe Rosa uma mulher de andar pesado e lento, ficou viúva com duas meninas para criar, Helena com dezesseis anos e Maitê de oito anos. O marido foi trabalhador da companhia de energia do estado, faleceu de um infarto fulminante aos quarenta e quatro anos, após um acidente de trabalho. Rosa sofreu muito, mas tinha duas meninas para criar e prepara-las para o futuro. Ficou com uma aposentadoria razoável e um seguro de vida que bem administrado custeou a faculdade de Helena a mais velha, a casa própria foi um dos feitos, do marido deixando mãe e filhas em segurança. Mas a filha mais velha insistia em pagar parte dos estudos da irmã, Rosa sabia que era uma maneira da filha pagar todo o esforço da mãe, as filhas eram tudo na sua vida, ela mãe cuidava de tudo, suas roupas, a comida que cada uma gostava e o carinho dado sempre com um beijo na saída e na chegada. Helena estava na sala vendo televisão e sobre a mesa muitos papeis, o fim de semana era também um bota fora, quando do portão veio o som de palma que fez Helena se levantar correndo e verificando pela janela a pessoa que chamava fez um sinal de espera com as mãos pegando a chave e seguindo até o portão. Seu Manoel já havia descido da bicicleta e retirando da bolsa dois potes de tempero caseiro, uma maneira de aumentar sua fonte de renda. A mulher preparava os temperos durante a semana e ele entregava no fim de semana, passou os potes às mãos de Helena e foi explicando-se que na próxima semana iria falar com o proprietário, ela disse que não tinha pressa e quando ele quisesse conversar estaria pronta. Ela se despediu e agradeceu ao homem que esteve buscando ajuda-la este subindo na sua bicicleta saiu para realizar outras entregas. Helena voltou à sala, ficou feliz pela nova possibilidade de negociar e lembrou que por duas vezes visitou a local avisada por seu Manoel quando estava com as chaves para limpeza quinzenal, durante algum tempo visitou vários locais, flats e apartamentos, mas sempre havia uma barreira, imóveis velhos, vizinhança, preço, etc... Quando conversou com seu Manoel homem que conhecia muita gente e disse-lhe que no edifício em que ele trabalhava havia um apto fechado e que o proprietário não tinha intenção de alugar, mas se ela insistisse talvez ele viesse a ceder. Ela já sonhara com o imóvel e já tinha idealizado na cabeça como utilizaria poucas mobílias no quarto teria colchão no chão sobre os tapetes, cabides pendurados e almofadas pelos cantos, somente na sala uma mobília mais formal para receber amigos, tudo seria perfeito a mãe e a irmã, poderiam vir no fim de semana, a praia estava perto e todas poderiam aproveitar. Dirigiu-se para a cozinha e preparou um café, colocou biscoitos em um prato, retornou a sala e se ajeitou no sofá, ligou a televisão correndo os canais e parou em um canal de desenho, desde criança adorava desenhos e mesmo hoje nos momentos de descanso assistia. Acordou com o ruído do portão havia dormido por quase uma hora, levantou e ao abrir a porta da sala, a mãe e a irmã chegavam da feira ajudou com as bolsas enquanto a mãe dispensava o táxi.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Amor suburbano - Segunda parte.


Dois dias depois estava no meu apartamento, não tinha ido trabalhar pela manhã, fiz uma caminhada e comprei jornais. Após folhear os jornais, olhei para o relógio que marcava doze horas, do apartamento ao restaurante seriam trinta minutos, andei de um lado para outro, acendi um cigarro e fui para a janela, mas o meu coração insistia em sair, então apaguei o cigarro e resolvi almoçar na pizzaria ao lado da loja. Eu estava impaciente a todo tempo meu pensamento estava naquele rosto, estranho, nunca havia me acontecido antes. A última vez que fiquei assim foi quando passei dois dias ao lado do meu cachorro, ele estava velho com mais de doze anos e vinha tendo problemas de respiração, comendo demais e andava ofegante com a respiração acelerada. Senti que escorria lágrimas nos seus olhos de uma dor imensa que vinha feito a pontadas, por duas vezes ele apagou e voltou repentinamente que chegou a andar alguns metros e caía e depois foi morrendo aos poucos olhando pra mim que fui massageando o peito dele. Tenho certeza que morreu feliz ao lado da pessoa pra quem ele foi o mais fiel dos amigos, ou seja, o estado de ansiedade por querer viver aquele momento. Saí da loja e no meio do caminho resolvi ir ao Leblon, havia mais de vinte dias que eu não entrava no apartamento, eu o havia comprado a mais de seis meses. A intenção era morar no bairro, mas fui adiando a mudança e já não tinha certeza que mudar seria uma boa ideia. Eu poderia tê-lo alugado e estar ganhando um bom dinheiro, o edifício era bem localizado numa rua residencial de esquina com uma avenida comercial.
Ao entrar apartamento, fui abrindo a porta que dava para a sacada para que entrasse o sol e sem mais imaginei encontrá-la sentada na sacada, e a me ver, levantaria e viria em minha direção me dando um beijo e puxando para o corredor, onde havia um pequeno quarto que ela transformara em um escritório com computador, estante e todos os livros meus e dela reunidos. O quarto principal estava decorado estilo árabe com quadros pelas paredes, fotos minhas, dela e juntos. Grandes almofadas espalhadas e colchão ao chão rodeado de espessos tapetes. Os desenhos foram feitos a mão com lápis de cera, de vários tamanhos, desenhadas em vinte minutos pelos artistas de rua, aqueles que ficam nas praças de Paris. Foi na nossa lua de mel, viagem de vinte dias divididos entre Roma, Paris e Madri. De repente me assustei com uma voz masculina que chamava por meu nome, quando me virei avistei o seu Manoel o porteiro do prédio, me pedia a chave do apartamento, para que pudesse mandar limpar. De pronto passei a chave que estava sobre a bancada do pequeno hall entre o corredor e a sala de estar, seu Manoel pegando as chaves me pediu desculpas pelo susto, eu respondi que não foi nada, então quando chegou à porta se voltou dizendo, o senhor pretende alugar o apartamento é que tem uma pessoa que trabalha aqui perto no centro e está interessada em alugar. Respondi que ainda não tinha tomado uma decisão sobre o assunto, mas se decidisse alugar ele seria a primeira pessoa, a saber, em seguida despediu-se e fechou a porta. E antes de começar a imaginar outras situações fui novamente despertado pelo bater da porta da sacada por uma rajada de vento. Voltei a verificar todo o apartamento, tudo estava em perfeito estado, fechei tudo e desci, na secretaria do prédio me despedi do Manoel e saí andando pela calçada, o vento forte anunciava uma possível chuva de verão para o fim da tarde.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Amor suburbano - Primeira parte.

Amor suburbano



A festa foi perfeita, um casamento preparado com muito carinho e meses de espera. Artur acompanhara o namoro da prima Mara desde a faculdade, Lucas era um bom rapaz e a amava mais que tudo e já estavam juntos há cinco anos, me lembro de algumas brigas entre eles, naqueles dias Lucas não dormia e nem comia até ela voltar o namoro, parecia coisa de adolescente. Enfim, o casamento aconteceu e toda a família compareceu marcando a melhor festa dos últimos anos de Petrópolis, eu estava feliz por eles e ali na serra com toda a família reunida era muito bom. Só sentia a falta de meu pai que sempre foi à alegria em pessoa, brincando, caçoando e contando piadas na hora do almoço. Passei minha infância e
adolescência alternando da escola para a loja e no fim da tarde para casa. Ainda me lembro de que meu avô me dando dinheiro e me mandando lanchar na pastelaria ao lado. Muitos dos clientes ou pessoas que entram na loja hoje foram amigos do meu avô, o qual faleceu um ano depois da morte do meu pai e o tempo parece que voou, pois já se passaram dez anos. Desde então assumi os negócios, eu filho único, foi assim meio no tranco, recém-saído da faculdade de engenharia de Arquitetura de Petrópolis, iniciei minha caminhada no comércio e por vários momentos tive dúvidas se era aquilo mesmo que eu queria ou um escritório de arquitetura na zona sul. Minha mãe foi morar na serra com minha tia Lara parte dos meus primos vivem e trabalha na serra, minha mãe diz que a qualidade de vida é melhor, o ar é mais puro e a tranquilidade dá inveja ao baixo Rio e me ligam pelo menos uma vez ao dia. Já tive várias namoradas, mas nenhuma delas me empolgou o bastante para pensar em casamento e o pior sou muito crítico por algumas vezes desisti de uma relação mesmo antes dela começar. No geral conheço bem as mulheres, tem minhas tias, primas e na loja são duas que já trabalham comigo à quase sete anos. Nunca me apaixonei perdidamente por alguém, mas acredito que nós temos uma alma gêmea escondida por aí a descobrir.
Esta semana como de costume fui almoçar no restaurante que frequento sempre, fica as uns quinze minutos da loja, uma comida boa e frequentado por pessoas que trabalham nos escritórios e clínicas da região de Botafogo. Eu estava no fim
da refeição, quando surgiram no hall três pessoas, um rapaz aparentando trinta anos e duas moças, uma morena de cabelos encaracolados de estatura pequena e a outra uma loira de pele branca vestia um jeans apertado e uma blusa branca de mangas compridas, trazia uma bolsa pequena de couro e sandálias, combinando num marrom claro. Sentaram do lado oposto a minha mesa que estava perto das janelas, onde eu poderia observar todo o movimento do estacionamento e o hall de entrada do restaurante. Havia uma distância entre nossas mesas, o rapaz ficou lado a lado com a morena de pequena estatura que ficou frente para a loira. Escolheram os pratos e sucos, conversavam alegremente, a morena era todo sorriso ao lado do rapaz e a loira falava pouco. Sem perceber, já estava naquela mesa quase uma hora, por dez minutos fiquei a observar, parecia que eu estava sozinho dentro do salão, por momentos não ouvi vozes, nem tilintar dos pratos e talheres. Eu poderia ler seus lábios e fixar nos seus olhos que olhava ao redor sem fitar num ponto fixo, ela passava os olhos por mim sem me ver e eu a deleitar dos seus olhares roubados. Decidi ir embora, pedi a conta ao Zacarias o garçom que sempre me servia, já estava passando da hora do meu almoço. Levantei e fui em direção à mesa dos três, passei olhando disfarçadamente, ela me olhou discretamente, fui demoradamente para o carro e parecia que meu corpo não queria sair daquele lugar.