segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Amor suburbano – Sétima parte.





Artur não foi a Petrópolis no fim de semana, se sentia cansado havia tido uma semana corrida e precisava relaxar, foi à praia caminhar um pouco na volta passou na feira e fez compras de verduras, frutas e peixe fresco. Passou um domingo ouvindo música tinha na estante centena de CDs e discos de vinil dos anos oitenta e noventa, internacionais e nacionais herança dos pais. Durante mais de duas horas ouviu Peter Frampton. Passou algum tempo na cozinha fazendo sua própria comida fez uma salada de legumes e um peixe grelhado e para acompanhar um vinho chileno, após o almoço deitou e dormiu um pouco e ao acordar assistiu a um jogo na televisão. A noite saiu para fazer uma coisa que a muito não fazia, ir assistir a um filme em um cinema ali perto. No retorno para casa parou na carrocinha da esquina para comer um sanduíche o que fez com tamanho gosto, pois se lembrou do tempo de criança quando saia com o pai e mãe pelas tardes de domingo para ir ao cinema ou mesmo quando voltava da serra. Podia comer quantos quisesse e todos comiam até se fartarem, lembranças que trouxeram a dor da saudade, pai e avô, pessoas importantes na sua vida. O avô foi quem o ensinou a pescar, lembra quando pequeno lá em Petrópolis num sítio de um amigo dos avós, tinha um grande lago que podiam até andar de barco a remo e outros dois lagos menores para desenvolvimento dos peixes. Algumas vezes no ano o avô o levara para passar o domingo lá, o bom era pegar o peixe e depois comer, havia a dona Laila que trabalhava na casa, ela limpava e fritava os peixes, me lembro dela dizendo a todos que o peixe do Artur é especial, porque não tinha espinho. Hoje eu penso, o peixe que eu pegava não era o mesmo peixe que eu comia, mas prefiro ainda pensar que sim. Qualquer dia desses pensou em voltar no sítio e ver como vai o pessoal, aliás, os filhos do seu Antenor o construtor amigo do meu avô estão tocando o negócio.
Helena chegou ao escritório com o pensamento em casa, a muito, mãe e irmã não discutiam esta certamente seria uma semana pesada. Foi à área do café onde o pessoal se reunia após os cumprimentos os amigos contaram o que tinha acontecido com o seu Almeida, sofreu um infarto e não chegou a tempo no hospital e faleceu. Ester estava triste ela que vinha cuidando da fisioterapia a mais de seis meses e toda semana ele convidava ela e outras para um almoço. A família avisou a clínica pela manhã e alguns iriam ao enterro, Ester pediu que Helena a acompanhasse o que ficou acertado, pois Renato daria carona. Quando Artur chegou à loja o pessoal já comentava o acontecido, nas lojas da rua onde todos conheciam o Almeida e Artur conhecia toda a família, lembrou que na morte pai como na do avô todos compareceram, avisou Juliana que só voltaria na parte da tarde. Eles chegaram à pequena capela e foram direto cumprimentar os membros da família e a pedido de Ester saíram para o jardim ela não se sentia bem naquele lugar fechado cheirando a flores e foram se sentar um pouco mais distante. Artur entrou na capela e sentiu a sensação de ter voltado alguns anos atrás, muitos rostos conhecidos sentou-se ao lado da família, falou algumas palavras de consolo e depois ficou quieto meio que fazendo número. Naquela noite que passou velando o avô tomou a decisão de assumir os negócios que de herança era de seu direito, a dor da perda o fez virar o homem de hoje. Com a chegada de outros conhecidos cedeu o lugar aproveitando para sair de o ambiente indo acender um cigarro no jardim. Ester e os amigos saíram do pátio da pequena capela e foram fazer um lanche na esquina. Entre os três rolaram vários assuntos como o dia da morte do pai de Helena que morreu eletrocutado nos fios de alta tensão durante o trabalho sobre uma torre, até o momento foi o dia mais triste de sua vida. Helena também comentou como foi o fim de semana em casa sobre o namoro da irmã e naquele clima resolveram mudar de assunto. Neste momento entra na lanchonete Artur, é avistado primeiro por Ester que toca Helena no braço avisando que aquele amigo do seu Almeida que encontraram no restaurante estava no balcão.