quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Meu amigo Airton Gavião.

Na vida conhecemos muitas pessoas, algumas ficam outras passam, mas tem aquelas que passaram e deixaram recordações.
Foi o caso do meu amigo Airton Gavião vindo de uma família tradicional se não me engano da cidade de Bananal interior de São Paulo com quem convivi apenas oito meses. Figura extraordinária administrador de profissão e cantor de seresta de coração e nos meses que convivemos um romântico apaixonado.
Na época 1979 eu lia muito, mas não escrevia e um dia o Airton entrou na nossa sala onde eu e meu amigo Ivison trabalhávamos, sentou na minha frente e disse que precisava conversar, havia se separado a pouco mais de um ano e estava gostando de outra mulher e pediu minha opinião se enviaria flores mas que não conseguia escrever um cartão ou dar um telefonema, imaginem um cara de dezenove anos diante de um senhor com mais de quarenta que lhe pedia conselhos românticos. Minha opinião foi de enviar flores e que eu poderia tentar escrever o cartão, peguei papel e caneta e de primeira escrevi:

Bom dia

Desculpe-me a audácia, mas as flores são para florir seu amanhecer.

Do seu admirador Airton Gavião”

Ele ficou fascinado com o bilhete leu várias vezes e saiu com o papel na mão e disse que na hora do almoço iria à floricultura.
Daquele dia em diante eu fui sua caneta cheguei a escrever várias cartas com ele do meu lado fazendo o papel de crítico, explicava o que queria dizer e eu traduzia moldando as palavras.
O tempo foi passando e ele me dava convites de entrada para a seresta de sexta-feira dia em que ele Airton cantava. Numa noite eu cheguei lá pelas onze e ele que estava no palco e me vendo me cumprimentou com um aceno e no fim falou meu nome para todos ali escutarem e me chamou de amigo e fazendo uma pausa me puxou para uma mesa e me apresentou sua bela amada e entendi sua alegria naquela noite é que ela havia aceitado acompanhá-lo na seresta e me apresentou não só a ela, mas a outras pessoas que estavam ali como o Prefeito e outras figuras importantes da cidade e ficamos conversando e penso que ela jamais soube da ajuda que dei ao Airton.

O que aconteceu nas semanas seguintes o Airton montou casa e se juntou e veio a gravidez e depois vieram os gêmeos. Eu mudei de emprego e às vezes aparecia lá na seresta pra ver meu amigo cantar, era uma boate pequena ali no Ilha Clube situado numa pequena ilha no meio do Rio Paraíba em Barra Mansa. E por vezes a gente se encontrava nas calçadas da cidade, ele Airton, sua mulher e os gêmeos e fomos nos encontramos cada vez menos porque fui trabalhar em outra cidade. O tempo passou e num sábado encontrei meu amigo Ivison e ele me deu a triste notícia da morte do Airton Gavião que havia sofrido um infarto fulminante, fiquei triste e nunca mais escrevi cartas ou cartões para outro amigo.