terça-feira, 25 de novembro de 2014

Tornar


Tornar

Intenso
É o momento
Que se faz presente
O que passou
Está alí, está aqui
Está na retina
Na palma da mão
No degrau da escada

Intenso
É refazer o caminho
Tornar
Do olhar trocado
Mais que voar
Voar pra lá, voar pra cá
Voar de mãos entrelaçadas
Voar no sorriso da foto

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Um sonho de morte





A imagem com que me deparei ao abrir a porta da casa que ia dar na edícula nos fundos do quintal foi arrepiante, um corpo boiando sobre as águas da pequena piscina. Ao me deparar com a cena meu corpo quis voltar, mas a curiosidade foi mais forte, eu tinha que ver o rosto do homem que boiava. Não havia sangue misturado com a água nem pelo chão ao redor da piscina, o corpo estava encostado na borda da piscina entre a parede e a escada que brilhava exibindo seu inox cor de prata, peguei uma vassoura que estava perto da porta e por nojo ou medo não coloquei a mão no corpo e utilizei a vassoura para virar o corpo. Levei um grande susto, pois o rosto era o meu e então me lembrei de que eu morri de frio ao nadar numa piscina cheia de cubos de gelo.
Dei as costas e saí correndo, fechei a porta da casa, meu filho de cinco anos me apontava o teto onde meu corpo estava pendurado, um alarme dispara na minha garagem pego uma arma sobre a estante e saio na varanda de arma em punho, minha mulher implorando para eu voltar, no escuro vejo dois homens encapuzados, ladrões certamente caminho rápido e quando chego perto do carro grito de arma apontada e já não são mais bandidos e sim dois policiais e rindo de mim dizem para que eu atire neles, apontei a arma e puxei o gatilho algumas vezes, mas todos os disparos falharam. Os policiais ainda rindo me deram ordem de prisão e passei de vítima a bandido, corri pela rua e por muito tempo, cheguei numa ponte que dividia a cidade ao meio e vendo os veículos em minha direção tomei uma decisão e pulei no rio mesmo sem saber nadar.
E no fundo do rio na tentativa de voltar a superfície vi um corpo que passava por mim, o turvo da água não me deixava ver a fisionomia do corpo, então nadei um pouco para mais perto e novamente era meu corpo, mas desta vez o corpo era o meu e eu não estava nele. Senti um terror enorme e comei a gritar de medo, de repente uma luz forte e clara entrou na minha retina me deixando cego e uma voz ao fundo que pedia calma e quando meus olhos se acostumaram com a luminosidade vejo minha mulher ao meu lado assustada, entendi que era mais um pesadelo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Inspiração



Tão escura a névoa
Da manhã que se prenuncia
Aos olhos da noite
Minhas mãos passaram
Em branco sobre folhas
Amnésia de verbos futuros
Onde o pensamento desenha traços
Que mostra o passado em nível
Cenas e flashes dão cores à mente
Que na falta do pincel utilizo a caneta
Pois ela trás a rapidez das horas
Que mata o meu tempo demasiado
Em cartas escritas ao léu
Que pesa sobre os ombros
De um coração cansado de recordação

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Imprevisto




Aconteceu o imprevisto
E dele foi criado à surpresa
E nasceu a ansiedade
...do conhecer
E no encantamento
Deu-se a insônia
E na madrugada fria
Houve a reciprocidade
...da coincidência
...do pensar
...do imaginar
Faltou o sono
Encampando a fadiga
E na iminência de amar
Veio à esperança,
...de um curto encontrar.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Seu lugar

Seu lugar

A cidade está lá fora
O vento sopra forte
Na janela do quarto
Pode vir chuva
Luz forte do sol
Eu só admiro
Seu relaxar
Não tem ruído
Só de o seu suspirar
Ofegante, febril
Dedos entrelaçados
ela jura, é não se vá
Já é noite, voou o tempo

domingo, 1 de junho de 2014

Rosa



A natureza opera milagres

Corta-se uma roseira

Passa dias, meses e anos

O caule seco enfeita a terra

E numa tarde chuvosa

De uma primavera

Surgi um broto miúdo

E com o passar dos dias

Cresce e desponta um botão

Que se faz pétala e rosa

E a vida voltou no meu rosal

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Primeiro poema (Festivais estudantis).




Lembrei-me de quando eu escrevi meu primeiro poema ou minha letra de que deveria ter sido musicada pelo meu amigo Sebastiãozinho, que só vista pelo meu outro amigo José Luiz e depois a folha se perdeu no tempo, só me lembro que seu título era (Rapaz) inspirado no movimento musical dos anos setenta, ou seja, a nossa MPB que já esta ficando velha.
Como eu disse nosso amigo Sebastião o escurinho mais branco que já conheci em toda a minha vida, estudava violão, e compunha algumas músicas. Naquela época cada escola da região realizava seu festival de música onde os estudantes se apresentavam, vinha gente de todo lugar e a premiação era bem humilde como um troféu, um violão ou um diploma. Eu que passei algumas férias em Minas propriamente em Formiga na casa da minha tia Ana, lá meus primos Ricardo e Renato tinham começado a estudar violão e eles tocavam algumas músicas como (Rua direita) e outras que utilizavam somente duas ou três notas. Eu no embalo ali juntos por quinze dias comecei aprender a batida e algumas notas, evoluí um pouco durante alguns anos, mas o forte mesmo foi aprender a batida da bossa nova que é o único talento que ficou daquela época que ainda levo timidamente.
Voltando aos festivais o Sebastião precisava de ajuda um segundo violão e uma percussão de levinho, para acompanhá-lo em alguns festivais pela região como Volta Redonda e Barra Mansa.
Então, treinei algumas notas o Zé Luiz também ensaiou a percussão, na época fizemos alguns festivais,cheguei acompanhar uma menina que eu nem conhecia, ficamos sentados do lado de fora da quadra esportiva por mais de quarenta minutos ensaiando uma musiquinha e depois na hora da apresentação foi um fiasco, eu que mal tocava violão levei e ela cheia de coisa nem chegou ao meio da canção amarelando e desistiu, levamos a maior vaia e depois tive que voltar para acompanhar o Sebastião que mais tarde passou ao estudo do piano e abriu uma farmácia se formou e não tenho notícias dele hoje. O Zé a gente se fala de vez em quando é casado com uma amiga de escola da época.
Sei que foi uma experiência e tanto que nunca vamos esquecer com certeza, mas como eu disse no início após aquele primeiro poema e algumas cartas que eu escrevi a pedido do meu amigo Gavião que é outra história que vou narrar em breve, eu só voltei escrever duas décadas depois, anos setenta, quem viveu, viveu.
Março/2010.

sábado, 29 de março de 2014

Fogo



Eu ando cego
Cego estou
Se sinto febre
Febre de amor
Passa o tempo
Não muda a face
Face ao meu sonho
Não durmo, penso
Logo acordo, presente
É dia, é noite
Medos do universo
Nada me conduz
Meu ser é delírio
Seu segredo,
minha energia
vivo na claridade
do meu futuro em fogo

sábado, 1 de março de 2014

Esquinas do mundo



Esquinas do mundo

Não importa o clima
O dia, a noite
Haverá sempre uma saudade
Em alguma esquina do mundo
Como Madri, Bogotá, Roma
Cai sempre uma lembrança
Uma procura que trás a saudade
Uma mão que vai com a outra
Que corre na chuva
Ao atravessar depressa uma rua
Em alguma esquina do mundo
Como Paris, São Paulo, Buenos Aires
Vem à saudade
De olhos, de olhares
Do acenar de mãos
Saudades de esquinas
- Que saudade a minha!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Quarta-feira de cinzas





É carnaval
Lá fora chove
O céu está cinza
O asfalto é úmido
A água escorre
Em direção aos bueiros
Carregam o brilho
Das serpentinas
O adereço do folião

Já é quarta-feira de cinzas
Lá fora chove
A alegria passou
Os sonhos foram vividos
A que voltar a realidade
Outros ainda viverão em sonho
Por não ter o original
É quarta-feira
Lá fora chove
Cinzas de sonhos.