domingo, 26 de abril de 2009

Perfil / Solidão

Perfil

Sou teimoso, insistente.
Não desisto facilmente
Tenho opinião formada
Por isso gosto da certeza

Julgam-me egoísta
Preso a consideração
Sei guardar segredo
Trago comigo a compaixão

Para o invisível
Prego minha coragem
Temo a idade
Conservo a felicidade

Sou prestativo
Trago amor e carinho
Gosto da natureza
Meu coração é um ninho

Gosto do silêncio
Aves e animais
Admiro o espaço
Sigo passo a passo


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Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entesqueridos que não voltam mais... Isto é saudade!

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõecompulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância!

Solidão é muito mais do que isso...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Rabo de cavalo

A praça era pequena tinha apenas três passeios e oito bancos, ficava no centro do bairro e era rodeada de prédios e algumas pequenas lojas. Ali pela manhã poderia encontrar vários idosos a conversar, crianças a brincar nas caixas de areia e nos balanços. À tarde o jogo de dama e buraco liderava, pardais voavam a brigar em bandos e até canários da terra tinham seus ninhos nos baixos postes da praça. Pessoas levavam seus cachorros para passear e sair do stress dos fechados apartamentos do bairro.Mas sempre pela manhã a garota de cabelos pretos e lisos, de estatura pequena vinha para dar continuidade à sua leitura, um livro grosso, outro dia um livro mais magro, ela vinha vestida de calça Jean e uma blusa de moletom, calçava um dia chinelas outro tênis. Usava um brinco discreto e um óculo de grau pequeno, ali ficava por quase duas horas sentada, hora sobre uma perna, hora com as pernas cruzadas a comer as palavras. Os cabelos sempre presos em forma de rabo de cavalo.

- Que linda a menina com os cabelos em forma de rabo de cavalo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O patrão e o diabo.

O patrão e o Diabo.

Faz muito tempo, houve um bom fazendeiro, ele possuía muitos bens e vários empregados escravos. Estes gostavam tanto do patrão, que viviam falando sempre o bem dele.

- abaixo do céu não existe patrão melhor que o nosso. Nos dá uma quantia em dinheiro todo mês mesmo que pouca para nossos gastos pessoais nos faz trabalhar somente o necessário e se preocupa com a saúde de nossos filhos.(diziam os trabalhadores).

Não é como os outros patrões que tratam seus escravos como cachorros e nem dirige a palavra a eles. O diabo estava furioso com o fazendeiro e seus escravos que viviam em grande harmonia, então, se apoderou de um deles o António e mandou que seduzisse seus companheiros contra o patrão.
Um dia os empregados descansavam à sombra de uma árvore e falavam sobre a bondade do patrão e António aproveitou o momento e tomando a palavra, disse:

- Vocês ficam elogiando o patrão, fazemos tudo o que ele pede, queria ver se não o servíssemos bem como ele reagiria com todos nós e certamente nos trataria com maldades como os outros fazendeiros.

As pessoas começaram a discutir com António e por fim, António propôs uma aposta, que deixaria o patrão em fúria e em troca todos os homens dariam suas roupas de domingo e se ele não conseguisse ele daria todas suas roupas.Na manhã seguinte o fazendeiro trouxe uma comitiva de criadores de cabras e ovelhas para uma visita. António que estava dominado pelo diabo virou-se para os seus companheiros e alertou;

-agora vou enfurecer o patrão.

Alguns se colocaram distantes para observar e o diabo subiu em uma árvore e de lá de cima se posicionou para acompanhar o acontecimento. Depois de ter mostrado a fazenda e suas instalações ao grupo, levou a comitiva aos estábulos para apresentar seus animais.Como as cabras e ovelhas moviam-se sem parar o fazendeiro chamou António e pediu que trouxesse um determinado animal para demonstração. António se jogou no meio dos animais como um leão fazendo com que os animais se debatessem uns aos outros, então, agarrou um dos animais com fúria o jogando ao chão segurando suas patas e com os joelhos prendendo seu corpo.Os visitantes ficaram parados e espantados com a violência que o homem agiu sobre um animal pequeno e dócil como aquele e sobre a árvore o diabo sorriu.
O fazendeiro se colocou sombrio, franziu a testa abaixou a cabeça e não pronunciou uma só palavra, por alguns instantes elevou a cabeça ao céu com os olhos fechados, tempo depois abaixou a cabeça, abriu os olhos e fitou António com ar de serenidade e disse;

- Oh! António! – teu patrão te ordenou que me irritasses, mas o meu patrão é mais poderoso que o seu. Saiba que não receberás nenhum castigo, visto que quer sua liberdade eu te dou em presença de meus convidados. Pode ir procurar seu caminho e pode levar seus pertences e tuas roupas de domingo.

Neste momento o diabo desceu da árvore e se afundou nas profundezas da terra.
15/01/09.