segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Amor suburbano – Quinta parte



Ester entra na sala sem bater como sempre fazia, vinha falando rápido e já perguntando como havia passado o fim de semana de Ester. Mas antes que Helena respondesse já iniciara a narração do seu próprio fim de semana havia ido à praia no sábado, o sol esteve quente por isso toda a manhã passou conversando com Renato. Dessa conversa marcaram um encontro para almoçar no domingo ele a pegou as doze e foram almoçar na parte alta da Boa Vista e foi uma tarde e tanto, Helena ficou ouvindo-a narrar todo o acontecido e no fim simplesmente perguntou se rolou alguma coisa e Ester respondeu que rolou alguns beijinhos e tinha tudo para continuar rolando. Então Ester perguntou de novo como havia sido o fim de semana da amiga e esta respondeu que nada de interessante respondeu que havia ficado em casa arrumando casa e ajudando a mãe... Ester interrompeu e foi questionando até quando a amiga iria ficar assim sem namorado, sem vida social e que estava na flor da idade e que trabalhar era bom, mas precisava viver também. Helena respondeu que tudo tinha sua hora e que a deixasse trabalhar, pois tinha que organizar a sua semana. Quando Ester saiu e fechou a porta, Helena soltou a caneta sobre a agenda e em pensamento concordou com a amiga, um namorado já estava fazendo falta. Já se passara quatro fins de semana dentro de casa e até a praia que tanto gostava havia afastado. Na realidade queria morar no centro ou na zona sul, poderia trabalhar em outra clínica e aumentar seu tempo de atendimento, sabia que várias clínicas precisavam de mais profissionais. Mas duas horas era o tempo que gastava para chegar à clínica e estas horas somavam um dia a mais de atendimento na semana. Com um carro teria um grande ganho no deslocamento, seria difícil, mas o momento estava chegando, falar com a mãe e a irmã sobre a possível mudança. D. Rosa certamente não iria gostar do assunto, mas Helena sabia que no fim a mãe aceitaria, pois a muito já sabia o que era importante para a filha, balançou a cabeça, voltou para suas anotações. Início da semana, meio de expediente o movimento na loja era fraco, conferir mercadorias e organizar vitrines era o que havia para fazer. O fim de semana em Petrópolis havia sido bom se divertira bastante junto a mãe, primos e sobrinhos. Teve tempo para uma conversa reservada com a prima Clara, contara sobre a moça que havia se interessado no restaurante e a prima ficou excitada, quis saber detalhes e o encorajou a conhecê-la mesmo que para uma futura amizade.
Dados as ordens para a tarde saiu para o almoço, pegou o carro e rumou chegando ao restaurante por volta das doze horas, sinceramente não pensava encontra-la naquele dia. Seu objetivo naquele dia era falar com o garçom Zacarias e descobrir tudo o que pudesse sobre ela. Chegou ao restaurante mais cedo e com pouco movimento foi recebido pelo chefe que lhe indicou uma mesa e que o garçom viria em seguida, sentou-se na mesma de frente para o estacionamento e pensou na última vez que a viu, já se passara duas semanas. Com o olhar perdido ao longe não viu quando o homem de terno preto estava em pé ao seu lado, Artur o convidou a sentar o que ele recusou dizendo que estava a trabalho e que em pé estava bem. Ali estava um homem de estatura pequena, nordestino e estava no Rio quase quinze anos, já havia trabalhado de servente, porteiro, trocador de ônibus então há oito anos era garçom. Passou por vários bares e outros restaurantes na zona sul o que acumulou experiência fazendo dele um dos melhores garçons da casa e já se passara três anos. Conheceu pessoas importantes e graças a estas amizades pode trazer vários parentes para o Rio, todas se arrumaram pela cidade em bares, lojas e casa de famílias. Seu objetivo era melhorar a vida dos parentes e dar dignidade com o trabalho. Esforçou-se muito para ter um pouco de conforto, dizia que o trabalho estava acima de tudo na vida. Artur começou direto no assunto falando dela e gostaria de obter informações como nome, trabalho e etc... Zacarias sentiu a ansiedade na voz de Artur e começou a falar, Helena é fisioterapeuta e trabalha em uma clínica no Leblon. Almoçava uma vez por semana com amigos do trabalho, nunca a via com uma amizade masculina que demonstrasse um relacionamento mais sério. Pelo que ouvira morava entre Bangu e Campo Grande e era tudo que sabia sobre ela. Artur agradeceu e pediu sigilo sobre o assunto, Zacarias afirmou o segredo dizendo que garçom era meio psicólogo, houve e dá conselhos o que fez Artur rir e dar a mão em agradecimento. Pediu o almoço simples de sempre, arroz, feijão, salada e um bife a milanesa. Após o almoço retornou ao trabalho feliz em saber que Helena, era um nome bonito como a dona do nome. Helena sentada no sofá do escritório que dividia em dias alternados com dois profissionais amigos de faculdade, pensava no que Ester havia lhe dito, tinha que encontrar alguém que tivesse alguma coisa em comum com ela. Sua vida teria que passar por algumas mudanças pessoais e até mesmo sua transferência para o centro. Esperava que em poucos dias conseguisse falar com o proprietário do apartamento que seu Manoel a indicara.