quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O taxista e o Pastor.

João trabalhava como taxista no grande centro de São Paulo, casado e com dois filhos, alguns membros da família como tios e tias eram evangélicos. Por muitos anos viveu dividido, hora ateu, hora católico ou simpatizante das religiões da moda.

Um velho amigo do ponto de táxi o qual conversava muito nos momentos de espera de clientes, era evangélico e todo o dia pregava a palavra de Deus para João, falava da necessidade de ter Deus no coração e de seguir a palavra e que devia fazer uma visita no seu templo no fim de semana e que levasse a mulher.

João chegou a casa e contou para sua mulher o convite do amigo, a mulher questionou o marido sobre a opinião que tinha sobre homens que guiavam certas religiões, principalmente sobre o tema do dízimo que os fiéis contribuíam para as igrejas. Mas João falou que iria, em consideração ao amigo.

Chegado ao fim de semana João, mulher e os filhos se arrumaram e foram ao culto das sete horas, o templo estava cheio pessoas de todas as classes e todos felizes. O culto iniciou com grupos vocais cantando louvores, logo após, o pastor fez sua pregação que durou cerca de trinta minutos. O tema da pregação “a ganância e a honestidade do ser humano” e no fim do culto o amigo o apresentou as várias famílias que vieram conhecê-los e não tiveram tempo de serem apresentados ao Pastor.

Na semana seguinte João estava com seu táxi no estacionamento de um supermercado e um senhor veio em sua direção perguntando se o táxi estava livre, João abriu a porta para o homem que colocou as bolsas no banco de trás e sentando no banco do carona passou o endereço para a corrida. João reconheceu o homem era o pastor, se limitou a responder os questionamentos do homem e em vinte minutos estava diante da casa do homem.

João passou o preço da corrida e devolveu o troco ao homem, quando já ia ligando o veículo o homem tocou no vidro da porta do carona e com uma nota na mão, disse:

- meu caro, você errou no troco, me deu dinheiro a mais.

João agradeceu ao pastor e deu a partida no veículo. A partir daquela data passou a freqüentar o culto todas as semanas e se firmou na presença de Deus.

sábado, 27 de novembro de 2010

Amante secreta

Caminhei com você
E ao seu lado viajei
Quando tu falavas
Eu não ouvia
Simplesmente sonhava
Andei pelo mundo
Louco de paixão
Imaginei mil beijos
Toques de dedos e mãos
Senti o roçar de pernas
E voei, voei, voei...
Saboreando o beijo quente
Nos lábios da ilusão

sábado, 20 de novembro de 2010

Crateras

A terra é cavada, cortada
O monte se torna num fosso
O veio d’água que alimenta as raízes
Das grandes árvores e da mata virgem
Agora flui ao ponto central da cratera
Pássaros que bebiam o orvalho
Depositado nas folhas
Bebem hoje a água quente e suja
Estocada a luz do sol
Que arde sobre a terra morta.

domingo, 14 de novembro de 2010

Caminhar

Estou aqui simplesmente
Quanto aflito
O destino já está apontado
O temor já é passado
Cabe aos céus vigiar
Aponto o certo
Que ainda há tempo
De corrigir o incerto


2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cafeteria da Isabelle

Lavar o chão da cafeteria
Não é para todos
No entanto, ela Isabelle
...só ela o lavava.
Com muita água,
...sabão, escovão.
E com muito carinho

Além do chão
O balcão, as banquetas.
...as pequenas mesas.
Trocar a toalha
O guardanapo
O açucareiro

O calor faz exalar gotas de suor
...sobre a pele fina.
E escorrem como gotas de orvalho.

Enquanto caminha com a limpeza
A água ferve no pequeno fogão
O pó do café já posto
...no coador de pano,
...sobre o bule esmaltado.

Retira do balcão de vidro
Tabuleiros com restos
de bolos e pãezinhos.
Coloca-os sobre a pia.

Passa o pano úmido sobre o balcão
Volta ao café que vaporiza o ar
Ajeita uma xícara

- açúcar ou adoçante? ...pergunta Isabelle.
- açúcar! ...eu respondo.

Sorri novamente com o suor sobre a testa
...e o avental molhado.
Passa o pano úmido sobre o balcão
Eu o tomo em dois goles


Ela junta as toalhas e panos
Joga-os no cesto
Que fica no estreito corredor,
que leva a pequena cozinha.
Vira-se e sorri
Passando as mãos sobre a testa
Num ar de cansaço.

- pode baixar a porta?
- toma outro café comigo? ...ela faz duas perguntas seguidas.

O ponteiro do relógio marca 23 h.

- claro! ...eu respondo indo em direção a porta.

- você ainda faz aquela massagem? ...Isabelle pergunta colocando o açúcar nas duas xícaras.

domingo, 17 de outubro de 2010

Cigana

Se é uma cigana
Darei-te uma rosa
...vermelha.
Bela como tu
Darei-te um amor
Eterno como a lua
Se é uma cigana
Tens olhos negros
Que reluzem seus cabelos
Quando danças
...com emoção
Se é uma cigana
De Espanha, Chile, Romênia.
Habita em meu coração
Será luz do meu caminho.

sábado, 9 de outubro de 2010

Meu caro amigo

Meu caro amigo
Algum tempo não tinha notícias de você

Depois do seu divórcio
Andou sumido
Não aparece no nosso bate bola
De quarta feira

Quem te viu
Disse que andavas
Sem alegria, sem inspiração
Ainda mais você um bardo

Por vezes te viram
Saindo de uma pizzaria
A andar de bicicleta

Mas ontem num papo
Com um de nossos amigos
Confidenciou-me
“como dizia Vinícius – tu estás gamado”

Sinceramente fiquei feliz
Dizem que a moça é bonita
Tem talentos...
Por te fazer voltar a sorrir
Certamente lhe trará inspiração
Não é que não tenhas
Visto que, é nato
Mas eu sei que ajuda

Nós, teus amigos
Embaixo dessa bátega
Correndo atrás da redonda
Dedicamos-te vida longa
Viva intensamente sua bela
Já que estás gamado
E só ande grudado.

domingo, 3 de outubro de 2010

Jiuly

Ela é cheia de dengo
Tem cama, tem colcha
Tem hora de dormir
Por vezes quase que fala
Em não aceitar o pito que leva
Ah! Diuly
Cachorrinha inteligente
Porque gosta tanto de manteiga?

sábado, 25 de setembro de 2010

A minha rua

Sempre me importei com a minha casa e não com a minha rua.
Eu sempre tive pouco tempo, saio para o trabalho às seis horas da manhã e retorno as dezenove, ou seja, durante a semana é casa e trabalho, somente no fim de semana eu vou à rua para limpar a frente da calçada ou cuidar as plantas.
Eu conhecia muito pouco dos problemas da minha rua, por exemplo, que fulano da terceira casa da esquerda se separou da mulher, foi um escândalo porque ela fugiu com outro cara.
Um lado da rua que eu pouco passava tinha vários buracos e com as chuvas iam aumentando, notei também que as lâmpadas do poste desta esquina estavam queimadas.
Outro caso estranho havia dois irmãos que moravam na rua em casas opostas e que não se falavam há mais de cinco anos por problemas da partilha de herança.
Em frente a minha casa tinha um galpão que servia de depósito para materiais de construção e na sua entrada havia uma placa de “vende-se” há muitos anos e sempre que aparecia alguém para comprá-lo o negócio não era fechado devido à mulher do proprietário não assinar os papeis na hora “H”.
Eu sempre tive meus cães e nunca foram para a rua, ficam soltos no meu quintal que é extremamente grande para uma habitação urbana, mas outros vizinhos deixam seus cães soltos pela rua, correm pela rua de portão em portão e fazem que os cães que estão presos latem por toda a noite e não nos deixam dormir, além de assustar outras pessoas que passam pela rua.

Por mais simpáticas que são crianças, na minha rua há algumas que nos incomodam bastante, um que gosta de esvaziar pneus de carros e tem apenas sete anos de idade, não sei quem ensinou isto a ele.
Outros que gostam de jogar bola em frente às casas e chutam a bola nos portões das casas e por último em época de ventos fortes, fazem subir suas pipas e quando voam após as disputas no ar ficam gritando pedindo que as peguemos quando caem em nossos quintais.

A minha rua é assim cheia de problemas, certamente como outra rua qualquer, de outra cidade qualquer, de outro país qualquer e que por vezes nos deixam nervosos e outros acontecimentos que as torna feliz para o convívio de todos, como a pequena Beatriz que começou a andar na semana passada neta da D. Laura, xodó da rua, mas que daqui a alguns anos vai aprontar na minha rua.

S30/09.

domingo, 12 de setembro de 2010

Amante secreta

Caminhei com você
E ao seu lado viajei
Quando tu falavas
Eu não ouvia
Simplesmente sonhava
Andei pelo mundo
Louco de paixão
Imaginei mil beijos
Toques de dedos e mãos
Senti o roçar de pernas
E voei, voei, voei...
Saboreando o beijo quente
Nos lábios da ilusão


21/07/2010

domingo, 5 de setembro de 2010

Sinatra no sítio do seu Queiroz.

A despedida.

O almoço foi servido as doze em ponto e foi uma fartura da culinária mineira para a última refeição do artista que já estava acostumado após o almoço a reunir na varanda para uma conversa e o que ele encontrou foram todos os empregados para a despedida do cantor, Francis se despediu de todos os empregados e por último um forte abraço em D.Helena e Queiroz, entraram na Rural que os levaria até a aeronave e tudo foi registrado pela câmera do Almeida.
Em poucos minutos a pequena aeronave levantava vôo lá no fim do pasto e sobrevoaram a propriedade tomando a direção do Rio de Janeiro num dia de céu azul como os olhos do hóspede que pousou na fazenda do seu Queiroz naquele ano de 1975.


FIM

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sinatra no sítio do seu Queiroz

Visita ao cinema.

D Helena pediu para que partissem depois do almoço e que pela manhã visitassem o pequeno cinema da cidade que era administrado pelo seu Nelson Mendes um aficionado em cinema e que ficaria feliz pelo resto da vida, Sinatra confirmou a visita pela manhã junto a Queiroz. Pela manhã por volta das nove horas seguiram em direção a cidade, estacionaram o veículo em frente a uma casa grande que ficava de frente para a praça principal da cidade, bateram palmas no portão, seu Nelson veio andando devagar e com alegria abraçou o amigo, Queiroz disse que tinha uma surpresa, que havia trazido uma pessoa para ele conhecer e abril a porta da Rural, então desceu Sinatra com seus olhos azuis e o dono da voz ficou de pé frente ao seu Nelson que foi tomado de uma alegria e não se contendo abraçou o artista como se abraçasse um grande amigo e chorou de emoção. Sinatra pediu para conhecer o cinema, eles entraram no veículo Queiroz parou no Foto Almeida e pediu o amigo para levar a máquina para o cinema rápido. Lá seu Nelson contou toda a história do cinema, que foi com muito sacrifício que iniciou o funcionamento com máquinas já usadas compradas em São Paulo, foi ao quadro de fotos do escritório e mostrou artistas que passaram pela cidade nas festas agropecuárias de anos anteriores e que ali já havia passado fitas do cantor e autor como “Confidências de Hollywood”, “Os bravos morrem lutando” e “Os 3 sargentos” e sempre era um grande sucesso e enquanto a visita se desenrolava Almeida ia tirando fotos e para o final foi feita uma foto oficial com seu Nelson e Sinatra, a despedida foi feita na porta do cinema e seu Nelson disse que a visita do artista foi um troféu a cidade de Lafayete.

Próxima semana:Final

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sinatra no sítio do seu Queiroz - III

Visita a propriedade

Seis horas da manhã a mesa já estava preparada com uma variedade de queijos, bolos, pães, doces e o café com leite fresco. D. Helena estava radiante e o sol já brilhava no horizonte e só por volta das oito horas os hospedes chegaram à sala e ficaram conversando a espera da presença do artista. Sinatra chegou elogiando o sol, o ar puro e a mesa do café.
Terminado o café todos esperavam que partissem, mas para surpresa de todos Sinatra pediu que seu Queiroz apresentasse a propriedade e gostaria de fazê-la a cavalo. Uma pessoa da fazenda foi chamada para preparar os animais, meia hora mais tarde Queiroz, Sinatra e o latino partiram em direção ao lago que ficava na parte baixa e onde se criava tilápias, por três horas visitaram o curral, as baias dos cavalos, porcos e ovelhas.
Sinatra ficou fascinado com o canto dos pássaros, principalmente dos canários da terra que pastavam no piso ou nos coxos de farelo onde comiam o gado.
Percorreram toda a extensão da fazenda e perto do meio dia retornaram a sede, nesse tempo o piloto fez contato com a torre no Rio passando a posição da aeronave. O almoço se estendeu por duas horas e Sinatra estava alegre havia tomado várias branquinhas como diz o pessoal lá em Minas e perguntou se poderia abusar do Queiroz e ficar por mais um dia o que foi recebido com muita alegria por D. Helena. Sinatra ficou curioso pela produção da cachaça e sentados na varanda ele contou um pouco da infância e do início da carreira. Queiroz contou que havia um empregado o António que tocava uma viola e era um bom cantor de moda nas noites de luar, Sinatra quis ouvi-lo e conhecer-lo, Queiroz pediu que fossem buscá-lo e minutos depois António chegou com sua viola surrada meio vergonhoso por estar entre gente importante, mas tocou e cantou para os convidados do seu Queiroz. Sinatra cantou “My Love” sem acompanhamento, pegou a viola e até tentou alguns acordes orientado por António que sem saber da importância do homem que estava sentado a sua frente tentando tocar na sua viola surrada. Naquela tarde com a Rural saíram em direção ao sítio onde se fabricava a cachaça “Seu Queiroz” uma marca que completava quase cem anos e tinha qualidade. Passaram por alguns sítios, o veículo por várias vezes foi parado para trocar uma palavra até a chegada ao Sítio Boa Esperança, um casarão antigo e um galpão grande e moderno. Era uma produção bem manual tocada por cinco funcionários, somente a parte do engarrafamento era automatizada por algumas máquinas modernas. Sinatra passou quase duas horas na propriedade, caminhou pelo canavial, acompanhou toda a produção, visitou a Adega provando algumas doses e ao final da visita Queiroz os presenteou com uma caixa especial com duas garrafas de uma safra especial 1950, no retorno a fazenda pararam no bar do seu Duca, uma mercearia pequena onde podia se encontrar fumo de rolo a câmara de pneu de carroça, os gringos foram apresentados e é claro que ninguém reconheceu os visitantes tomaram café quente com bolinhos de chuva. Entraram pela grande sala o relógio já marcava dezoito e trinta da tarde o jantar foi bem divertido, Sinatra contou que viu uma pessoa entrar na mercearia e fazer compras sem descer da bicicleta, que seu Duca falava sem parar, eles conversaram um pouco na varanda, Sinatra comunicou que pela tarde do dia seguinte iria retornar ao Rio de Janeiro, seu Queiroz e D Helena agradeceram a presença do artista na sua fazenda mesmo que tivesse sido por uma coincidência, mas que as portas estavam abertas para ele e os amigos sempre. Sinatra elogiou tudo e agradeceu ao casal e quis falar com o empregado António o violeiro, foram chamá-lo e como sempre chegou meio tímido, Sinatra o cumprimentou e levando a mão ao braço esquerdo retirou um relógio de ouro do pulso e ofereceu ao violeiro e disse que era um presente pelo momento musical que lhe havia proporcionado na noite anterior e que jamais esqueceria os dias de convivência junto a todos.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sinatra no sítio do seu Queiroz - II

A recepção

O veículo tomou o caminho da estrada de terra e ao longe se avistava pequenos pontos de luz já acesas da casa grande da fazenda. Entraram pela varanda rapidamente devido aos fortes ventos já com pingos de chuva sobre suas cabeças. A porta da sala foi aberta por uma senhora de estatura mediana já com seus cabelos brancos e ligeiramente de modos finos, via-se que seus traços ainda traziam a beleza da juventude assim era D.Helena a mulher do seu Queiroz, um fazendeiro que levava o sobrenome do pai famoso no interior de Minas Gerais.
Os hóspedes pararam no meio da grande sala e D.Helena foi tomada de um susto e colocando as mãos sobre a boca não acreditando na figura que estava diante dela, nada mais, nada menos que um americano de olhos azuis e poucos cabelos estendendo a mão para cumprimentá-la e se apresentou simplesmente como Sinatra, seu Queiroz que durante o percurso não prestou atenção nos viajantes também ficou surpreso ao reconhecer um dos homens mais famosos da América, o outro era um sujeito latino com cara de mexicano que se incumbiu de traduzir os curtos diálogos trocados nas apresentações.
Todos sentaram e ficou acertado que não haveria possibilidade de voar mais tarde e que então seriam hóspedes por uma noite e D.Helena chamou Amélia à empregada orientando para preparar as acomodações para os três homens, a melhor suíte seria para o rei da voz e avisou a todos que o jantar seria servido em uma hora. Ficaram ali na sala por algum tempo conversando e por fim foram levados aos seus aposentos para um banho e trocar de roupas.
O casal não acreditou que em uma suíte de sua casa dormiria Frank Albert Sinatra. Passado uma hora um a um foram retornando a grande sala, onde uma mesa para doze lugares estava sendo preparada e que a muito não era utilizada, somente nas datas comemorativas quando os filhos viam de São Paulo para as férias de fim de anos ou um feriado prolongado, sobre ela estavam depositados os melhores pratos da culinária mineira.
O jantar transcorreu com muita conversa e foi servido como aperitivo uma pinga “Do seu Queiroz”, Sinatra tomou algumas doses e comeu galinha com quiabo a qual foi muito elogiada ao final do jantar e para sobremesa foi servido queijo minas com goiabada e uma travessa de doce de abóbora. Terminado o jantar, passado a chuva sentaram na varanda e fumaram um original charuto cubano oferecido pelo próprio Sinatra. D.Helena aproveitou a alegre conversa para fazer algumas perguntas ao cantor, como saber da sua carreira no cinema e no disco, Sinatra respondeu a todas as perguntas e agradeceu pelo carinho e a hospedagem. Já era tarde e os hospedes foram descansar, afinal o dia tinha sido agitado.

Próxima semana cap 3.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sinatra no sítio do seu Queiroz.

Parte 1 - A tempestade e o pouso.

Ano de 1975, uma pequena aeronave levanta vôo do recém inaugurado aeroporto do Rio de Janeiro o Galeão, levava dois passageiros e um piloto, seu destino Belo Horizonte no estado de Minas Gerais às 16h30min da tarde.
Após trinta minutos de vôo a aeronave se encontra com uma tempestade de fortes ventos, naquele momento já estavam sobrevoando o estado de Minas Gerais em contato com a torre no Rio recebeu a orientação para desviar a rota para o interior do estado no intuito de fugir da tempestade. Os passageiros estrangeiros ficaram nervosos diante da situação e conforme o piloto a torre do Rio os orientou a não retornar. O vendaval acompanhou a rota na qual a aeronave seguia para o interior e quando voava sobre a cidade de Lafayete, não foi possível manter o vôo e o piloto começou a descer para tentar encontrar uma área plana para que pudesse pousar. Não houve mais contato com a torre, o relógio mostrava 17h40min minutos e a claridade da tarde mostrava um grande campo de forragem verde e rasteira.
O piloto avistou uma área que seria possível pousar e a decisão foi rápida e a possibilidade de danificar a aeronave era quase nula, deu uma volta de reconhecimento e avaliação da direção do vento. O pouso foi feito sem riscos e com a aeronave no chão os passageiros não desceram, após alguns minutos viam-se ao longe alguns pontos de luzes de um veículo em direção à aeronave era uma Rural 1967 o vento era forte e já estava ficando escura. O veículo parou e dele desceu um senhor que veio de encontro do piloto que também já estava fora da aeronave. Foi uma conversa rápida entre os dois homens e o piloto pediu que os dois estrangeiros passassem para o veículo enquanto ele o piloto passava as bagagens para o veículo.

Próxima semana: Cap II.

domingo, 25 de julho de 2010

Dor de coração

Das dores da vida
A dor de coração por
Uma palavra forte
Dita no momento da raiva
Pode magoar um coração
Alheio.

Das dores da vida
A dor de coração por
Um olhar desviado
Pode magoar um coração
Pretendente.

Das dores da vida
A dor de coração por
Um amor que se afasta
Sem uma causa justa
Magoa demais um coração
Apaixonado.


Março/2010

sábado, 17 de julho de 2010

Manhã cinzenta

Hoje acordei
Meio assim chateado
Uma tristeza interna
Que me deixou
Com sono
Sem vontade de tudo
De sair da cama
De não querer ver o sol
E nem saber
Se lá fora chove
E se as ruas
Estão lavadas
Se há lixo para descartar
Sem vontade de comer
Somente abri meu email
Sem esperança de novas
E para minha surpresa
Havia uma nova mensagem
Era de alguém distante
Que conheço virtualmente
E que era composta
De uma pequena frase
- Me desculpa por ter sumido,
bom dia.
E o dia se transformou em luz.


Maio/10

sábado, 10 de julho de 2010

Por que não.

Por que não
...sorrir.
...às vezes chorar.
...dormir.
...passar noites em claro.
...odiar.
...de vez em quando,
caminhar e suar.

Por que não
...esquecer.
...conhecer.
...brigar.
...acalentar.
...passear.
...se preocupar.
...ser feliz.

Por que não viver cada dia,
como se fosse o último dia.
Por que não
...AMAR.


S4809.

domingo, 13 de junho de 2010

Ainda sobre meus 50 anos.

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de confrontações, onde tiramos fatos a limpo. Detesto fazer acareação de desafetos que brigam por um majestoso cargo qualquer.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena.

sábado, 5 de junho de 2010

Cidade de Vigo

Porque não gostar de Vigo
Se o cheiro da maresia
Está em todo lugar.
Se nas suas calçadas
Reinam insolentes gaivotas
Passear por suas costas
De mar bravo e areias grossas
E no meio do atlântico
Flutuam as belas ilhas Cies
E da imponente Ponte de Hand
Podemos admirar suas Rias
Tomar uma caña na Porta do Sol
Assistir um pequeno show
Sentado no gramado de Castrelos
E vibrar nas batidas do tambor
Para o Celta no cheio Balaidos
Sua forma própria de falar
Na língua do “X” galego
E admirar suas personalidades
...Marta Larralde
...Antonio Garcia Teijeiro

-Viva Vigo dos galegos e do mundo!

sábado, 29 de maio de 2010

Visões

Girrasol

Semana passada, fiz uma viagem ao interior de outro estado,
passei por um campo coberto de girrasois amarelos.

- Parecem milhões de carinhas sorrindo para quem passa pela auto-estrada.

S47/09.

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Pico do Itatiaia

Quando cheguei ao pé da serra
E vi o cume que parece estar suspenso
Perto do céu com suas prateleiras
Rodeadas de névoa como um manto

- Então entendi que Deus existe.


Fevereiro/2010

terça-feira, 11 de maio de 2010

Cinco décadas (Idade da profundidade)

Há muito que venho refletindo
O tempo está passando ou chegando
Para os meus cinqüenta anos

Refletindo mais sobre a idade penso
Ainda amo a mãe dos meus filhos
Tenho cachorros, casa, já plantei árvores.
E um artista disse certa vez
Que temos que escrever um livro
Depois dos cinqüenta
Para contar a experiência vivida
E chegando aos cinqüenta
Não são horas de fazer experiência
O tempo é curto, tem que ter objetivos

Posso contar nos dedos
Os amigos que tenho
E quantos mantêm
Quantos sumiram pela vida
E outros que eu tenha feito
Nos últimos anos

Não posso mudar o passado
Mas tenho que viver o presente
E sonhar ainda com um futuro
Promover a harmonia
Usar o bom senso na família
No trabalho e na vida
E me pergunto:

- Quando comecei a refletir sobre a idade?

Lembrei-me!
Foi lendo um poema “Idade da profundidade”
Do poeta António Viana da cidade de Braga/Portugal
Cidade onde passei várias vezes nas minhas idas a Porto
Poeta este que me atendeu prontamente
Quando enviei lhe um pedido para utilizar seu poema
Nesta pequena reflexão que eu nem tinha iniciado
O poeta Nitoviana é um amigo de site, o Luso.

“Idade da profundidade”

A profundidade não está
Nas palavras obscuras
Nem no que juras
A idade não está
No que és
Nem no que jaz a teus pés
A profundidade está
Nas coisas límpidas
A idade está
No que ainda não és
Profundo é o mundo
Que se torna fecundo
Idade é a vida
Com profundidade
Profunda é a vida
Em claridade
Idade é a vida
Em verdade!

(Nitoviana, 2009 – Braga/Portugal).

E refletindo mais sobre a vida
- Quantos anos mais me reservam a vida?
Se a idade é vida!

Só posso me cuidar...

- diminuir a gordura
- diminuir o açúcar
- diminuir a bebida
- e se o tesão acabar?
- vira essa boca pra lá...

Tracei um objetivo, viver bem.

sábado, 1 de maio de 2010

Cavalgada

Tem coisas que outros gostam e a gente não gosta.
Uma delas é cavalgada, eu gosto dos cavalos, mas não de cavalgadas.
O cavalo é o símbolo de força, porte, talvez o único atleta entre os animais e desejado por muitos.
Não discordo, só não gosto de cavalgar, acho chato subir no animal e sair por aí atravessando rios, subir e descer morro.
Deixar o animal cansado e a pessoa ali em cima sacolejando, ainda diz que é esporte, esporte para o animal.

- Alguém já passou por uma cavalgada?

Imaginem cerca de 30 cavalos, têm gente de todo tipo, criança, mulher e velhos, mas um detalhe quase todos são obesos.
Esporte bobo este onde quem sofre é o animal.

– Detesto cavalgada, mas admiro os cavalos.


Fevereiro/2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dúvida de poeta

Ah!

Se eu não pudesse escrever

Mente vazia

O que seria

Não teria o que fazer
Graças a ti

Intuição, talento

Inspiração, sentimento
Eis me aqui

De folhas abertas

Com poucas letras

Mas de sentimentos

Que fortalece minhas mãos
E me afaga nas palavras

Ah!

Se não pudesse escrever

Que ser eu seria





Março/2010

domingo, 18 de abril de 2010

Inevitável amor

Olhar e tocar

E ver diante dos olhos

A possibilidade do inevitável amor



Minhas mãos

Que transpiram geladas

Com a possibilidade do inevitável amor



Meus lábios

Imaginam a umidade dos teus

Com a possibilidade do inevitável amor



Meu coração

Que palpita num ritmo acelerado

Com a possibilidade inevitável do amor



Querer-te

Em pele sob os lençóis

Nesta madrugada do inevitável amor





Janeiro/2010

sábado, 3 de abril de 2010

Canários da terra

Anos atrás não se via canário da terra a cantar pelos pastos, gramados e postes das ruas. Havia muitos passarinheiros, apreendiam todos os tipos de pássaros que cantavam.
Rubem Braga, escritor, jornalista e cronista, aliás, o melhor, era passarinheiro, tinha melro, curió, virado, coleira e até currupião trazido do norte e canários da terra.
Meu pai era passarinheiro, lá em casa tinha umas trinta gaiolas, sabiá, coleira, tico-tico e canários da terra.
Meu tio Mário irmão de meu pai era passarinheiro gostava de curió, azulão e canários da terra, ou seja, os canários da terra sempre estiveram por aí.
Lembrei-me que as uns anos atrás eu e um amigo conversávamos sobre os canários da terra, não só na nossa região eles sumiram, mas em outras regiões nas áreas urbanas de cidades como Juiz de Fora e outras.
E aí sem que tivesse me atentado num sábado pela manhã admirando o meu gramado, vi coisinhas amarelas se mexendo pela grama me levantei para ver melhor e era um casal de canários da terra, o macho amarelo forte e sua fêmea parda com um amarelo disfarçado e seus três filhotes pardinhos pastando a procura de sementes e bichinhos. E assim começaram a aparecer mais filhotes que cresciam e sumiam e vinham mais filhotes. Em frente a minha casa agora tem um casal que habita no alto do poste. Nas minhas caminhadas pela tarde, passo perto de um gramado e contei mais de uma dúzia de canários da terra pastando. Estava na praia e do outro lado da rua um grande gramado, além de um casal de quero-quero chocando havia um casal de canários da terra com seus filhotes.
O mais importante é que as populações de canários da terra estão aumentando cada dia, é lindo vê-los livres a pastar por todos os lugares e soltar seus cantos ao vento. Penso que os homens passarinheiros estão tomando consciência que o canto dos pássaros é mais alegre quando soltos.


Edmilson Naves - Janeiro de 2010.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Confições de um peregrino I (conto fictício).

Quando eu tinha sete anos, sonhava em sair pela rua e andar, andar e andar...
Um dia saí pela calçada da minha casa e fui andando até a esquina e como passavam carros grandes e rápidos, voltei correndo de medo para casa e por alguns dias não me atrevi sair do portão para fora.
Ganhei uma bicicleta e ficava na calçada vinte metros pra lá e vinte metros pra cá, de bicicleta não podia ir muito longe. Mas depois já acostumado com a esquina resolvi andar um pouco mais, entrei numa nova calçada, então pude descobrir coisas novas, a casa grande e velha do tal senhor Manoel que morava sozinho e tinha uma coleção de carros antigos, a próxima casa era de um artista de televisão minha mãe dizia que só poderíamos vê-lo nas férias de julho e que ele mesmo gostava de cortar a grama do quintal.
Na próxima esquina já dando volta no quarteirão havia uma padaria onde meu pai comprava pão, mas eu nunca tinha adentrado naquele ambiente eu sempre ficava dentro do carro esperando, pude sentir o gosto de todas aquelas guloseimas nas vitrines coloridas.

- Quando tomei conta estava tão longe, já me parecia outro mundo, mundos estes que um dia eu iria desbravar e retornei correndo até o portão da nossa casa, satisfeito com a peregrinação na quadra do meu bairro naquela manhã.


Setembro/09

sábado, 13 de março de 2010

A lei do chefe.

Numa região da África tinha um vilarejo pequeno e seus habitantes descendentes de uma tribo. As famílias viviam da plantação de mandioca, milho, cana de açúcar e variedades de frutas e verduras.
Suas crianças passavam o dia a brincar e os maiores ajudavam seus pais no campo, o trabalho era duro todos os dias.
Por vezes toda a colheita se perdia devido à invasão de grandes elefantes.
E por lá chegou uma senhora e outros jovens missionários que vieram para trabalhar na vila com o objetivo de ajudar na melhoria da qualidade de vida e educação das crianças e adolescentes.
Entre todas as ações que foram iniciadas, a escola foi a maior obra e que deu mais trabalho, também a mais concorrida para as crianças.
No fim de semana os missionários foram chamados na tenda do chefe e este anunciou que as turmas seriam limitadas e saindo da tenda chegou perto de uma árvore e fez uma marca de mais ou menos um metro de altura. O que ele explicou é que só as crianças de altura no máximo até a marca na árvore poderiam assistir às aulas e aprender a ler.
Houve um grande debate sobre o assunto em questão com o chefe e ele não aceitou o ponto de vista das missionárias e dando fim à reunião o chefe mandou que todos fossem embora e que acatassem suas ordens.
E quando foram saindo da tenda do chefe guiados por um auxiliar questionaram mais uma vez a questão e o auxiliar explicou:

- O chefe não sabe ler e nem escrever, mesmo que as crianças que tenham até um metro aprendam ler e escrever, só podendo tomar o lugar do chefe após sua morte quando este já estiver muito velho. Já os adolescentes acima de um metro colocam a liderança do chefe em risco, pois podem em poucos anos convencer os habitantes da tribo que o chefe não serve para comandar a tribo porque não tem novas idéias. E assim os missionários aceitaram a conclusão feita pelo auxiliar do grande chefe.


S4909.

terça-feira, 9 de março de 2010

Ah! Verão

Rio de Janeiro verão
Com seu sol reluzente
De calor incandescente
E céu azul límpido
Do caminhar pelas calçadas
Avenidas e lagoas
Das bicicletas e corridas
De morenas e loiras
De peles douradas
De sensualidades afloradas
Das marquinhas brancas
Das alças dos biquínis
Do vestido tomara que caia
Mulheres cariocas...
Mistura de tupiniquim e áfrica
Meninas do samba e carnaval.
Rio de Janeiro, terra do verão!

Fevereiro/2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Fazedor de milagres (Homenagem ao artista)

Mistura de ciência e arte
Mãos abertas e criativas
Que curam todas as feridas.
Para os que por volta necessitas.

Sobressaindo ao corpo sofrido,
Você analisa o espírito, a alma,
E divaga em gotas, definindo.
A paz precisa com a calma.

Você conhece as medidas perfeitas
da natureza, do ar e da beleza.
E consulta a Deus as suas dúvidas
Quando por fim não tem certeza

A sua obra caminha, brinca, viaja
Faz o amor, dorme, acompanha
E a mulher que por ela atingida
Certamente, encontrarás mais vida.

A sua bandeira diz “Ordem e Progresso”
No seu olhar, espelha a coragem e o sucesso.

Você tem duas pátrias
Brasil, a terra que o viu nascer.
Onde você brincava e nadava
Sob o sol, nos riachos ao entardecer.

A outra esta terra sorridente.
Orgulhosa do filho agregado
Leve o México na sua alma
E os amigos aqui conquistados.

Artista de obras magníficas
A sua arte não ficará ao léu,
sozinha, na quietude das salas
E sim, exposta aos olhos do céu.

Todos admiram as suas cores
Nas ruas, nas galerias e passeios.
Pintor, escultor, poeta de amores.
Regala vida, alegria sem rancores.

Por que é que você mora na ilha dos desejos?
Se o desejo mora em você, fazedor de milagres!

Junho de 2009

Escrito em parceria com Raio – México.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O sonho de Avalon

Pela manhã me senti cansado de tudo que estava ao meu redor o trabalho, a casa, os amigos e o trânsito. Eu necessitava de um novo estímulo, um mundo novo, precisava de uma viagem, sair à procura de um novo mundo que me proporcionasse esperança.
Então pensei na Ilha de Avalon conhecida como ilha das maçãs e também como ilha afortunada, pois suas colheitas eram fartas e abundantes, sendo que a maça representa a imortalidade, o conhecimento e a magia.
Era disso que eu precisava um mundo mágico onde eu encontrasse fadas que me ofereciam um ramo de maça e me convidavam a entrar ao outro mundo por uma viagem mística. Eu entrava num outro mundo onde havia uma fonte que jorrava vinho doce e o envelhecimento e as doenças eram desconhecidas.
Consta que nessa ilha foi forjada a espada Excalibur do Rei Arthur e onde ele teria voltado após ser ferido mortalmente em uma batalha. E nessa minha passagem para um mundo interior Avalon, onde somente aqueles que compreendem que a vida é infinita em suas possibilidades podendo o homem desejar e buscar o sonho sonhado.
Ao chegar à Ilha de Avalon vi que era linda e serena, mas somente para aqueles que preservam a sinceridade no coração.
Então, entendi que Avalon não estava distante e sim dentro do meu coração onde praticar a verdade é a chave.

- Acordei assustado com os latidos dos cachorros no portão e por sonho soube que a verdadeira Ilha de Avalon está dentro de mim.

Fevereiro/2010.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Invadiram o Vale do Kentucky.

Eu cresci assistindo várias séries na TV e uma delas foi Daniel Boone o defensor e fundador da cidade Boonesburough, pioneiro caçador e aventureiro que se estabeleceu com sua família na fronteira dos Estados Unidos nos idos de 1770. Daniel enfrentou todos os perigos de uma região ainda selvagem com seu companheiro Mingo. Ele andou e defendeu vários vales americanos.

E nas imagens de fundo que mostrava os rios, os vales e as florestas, havia uma que eu guardo como uma foto na minha mente, era o vale do Kentucky e como uma coincidência há ali na rodovia Presidente Dutra uma curva antes da cidade de Itatiaia um pedaço de terra idêntico a imagem do vale do Kentucky, fica nas terras de uma editora e margeiam o rio Paraíba do Sul. Sempre que passo ali me lembro de Daniel Boone.

Outro dia eu voltava de São Paulo e antes um pouco me lembrei do vale e esperei a chegada em frente para olhar, levei um susto o vale está repleto de pequenas construções barracos. Invadiram o vale do Kentucky, que coisa triste sumiu os eucaliptos, os pinheiros e as pequenas vegetações tudo colocado no chão, virou lenha e madeira para dividir os lotes.

Simplesmente acabaram com a imagem que trago na mente, não tem mais Daniel Boone, o vale do Kentucky, búfalos e ursos. Agora só tem a imagem da vila sem estrutura, de ar poluído e que nem o tempo pode trazer de volta a ilusão de achar que ali na beira da Dutra havia um vale do Kentuchy.

- Sem Daniel e Mingo é claro.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Crônica para um amigo Paulista.

Entre a serra e o mar, entre a cidade e o campo existe um mundo distante que anos atrás não representava muito, pois todos nós tínhamos um tio, avô que morava na fazenda ou no sítio.
E a gente passava lá as férias do meio de ano, ajudava a tratar das galinhas, tomava leite da vaca quentinho, pescava no lago ou riacho que passava dentro ou perto da propriedade, pegava fruta no pé e até cortar abóbora para tratar dos porcos. Caçava passarinho com alçapão e como eu, que já corri atrás de macaco no pasto lá em Formiga – MG na fazenda do tio Antídio.
E nas férias de Janeiro, a gente ia pra praia, como sempre a nossa família conhecia uma outra que tinha uma casa ou apartamento não importava onde Angra, Rio, Santos ou outra cidade qualquer o mais importante era passar uma semana na praia e voltar às aulas com o corpo queimado do sol. Passar uma semana na praia era tudo de bom e ruim, dorme mal, come mal, casa sem ar condicionado, um banheiro só pra todo mundo, porque férias ainda na praia é ter no mínimo dez pessoas entre parentes e amigos dentro da casa. De bom é conhecer gente nova a cada ano, ter um namorinho rápido sem compromisso, tomar muito sorvete e comer muito macarrão.
Mas são outros tempos e a distância hoje não é das estradas e sim a do tempo, nós não temos tempo nem para nós ainda mais para os filhos, o campo já não existe mais, as crianças não conhecem galinhas, cavalos, canários da terra e tem pai que também não conhece canto de sabiá laranjeira ou tiziu, pior é ter criança e pais que nunca andou descalço na terra.
Mas a nova doença que está por aí se chama stress e ta consumindo a cada dia à alma do homem que acorda e dorme trabalhando e às vezes nem come, e a tensão é extensiva à mulher e aos filhos, o porquê dos casamentos acabarem tão rápidos sem motivos aparentemente graves, porque na realidade não se vive alegria e nem se compartilha coisas simples como tomar um banho de rio que toda pessoa do campo faz ou tomar água de mina, passar uma semana num hotel fazenda e comer comida simples no fogão a lenha, fazer trilhas e respirar ar puro de serra ou mar.

-Este assunto da pauta de hoje é porque esta semana num momento de stress nosso no trabalho um amigo nosso foi convidado por nós para comer fora do ambiente de trabalho num restaurante com fogão a lenha, polenta italiana e vinho da casa. Após o almoço fizemos uma surpresa o levamos para conhecer Falcão ali na serra, cidadezinha onde galinha é criada solta e tem a cachoeira apelidada por nós de sete quedas logo ali depois do pontilhão do trem. Ficamos lá algum tempo olhando a cachoeira e conversando num sol quente que no fundo não nos incomodou, voltamos à vila e paramos no bar do Giovane onde a gente sempre pára pra tomar um café com bolo ou comer um pedaço de queijo minas ou pastel quentinho, fizemos tudo e até jogamos uma partida de bilhar onde eu saí vencedor por pura sorte quando nosso amigo errou de bola e claro deve ser devido ao stress do dia a dia certamente estava tremendo. Não posso garantir a melhora imediata do nosso amigo, mas que ele desceu mais leve da serra e conscientizado que precisa se libertar mais da vida dura, escravizada que os tempos modernos nos impõem.

- Caro amigo Etiene, eu e o Luiz Mandi desejamos que em pouco tempo você arrume um tempo para andar descalço de mãos dadas com a patroa por uma trilha qualquer e filho no colo respirando ar puro.


Janeiro/2010.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A pescaria

A pescaria.
(Dedicado ao meu amigo Luiz Mandi).

Certo dia meu amigo Luis o famoso (mandi) apelido dado a ele devido nas pescarias na beira do Rio Paraíba só de pegar aquele peixe mandi guaçú ou mandi da barriga branca e por ter duas barbatanas em forma de espora que quando fincam na palma da mão, dói demais, como picada de marimbondo e ele só pegava o peixe e por vezes já tinha furado mão e pé.
O pai dele era sócio num barco com outros amigos e o barco ficava lá na represa, somente o motor ficava na cidade. Eu que só ouvia histórias e só pescava de varinha de bambu na beira da represa, ali próximo ao Clube Náutico e nunca tinha feito pescaria de barco, ficado em barraco em ilha lá no meio da represa, ficava fascinado com a possibilidade de um dia fazer o programa.
Conversa vai e conversa vem o meu amigo Luis me convidou para pescar de barco. Marcamos o dia, hora o que tínhamos de levar, varas, anzóis, linha, sanduíches, bebidas, tudo de necessário para passar o dia pescando.
Tudo preparado, sábado oito horas da manhã chega o Luis com uma Kombi verde, sem os bancos traseiros, é que era utilizada para vender doces pela região função do pai dele. Arrumamos tudo no interior da Kombi, motor para o barco e galão de gasolina.
Partimos em direção a represa do Funil de Itatiaia pela estrada da Casa da Lua e em pouco tempo já pegávamos a estrada que ia para a represa depois da chapeira teríamos que passar por alguns sítios e subir um morro até a estrada lá em cima e então chegar ao Clube Náutico.
A Kombi era um pouco antiga aquela de faróis redondinhos, más ia, no pé do morro tem lá até hoje o sítio da D.Julinha gente muito boa e simpática que todos os anos no mês de Julho faz uma festa caipira com violeiros e forró, meu pai e mãe eram amigos deles e sempre estavam lá. Mas voltando a pescaria chegamos ao pé do morro, é uma subida forte, estrada de chão com pedra e quando chove fica difícil que o carro suba somente 4x4.
Chegamos ao pé da subida e aconteceu que a Kombi refugou, não conseguia subir, não tinha força, descemos e fomos ver o que estava acontecendo, pois a Kombi morreu, apagou e nada a fazia dar na partida, o Luis já estava acostumado com ela é que ele saia com o pai dele às vezes para vender doces na região e sempre acontecia dela calar. Mexe aqui e ali, tenta ligar e nada, às vezes ligava, mas não conseguia subir, depois de quase uma hora decidimos cancelar a pescaria, primeiro que estávamos longe do clube e não passava carro a toda hora como hoje, senão era só pegar uma carona e subir, mas naquela época era ficar parado e sem ajuda. Voltamos a mexer na Kombi e em pouco tempo ela voltou a funcionar é que no plano ela andava bem e poderíamos retornar a cidade.
Já fazem mais de quinze anos que tentamos esta pescaria juntos e até hoje não se concretizou nem em pesque-pague. Talvez um dia desses a gente vá pescar de vara na beira da represa já que não há mais barco e nem motor e levaremos nossos filhos e possamos pegar pelo menos alguns mandis e façamos umas fotos pra posteridade, poderemos utilizar seu carro ou o meu, visto que ambos hoje são melhores que a Kombi.


Janeiro/2010.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Cidade de Formiga

Mês de Julho férias escolares
O trem viajava por oito horas
Saía de Barra Mansa – RJ
Em direção a Lavras – MG
O pernoite na pequena pensão
Que ficava de frente a estação.
Pela manhã mesa regada
De bolos, pães e salgados.
Fartura da cozinha mineira
Saída rápida para a rodoviária
Pegar o ônibus em direção
A Araxá passando em Formiga
A chegada só à alegria
O encontro com os primos
A tia, o tio, seriam vinte dias.
De muita brincadeira e pescaria
A fazenda a cada ano diferente
Novas plantações, novas criações.
A primeira visita o açude
Que pela mata adentrava
E no barranco a tomar sol
Vários lagartos imponentes
E lá no alto no centro do pasto
O cruzeiro com sua cruz reluzente
E na divisa com o sítio do seu Juca
O estreito córrego de águas claras
Corria silencioso e manso
E descia pelas três quedas
Da pequena cachoeira
Escondida sob a mata
E sobre as árvores a saltar
De galhos em galhos os sagüis
Que nos observavam curiosos
Com seus olhinhos arregalados

- Que saudade da adolescência,
da fazenda,dos primos e do trem.


Dedicado a Ricardo, Renato e Rejane.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Estou voltando.

Foram três meses distantes das coisas simples da vida como ir ao mercado, lavar carro aos sábados, dar banho nos cachorros, de uma pequena briguinha a pagar as contas do mês enfrentando filas sob um calor de sábado em alguma lotérica e que saudades de comer num self-service.
E em alta voz é anunciado o meu vôo e me dirigi ao portão 27, quando avistei o portão que estava escondido atrás de uma extensa fila e sem me dar conta estava eu a conversar com um casal de velhos num português meio mineiro o casal era de Varginha e eu deixava pra trás a querida Espanha.
As pessoas foram se ajeitando e abrindo caminho para os que vinham atrás procurando seu pequeno sofá e que seria sua cadeira, sua cama por mais de nove horas e meia de viagem. Taxiado e por fim levantado vôo, liga som, liga televisão, serve o pequeno jantar e o mapa na tela da pequena televisão mostra que estamos sobre o Marrocos, já, estaremos sobre o Atlântico.
Acordo e já é dia o sol brilha sobre as nuvens e o mapa mostra novamente a seta que indica que já estamos em teto brasileiro e a próxima parada é o Rio de Janeiro. Posso sentir abaixo o calor das praias nordestinas. Lá vem o café da manhã, agora estamos todos mais simpáticos uns com os outros.
Passam nuvens e surge o mar azul e o marrom da cidade do Rio de Janeiro, muitas palmas, gritos, o grande pássaro está no chão. Despeço-me da equipe na porta de saída e sinto a maresia no ar quando entro no túnel de vidro e sinto o calor do sol no meu rosto, pego o celular e ligo:

- Amor? –cheguei, em cinco minutos estarei no desembarque!