quinta-feira, 22 de março de 2012

Eu desejo


Eu desejo

Que passe distante
O céu escarlate
Girando a noite e o dia
Mirando as formas
Geométricas e imaginárias
No longe das montanhas
Onde o sol faz sua morada
No entardecer dos nossos olhos
Momento que degustamos
Um tinto do porto
Ao gosto do queijo
Que desce da Serra da Estrela
E poder sonhar
Com Pessoa ou Gelman
Vivendo uma vida louca

sábado, 10 de março de 2012

O caso das gêmeas - última parte.




Como todo casamento elas tinham suas crises com seus maridos e sofriam por isso, por vezes caladas, após alguns meses resolveram se abrir uma com a outra e como sempre o apego entre as duas as colocavam em conversas longas via telefone. A desconfiança principal era a traição de ambos devido às desculpas parecidas dadas pelos dois, também havia a possibilidade dos dois serem cúmplice um do outro no caso da traição. Então as gêmeas planejaram que descobririam a causa do afastamento dos maridos nem que levasse um tempo. Após algumas incertas em bares e clube, Clara que havia ficado responsável pelas primeiras investigações se reuniu com a irmã e fizeram um balanço dos acontecidos e resolveram que poderiam fazer um esforço para tentar recuperar a harmonia dentro de suas casas e fariam almoços e churrascos no intuito de melhorar o convívio entre os casais. Algumas pessoas se passaram e a situação amorosa não melhorou, pelo contrário começaram as brigas e no seu ímpeto surgiu a palavra separação pronunciada por Artur o mesmo acontecendo com Edson. As irmãs choraram juntas e colocaram em dúvidas seus atrativos femininos, eram mulheres loiras, bonitas e inteligentes. Clara tinha uma desconfiança da causa dessa desavença crescente entre os casais, mas só de pensar tinha medo do que poderia acontecer futuramente. Como a situação não evoluía para melhor por mais de quatro meses, Clara resolver conversar com a irmã sobre o assunto e marcaram um encontro, após uma longa conversa Clarice chorou muito e resolveram marcar um almoço num restaurante a kilo e poderiam conversar com os maridos todos juntos. Marcado o almoço para o fim de semana Clara e Artur passaria na casa de Clarice e Edson, foram a um self-service e conversaram sobre várias coisas menos sobre a situação atual de casa casal, ao fim do almoço Clarice propôs que fossem a um sítio modelo onde as crianças poderiam ver bichos e brincar um pouco, os maridos inicialmente recusaram, mas por fim aceitaram a proposta das gêmeas.




Na estrada que levava ao sítio era de terra e cruzavam um rio por mais de duas vezes em pontes de madeiras velhas. Ao aproximar do rio que vinha entre as árvores, Clara pediu que parassem sobre a ponte para que as crianças vissem o rio lá embaixo e Artur parou o carro e Clara desceu de um lado e Clarice de outro lado cada qual com seu filho no colo e os dois maridos não saíram do carro e estranharam a saída das duas do veículo e Clarice colocando Juliano ao chão, Clara levando-os para trás do carro segurando ao lado direito sua filha Sara e ao lado esquerdo seu sobrinho Juliano, os dois de apenas dois anos não poderiam imaginar o que se passava naquele ambiente.



Clarice diante da porta esquerda do veículo olhando para dentro do veículo com um ar sério de questionamento e os dois maridos sem entender o que se passava e veio a pergunta:



- Eu gostaria de saber uma coisa de vocês e queria ouvir a verdade, vocês têm um caso, vocês são gays?



Os dois olharam-se e Artur começou a falar exaltado negando a pergunta a chamando de doida e outra mais, nisso Clarisse retirou da bolsa uma arma que Edson a reconheceu, pois era sua arma que ficava guardada no armário da cozinha, arma que foi do seu pai e a guardava não sabia por que, mas seus olhos de apavoramento entraram em pânico e Clarice fez de novo a pergunta agora com a arma em punho apontada para dentro do carro. Artur com medo da situação apresentada resolveu admitir que tivesse alguma coisa, mas poderiam conversar sobre o assunto e chegar a uma solução, Clara já ia com as crianças a uns trinta metros pelo caminho de volta quando ouviu um estampido e logo em seguida outro que ecoou pelo vale, em seguida Clara virou e pode ver o carro sendo empurrado para o lado esquerdo da pequena ponte e caindo sobre as pedras lá embaixo e girando sobre a correnteza do rio que estava acima do nível devido às chuvas de verão. A arma foi jogada bem mais a frente em outro poço mais fundo, Clarice saiu em direção à irmã deu a mão ao pequeno Juliano e retornaram pela estrada de terra. Clara olhou para Clarice se abraçaram, nenhuma lágrima caiu sobre a face das gêmeas, entre elas o feito tinha um objetivo que era não serem a vergonha da cidade e que o amor de irmãs estava acima de tudo.

quinta-feira, 1 de março de 2012

O caso das gêmeas



Clara e Clarice vieram ao mundo no dia 18 de junho de 1978, às 10:00 hs de manhã uma manhã de domingo. Foi a maior felicidade de Roberto e Mirela, eram pais de primeira viagem e já tiveram gêmeas. Clara veio primeira e depois Clarice que quase não chorou e essa qualidade de calma seria para toda sua vida. Clara já fez um pequeno show chamando a atenção de toda a equipe médica.
Foram crescendo e como todas as crianças gêmeas usavam roupas e cabelos iguais, só eram distinguidas nas brincadeiras, onde Clara era mais arrojado, falava mais alto e tinha uma risada estridente. Assim foi a infância e a adolescência das gêmeas eram invejadas pela beleza.

Mas uma coisa podia ser notada nas gêmeas mesmo as pessoas que não as conheciam eram a proteção e o amor de irmãs entre elas. Os pais tinham certeza disso, pois mesmo idênticas e com uma personalidade distinta elas nunca tinham brigado sério e nem ficaram sem se falar por mais de um dia. E seguiram até a universidade sempre juntas e como era esperado começaram a namorar no mesmo dia e conheceram os futuros maridos na mesma festa, Clara com Artur e Clarice com Edson, o namoro rolou por mais de três anos até a formatura das duas irmãs e veio o noivado e a data marcada para o casamento.

A festa de casamento foi um acontecimento de destaque na cidade, aliás, eram Clara e Clarice que estavam se casando. Formada as famílias foi a vez dos netos Clara casada com Artur e mãe de Sara e Clarice casada com Edson e mãe de Juliano, os pequenos nasceram no mesmo mês com espaço de quinze dias entre os nascimentos. As irmãs viviam perto, na mesma cidade e nos fins de semana almoçavam na casa dos pais, na casa dos sogros e uma vez por mês as duas irmãs passavam o domingo juntas onde mesmo que pequenas as crianças podiam brincar e se conhecerem melhor e viverem como primos irmãos. Os maridos também eram grandes amigos e sempre estavam juntos, na bola de quarta-feira à noite e nos fins de semana.

 Fim da primeira parte.