sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O sonho de Avalon

Pela manhã me senti cansado de tudo que estava ao meu redor o trabalho, a casa, os amigos e o trânsito. Eu necessitava de um novo estímulo, um mundo novo, precisava de uma viagem, sair à procura de um novo mundo que me proporcionasse esperança.
Então pensei na Ilha de Avalon conhecida como ilha das maçãs e também como ilha afortunada, pois suas colheitas eram fartas e abundantes, sendo que a maça representa a imortalidade, o conhecimento e a magia.
Era disso que eu precisava um mundo mágico onde eu encontrasse fadas que me ofereciam um ramo de maça e me convidavam a entrar ao outro mundo por uma viagem mística. Eu entrava num outro mundo onde havia uma fonte que jorrava vinho doce e o envelhecimento e as doenças eram desconhecidas.
Consta que nessa ilha foi forjada a espada Excalibur do Rei Arthur e onde ele teria voltado após ser ferido mortalmente em uma batalha. E nessa minha passagem para um mundo interior Avalon, onde somente aqueles que compreendem que a vida é infinita em suas possibilidades podendo o homem desejar e buscar o sonho sonhado.
Ao chegar à Ilha de Avalon vi que era linda e serena, mas somente para aqueles que preservam a sinceridade no coração.
Então, entendi que Avalon não estava distante e sim dentro do meu coração onde praticar a verdade é a chave.

- Acordei assustado com os latidos dos cachorros no portão e por sonho soube que a verdadeira Ilha de Avalon está dentro de mim.

Fevereiro/2010.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Invadiram o Vale do Kentucky.

Eu cresci assistindo várias séries na TV e uma delas foi Daniel Boone o defensor e fundador da cidade Boonesburough, pioneiro caçador e aventureiro que se estabeleceu com sua família na fronteira dos Estados Unidos nos idos de 1770. Daniel enfrentou todos os perigos de uma região ainda selvagem com seu companheiro Mingo. Ele andou e defendeu vários vales americanos.

E nas imagens de fundo que mostrava os rios, os vales e as florestas, havia uma que eu guardo como uma foto na minha mente, era o vale do Kentucky e como uma coincidência há ali na rodovia Presidente Dutra uma curva antes da cidade de Itatiaia um pedaço de terra idêntico a imagem do vale do Kentucky, fica nas terras de uma editora e margeiam o rio Paraíba do Sul. Sempre que passo ali me lembro de Daniel Boone.

Outro dia eu voltava de São Paulo e antes um pouco me lembrei do vale e esperei a chegada em frente para olhar, levei um susto o vale está repleto de pequenas construções barracos. Invadiram o vale do Kentucky, que coisa triste sumiu os eucaliptos, os pinheiros e as pequenas vegetações tudo colocado no chão, virou lenha e madeira para dividir os lotes.

Simplesmente acabaram com a imagem que trago na mente, não tem mais Daniel Boone, o vale do Kentucky, búfalos e ursos. Agora só tem a imagem da vila sem estrutura, de ar poluído e que nem o tempo pode trazer de volta a ilusão de achar que ali na beira da Dutra havia um vale do Kentuchy.

- Sem Daniel e Mingo é claro.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Crônica para um amigo Paulista.

Entre a serra e o mar, entre a cidade e o campo existe um mundo distante que anos atrás não representava muito, pois todos nós tínhamos um tio, avô que morava na fazenda ou no sítio.
E a gente passava lá as férias do meio de ano, ajudava a tratar das galinhas, tomava leite da vaca quentinho, pescava no lago ou riacho que passava dentro ou perto da propriedade, pegava fruta no pé e até cortar abóbora para tratar dos porcos. Caçava passarinho com alçapão e como eu, que já corri atrás de macaco no pasto lá em Formiga – MG na fazenda do tio Antídio.
E nas férias de Janeiro, a gente ia pra praia, como sempre a nossa família conhecia uma outra que tinha uma casa ou apartamento não importava onde Angra, Rio, Santos ou outra cidade qualquer o mais importante era passar uma semana na praia e voltar às aulas com o corpo queimado do sol. Passar uma semana na praia era tudo de bom e ruim, dorme mal, come mal, casa sem ar condicionado, um banheiro só pra todo mundo, porque férias ainda na praia é ter no mínimo dez pessoas entre parentes e amigos dentro da casa. De bom é conhecer gente nova a cada ano, ter um namorinho rápido sem compromisso, tomar muito sorvete e comer muito macarrão.
Mas são outros tempos e a distância hoje não é das estradas e sim a do tempo, nós não temos tempo nem para nós ainda mais para os filhos, o campo já não existe mais, as crianças não conhecem galinhas, cavalos, canários da terra e tem pai que também não conhece canto de sabiá laranjeira ou tiziu, pior é ter criança e pais que nunca andou descalço na terra.
Mas a nova doença que está por aí se chama stress e ta consumindo a cada dia à alma do homem que acorda e dorme trabalhando e às vezes nem come, e a tensão é extensiva à mulher e aos filhos, o porquê dos casamentos acabarem tão rápidos sem motivos aparentemente graves, porque na realidade não se vive alegria e nem se compartilha coisas simples como tomar um banho de rio que toda pessoa do campo faz ou tomar água de mina, passar uma semana num hotel fazenda e comer comida simples no fogão a lenha, fazer trilhas e respirar ar puro de serra ou mar.

-Este assunto da pauta de hoje é porque esta semana num momento de stress nosso no trabalho um amigo nosso foi convidado por nós para comer fora do ambiente de trabalho num restaurante com fogão a lenha, polenta italiana e vinho da casa. Após o almoço fizemos uma surpresa o levamos para conhecer Falcão ali na serra, cidadezinha onde galinha é criada solta e tem a cachoeira apelidada por nós de sete quedas logo ali depois do pontilhão do trem. Ficamos lá algum tempo olhando a cachoeira e conversando num sol quente que no fundo não nos incomodou, voltamos à vila e paramos no bar do Giovane onde a gente sempre pára pra tomar um café com bolo ou comer um pedaço de queijo minas ou pastel quentinho, fizemos tudo e até jogamos uma partida de bilhar onde eu saí vencedor por pura sorte quando nosso amigo errou de bola e claro deve ser devido ao stress do dia a dia certamente estava tremendo. Não posso garantir a melhora imediata do nosso amigo, mas que ele desceu mais leve da serra e conscientizado que precisa se libertar mais da vida dura, escravizada que os tempos modernos nos impõem.

- Caro amigo Etiene, eu e o Luiz Mandi desejamos que em pouco tempo você arrume um tempo para andar descalço de mãos dadas com a patroa por uma trilha qualquer e filho no colo respirando ar puro.


Janeiro/2010.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A pescaria

A pescaria.
(Dedicado ao meu amigo Luiz Mandi).

Certo dia meu amigo Luis o famoso (mandi) apelido dado a ele devido nas pescarias na beira do Rio Paraíba só de pegar aquele peixe mandi guaçú ou mandi da barriga branca e por ter duas barbatanas em forma de espora que quando fincam na palma da mão, dói demais, como picada de marimbondo e ele só pegava o peixe e por vezes já tinha furado mão e pé.
O pai dele era sócio num barco com outros amigos e o barco ficava lá na represa, somente o motor ficava na cidade. Eu que só ouvia histórias e só pescava de varinha de bambu na beira da represa, ali próximo ao Clube Náutico e nunca tinha feito pescaria de barco, ficado em barraco em ilha lá no meio da represa, ficava fascinado com a possibilidade de um dia fazer o programa.
Conversa vai e conversa vem o meu amigo Luis me convidou para pescar de barco. Marcamos o dia, hora o que tínhamos de levar, varas, anzóis, linha, sanduíches, bebidas, tudo de necessário para passar o dia pescando.
Tudo preparado, sábado oito horas da manhã chega o Luis com uma Kombi verde, sem os bancos traseiros, é que era utilizada para vender doces pela região função do pai dele. Arrumamos tudo no interior da Kombi, motor para o barco e galão de gasolina.
Partimos em direção a represa do Funil de Itatiaia pela estrada da Casa da Lua e em pouco tempo já pegávamos a estrada que ia para a represa depois da chapeira teríamos que passar por alguns sítios e subir um morro até a estrada lá em cima e então chegar ao Clube Náutico.
A Kombi era um pouco antiga aquela de faróis redondinhos, más ia, no pé do morro tem lá até hoje o sítio da D.Julinha gente muito boa e simpática que todos os anos no mês de Julho faz uma festa caipira com violeiros e forró, meu pai e mãe eram amigos deles e sempre estavam lá. Mas voltando a pescaria chegamos ao pé do morro, é uma subida forte, estrada de chão com pedra e quando chove fica difícil que o carro suba somente 4x4.
Chegamos ao pé da subida e aconteceu que a Kombi refugou, não conseguia subir, não tinha força, descemos e fomos ver o que estava acontecendo, pois a Kombi morreu, apagou e nada a fazia dar na partida, o Luis já estava acostumado com ela é que ele saia com o pai dele às vezes para vender doces na região e sempre acontecia dela calar. Mexe aqui e ali, tenta ligar e nada, às vezes ligava, mas não conseguia subir, depois de quase uma hora decidimos cancelar a pescaria, primeiro que estávamos longe do clube e não passava carro a toda hora como hoje, senão era só pegar uma carona e subir, mas naquela época era ficar parado e sem ajuda. Voltamos a mexer na Kombi e em pouco tempo ela voltou a funcionar é que no plano ela andava bem e poderíamos retornar a cidade.
Já fazem mais de quinze anos que tentamos esta pescaria juntos e até hoje não se concretizou nem em pesque-pague. Talvez um dia desses a gente vá pescar de vara na beira da represa já que não há mais barco e nem motor e levaremos nossos filhos e possamos pegar pelo menos alguns mandis e façamos umas fotos pra posteridade, poderemos utilizar seu carro ou o meu, visto que ambos hoje são melhores que a Kombi.


Janeiro/2010.