sábado, 21 de março de 2020

Brotos chineses






Da noite para o dia resolvi ingerir saladas tipo: alface, tomate, nabo, cenoura e brotos de tudo. Eu havia conhecido um chinês bem diferente dos chineses que a gente vê por aí, que são feirantes, donos de lavanderias ou pastelarias. Ele é doutor em química e viera para Portugal para ser professor na Universidade de Coimbra, mas não houve acerto com os portugueses e um amigo o apresentou na Universidade de Santiago na Espanha. Começou a dar aulas, mas com menos de um ano o curso foi minguando por falta de alunos e por fim, dos treze alunos sete reprovaram, aí foi o fim. Então, Wing ficou desempregado e como gostava de cozinhar, sua mulher uma chinesa baixinha de rosto em forma de lua, um corpo quase ocidental uma verdadeira gueixa de tão educada, propôs a ele abrir um restaurante, visto que, ele gostava de inventar molhos com sabores doces e diferentes, coisas de químico. E assim fez, abriu seu próprio restaurante, ela muito atenciosa se preocupava em guardar o nome de todos os frequentadores e a comida que cada um gostava inclusive o licor. Em alguns pratos sempre havia brotos que mediam dez centímetros em média com as raízes brancas expostas e geralmente com quatro ou cinco folhas verdinhas na ponta. E eu muito curioso, perguntei um dia enquanto comia o arroz de tudo, de que eram os brotos e então me contou que aprendeu com seu avô a plantar as sementes de tudo, inclusive, as que estavam no meu prato eram de soja e feijão do Brasil. Então da noite para o dia passei a cultivar sementes e fazer canteiros de brotos em caixa de isopores, latas e potes de sorvetes.
Os brotos ali verdinhos, eram tudo que eu havia plantado durante toda a minha vida, não esqueço as lições que aprendi com aquela família chinesa, que tinham bom gosto para os sabores e também para decoração, pois o restaurante deles era um fino só.