quinta-feira, 25 de março de 2010

Confições de um peregrino I (conto fictício).

Quando eu tinha sete anos, sonhava em sair pela rua e andar, andar e andar...
Um dia saí pela calçada da minha casa e fui andando até a esquina e como passavam carros grandes e rápidos, voltei correndo de medo para casa e por alguns dias não me atrevi sair do portão para fora.
Ganhei uma bicicleta e ficava na calçada vinte metros pra lá e vinte metros pra cá, de bicicleta não podia ir muito longe. Mas depois já acostumado com a esquina resolvi andar um pouco mais, entrei numa nova calçada, então pude descobrir coisas novas, a casa grande e velha do tal senhor Manoel que morava sozinho e tinha uma coleção de carros antigos, a próxima casa era de um artista de televisão minha mãe dizia que só poderíamos vê-lo nas férias de julho e que ele mesmo gostava de cortar a grama do quintal.
Na próxima esquina já dando volta no quarteirão havia uma padaria onde meu pai comprava pão, mas eu nunca tinha adentrado naquele ambiente eu sempre ficava dentro do carro esperando, pude sentir o gosto de todas aquelas guloseimas nas vitrines coloridas.

- Quando tomei conta estava tão longe, já me parecia outro mundo, mundos estes que um dia eu iria desbravar e retornei correndo até o portão da nossa casa, satisfeito com a peregrinação na quadra do meu bairro naquela manhã.


Setembro/09