segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Amor Suburbano – Terceira parte



Trabalhar na zona sul é um desconforto para quem reside na zona oeste. Um trem e um ônibus, ida e volta é um cansaço em demasia, principalmente agora que dava expediente na clínica até tarde e ficou cansativo viajar todos os dias. Durante a semana quase não via irmã que chegava tarde do cursinho, visto que dormia cedo, pois tinha que acordar às seis e meia da manhã hora esta em que a irmã ainda dormia, Maitê estava com dezessete anos e dedicada nos estudos, pretendia seguir a profissão da irmã, ser terapeuta. Não queria namorar e dizia não se preocupar com isso, como a irmã, os estudos era o mais importante. Mesmo na dificuldade com a morte do pai, parte do seguro de vida proporcionou sua formação e estava garantindo parte da formação da irmã que trabalhava em um pequeno magazine no bairro, com um horário de meio expediente e um salário suficiente para garantir suas necessidades de adolescente. A mãe Rosa uma mulher de andar pesado e lento, ficou viúva com duas meninas para criar, Helena com dezesseis anos e Maitê de oito anos. O marido foi trabalhador da companhia de energia do estado, faleceu de um infarto fulminante aos quarenta e quatro anos, após um acidente de trabalho. Rosa sofreu muito, mas tinha duas meninas para criar e prepara-las para o futuro. Ficou com uma aposentadoria razoável e um seguro de vida que bem administrado custeou a faculdade de Helena a mais velha, a casa própria foi um dos feitos, do marido deixando mãe e filhas em segurança. Mas a filha mais velha insistia em pagar parte dos estudos da irmã, Rosa sabia que era uma maneira da filha pagar todo o esforço da mãe, as filhas eram tudo na sua vida, ela mãe cuidava de tudo, suas roupas, a comida que cada uma gostava e o carinho dado sempre com um beijo na saída e na chegada. Helena estava na sala vendo televisão e sobre a mesa muitos papeis, o fim de semana era também um bota fora, quando do portão veio o som de palma que fez Helena se levantar correndo e verificando pela janela a pessoa que chamava fez um sinal de espera com as mãos pegando a chave e seguindo até o portão. Seu Manoel já havia descido da bicicleta e retirando da bolsa dois potes de tempero caseiro, uma maneira de aumentar sua fonte de renda. A mulher preparava os temperos durante a semana e ele entregava no fim de semana, passou os potes às mãos de Helena e foi explicando-se que na próxima semana iria falar com o proprietário, ela disse que não tinha pressa e quando ele quisesse conversar estaria pronta. Ela se despediu e agradeceu ao homem que esteve buscando ajuda-la este subindo na sua bicicleta saiu para realizar outras entregas. Helena voltou à sala, ficou feliz pela nova possibilidade de negociar e lembrou que por duas vezes visitou a local avisada por seu Manoel quando estava com as chaves para limpeza quinzenal, durante algum tempo visitou vários locais, flats e apartamentos, mas sempre havia uma barreira, imóveis velhos, vizinhança, preço, etc... Quando conversou com seu Manoel homem que conhecia muita gente e disse-lhe que no edifício em que ele trabalhava havia um apto fechado e que o proprietário não tinha intenção de alugar, mas se ela insistisse talvez ele viesse a ceder. Ela já sonhara com o imóvel e já tinha idealizado na cabeça como utilizaria poucas mobílias no quarto teria colchão no chão sobre os tapetes, cabides pendurados e almofadas pelos cantos, somente na sala uma mobília mais formal para receber amigos, tudo seria perfeito a mãe e a irmã, poderiam vir no fim de semana, a praia estava perto e todas poderiam aproveitar. Dirigiu-se para a cozinha e preparou um café, colocou biscoitos em um prato, retornou a sala e se ajeitou no sofá, ligou a televisão correndo os canais e parou em um canal de desenho, desde criança adorava desenhos e mesmo hoje nos momentos de descanso assistia. Acordou com o ruído do portão havia dormido por quase uma hora, levantou e ao abrir a porta da sala, a mãe e a irmã chegavam da feira ajudou com as bolsas enquanto a mãe dispensava o táxi.