terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A pescaria

A pescaria.
(Dedicado ao meu amigo Luiz Mandi).

Certo dia meu amigo Luis o famoso (mandi) apelido dado a ele devido nas pescarias na beira do Rio Paraíba só de pegar aquele peixe mandi guaçú ou mandi da barriga branca e por ter duas barbatanas em forma de espora que quando fincam na palma da mão, dói demais, como picada de marimbondo e ele só pegava o peixe e por vezes já tinha furado mão e pé.
O pai dele era sócio num barco com outros amigos e o barco ficava lá na represa, somente o motor ficava na cidade. Eu que só ouvia histórias e só pescava de varinha de bambu na beira da represa, ali próximo ao Clube Náutico e nunca tinha feito pescaria de barco, ficado em barraco em ilha lá no meio da represa, ficava fascinado com a possibilidade de um dia fazer o programa.
Conversa vai e conversa vem o meu amigo Luis me convidou para pescar de barco. Marcamos o dia, hora o que tínhamos de levar, varas, anzóis, linha, sanduíches, bebidas, tudo de necessário para passar o dia pescando.
Tudo preparado, sábado oito horas da manhã chega o Luis com uma Kombi verde, sem os bancos traseiros, é que era utilizada para vender doces pela região função do pai dele. Arrumamos tudo no interior da Kombi, motor para o barco e galão de gasolina.
Partimos em direção a represa do Funil de Itatiaia pela estrada da Casa da Lua e em pouco tempo já pegávamos a estrada que ia para a represa depois da chapeira teríamos que passar por alguns sítios e subir um morro até a estrada lá em cima e então chegar ao Clube Náutico.
A Kombi era um pouco antiga aquela de faróis redondinhos, más ia, no pé do morro tem lá até hoje o sítio da D.Julinha gente muito boa e simpática que todos os anos no mês de Julho faz uma festa caipira com violeiros e forró, meu pai e mãe eram amigos deles e sempre estavam lá. Mas voltando a pescaria chegamos ao pé do morro, é uma subida forte, estrada de chão com pedra e quando chove fica difícil que o carro suba somente 4x4.
Chegamos ao pé da subida e aconteceu que a Kombi refugou, não conseguia subir, não tinha força, descemos e fomos ver o que estava acontecendo, pois a Kombi morreu, apagou e nada a fazia dar na partida, o Luis já estava acostumado com ela é que ele saia com o pai dele às vezes para vender doces na região e sempre acontecia dela calar. Mexe aqui e ali, tenta ligar e nada, às vezes ligava, mas não conseguia subir, depois de quase uma hora decidimos cancelar a pescaria, primeiro que estávamos longe do clube e não passava carro a toda hora como hoje, senão era só pegar uma carona e subir, mas naquela época era ficar parado e sem ajuda. Voltamos a mexer na Kombi e em pouco tempo ela voltou a funcionar é que no plano ela andava bem e poderíamos retornar a cidade.
Já fazem mais de quinze anos que tentamos esta pescaria juntos e até hoje não se concretizou nem em pesque-pague. Talvez um dia desses a gente vá pescar de vara na beira da represa já que não há mais barco e nem motor e levaremos nossos filhos e possamos pegar pelo menos alguns mandis e façamos umas fotos pra posteridade, poderemos utilizar seu carro ou o meu, visto que ambos hoje são melhores que a Kombi.


Janeiro/2010.

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