segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Frango com coca-cola.

Quando pegávamos a A5 a via que levava ao norte da Espanha, eu como co-piloto procurava no mapa a melhor entrada e o ponto para estacionar, geralmente no centro onde poderíamos visitar os pontos turísticos que demonstravam o mapa da cidade.
Imaginar visitar num mesmo dia vários monumentos e museus, que somados dariam mais de dois mil anos, era uma alegria semelhante ao pisar em solo estrangeiro pela primeira vez.

_O que é o antigo? –senão uma obra produzida a centenas de anos, certamente de pedra ou metal, sempre não muito polida e de uma robustez que nem a chuva e o vento danificaram.

Viajar no estrangeiro é mais fácil, pois, devido à população das vilas serem pequenas, o volume de veículos é menor, assim, podemos errar sem medo.

Programada a viagem saio eu e meu amigo André em busca de belas fotos e filmagem. Como turistas nós tirávamos fotos de tudo que nos chamava atenção, repetindo a foto para a minha máquina, ora a dele. Tudo era novo mesmo o velho, tudo nos agradava muito. Pegamos a via e em direção ao nosso destino, uma cidade que grande parte dela ficava no interior de uma muralha romana chamada Lugo. Aquela foi à primeira visita turística, visitamos um sítio arqueológico no interior de um museu com um acervo de centenas de peças em pedra e metal com pedras preciosas. Passamos uma manhã com muitas andanças, entrávamos e saíamos, aqui e ali. E passado algum tempo nos damos conta que estávamos com fome e falei: _ gostaria de comer um frango assado! Voltando ao centro da cidade passando por uma grande avenida, olhando ao fundo vimos um grande movimento em uma rua estreita, era uma feira. Após estacionar o veículo, partimos em direção ao movimento, era uma feira Árabe com todas as mulheres vestidas de preto e homens gordos e com bigodes. Havia ali poucos espanhóis e as línguas se misturavam a ponto de não entender nada, árabes e marroquinos se misturavam aos gritos anunciando seus produtos e nós procurando uma coisa agradável para comer. Caminhando pela feira até o meio da rua, as barracas eram de produtos gerais e do meio em diante começava as barracas de comidas. Fomos rua adentra e para surpresa nossa avistamos uma máquina giratória que trazia frangos a rodar já bronzeados pela gordura que escorria sobre a bandeja abaixo. Chegamos a barraca do espanhol e sua gorda mulher após cumprimentos, verificamos toda a barraca que na verdade era um trailer muito bem montado, pedimos coca-cola, pão e o frango assado picado em pedaços como comíamos aqui no Brasil, o espanhol nos disse que não picaria o frango como queríamos. Então meu amigo André pediu licença e entrou pegando a faca e passou a ensinar o galego como cortávamos o frango no Brasil. Picamos dois grandes frangos, embrulhamos, pagamos e juntando tudo, partimos para o veículo retornando a estrada. Após trinta minutos avistamos uma pequena igreja na parte alta da estrada e várias barracas em volta, estava tendo uma festa naquele fim de semana, paramos o carro ao lado da pequena igreja e ali montamos um piquenique que jamais esquecerei o frango, coca-cola e pão. Naquele dia viajamos muitos quilômetros, perto de mil. Passamos por praias, serras e até nos perdemos por volta das 22 horas em uma estrada alternativa que seguimos pelo mapa, por horas ela deu em nada, quando avistamos uma pequena cidade ficamos aliviados.
Não me recordo a hora que chegamos a nossa casa, mas me lembro que ainda havia pedaços de frango no banco de trás do carro. Aquela comida matou a nossa fome e a saudade do Brasil naquele fim de semana.

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